Ilha das Cobras: Onde fica a pequena e proibida ilha brasileira tomada por 15 mil serpentes


Por Redação GMC Online

A Ilha da Queimada Grande, localizada a cerca de 35 km da costa de Itanhaém, São Paulo, é mundialmente conhecida como a “Ilha das Cobras”. Com aproximadamente 43 hectares, essa ilha, que já foi palco de diversas expedições científicas, abriga uma das maiores concentrações de serpentes venenosas do mundo. Estima-se que cerca de 15 mil jararacas-ilhoas (Bothrops insularis) habitem o local, sendo que o acesso público é proibido para o público em geral.

Foto: Reprodução/Pesca com Bill

Cobras evoluíram e têm veneno 20 vezes mais potente

Devido ao isolamento da ilha, que teria se separado do continente há cerca de 10 a 11 mil anos, a jararaca-ilhoa desenvolveu características únicas, diferenciando-se das jararacas continentais (Bothrops jararaca). As adaptações incluem uma coloração amarelada e um tamanho ligeiramente menor, variando entre 0,5 e 1 metro. Entretanto, o Instituto Butantan aponta que essa espécie pode atingir até 2 metros de comprimento.

Para se alimentar, a jararaca-ilhoa adapta-se à escassez de presas terrestres na ilha e caça principalmente aves migratórias que pousam no local. Sua habilidade de viver em árvores — uma característica exclusiva entre as cobras brasileiras — permite que ela alcance essas presas facilmente. Além disso, o veneno da jararaca-ilhoa evoluiu para ser altamente potente, sendo estimado em até 20 vezes mais tóxico do que o veneno de jararacas comuns. Em casos de picadas em humanos, o veneno pode ser letal em até seis horas, destacando a eficácia dessa adaptação para capturar suas presas.

Foto: João Marcos Rosa/Arquivo/Ministério do Meio Ambiente

História e conservação da Ilha da Queimada Grande

A história da Ilha da Queimada Grande remonta a 1532, quando foi mencionada durante a expedição do militar português Martim Afonso de Souza. No final do século 19, a Marinha do Brasil instalou um farol na ilha para auxiliar a navegação, que era mantido por faroleiros que residiam temporariamente ali, enfrentando o perigo das cobras venenosas. Durante esse período, o governo realizou várias queimadas na tentativa de reduzir a população de serpentes, o que deu origem ao nome “Queimada Grande”. Com a automatização do farol na década de 1920, o local foi abandonado, e desde 1985 é protegido como Unidade de Conservação Federal.

Foto: Otavio Augusto Vuolo/Instituto Butantan e Comunicação Butantan

Pesquisadores do Instituto Butantan estudam a jararaca-ilhoa desde 1911, com o objetivo de desvendar os mistérios biológicos e farmacológicos dessa serpente única. Esses estudos exploram a possibilidade de uso do veneno em aplicações medicinais, dada sua alta potência e especificidade. Além da jararaca-ilhoa, a ilha também abriga a jararaca-dormideira (Dipsas mikanii), que contribui para a biodiversidade do local.

A Ilha da Queimada Grande é considerada uma das áreas com maior densidade de cobras por metro quadrado no mundo, sendo comparável apenas à Ilha de Shedao, na China. Contudo, a ilha paulista possui a maior densidade populacional de uma única espécie de serpente.

Com informações do Metrópoles, parceiro do GMC Online

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