Infarto entre jovens dispara no Brasil; cardiologista explica as causas
O que antes era uma preocupação quase exclusiva da terceira idade, agora acende um alerta entre jovens adultos: cada vez mais pessoas de até 40 anos têm sofrido ataques cardíacos.

- Entre no canal do GMC Online no Instagram
- Acompanhe o GMC Online no Instagram
- Clique aqui e receba as nossas notícias pelo WhatsApp.
Nas últimas duas décadas, o Ministério da Saúde registrou um aumento de 150% nas internações por infarto nessa faixa etária. Apenas entre 2022 e 2024, foram mais de 234 mil atendimentos relacionados a essa condição em indivíduos dessa idade.
Para o cardiologista e professor do curso de Medicina do Centro Universitário Integrado de Campo Mourão (PR), Ricardo Alves Correa, esse fenômeno está diretamente ligado às mudanças no estilo de vida. “Vivemos em um ritmo mais intenso e estressante. Isso favorece a má alimentação, reduz o tempo para atividade física e aumenta o consumo de substâncias nocivas como cigarro e álcool”, explica.
Segundo o médico, a combinação desses fatores expõe cada vez mais cedo as artérias coronárias ao desenvolvimento de placas de ateroma, que são depósitos de gordura, colesterol e outras substâncias nas paredes dos vasos sanguíneos. Essas alterações silenciosas podem evoluir para um infarto grave.
Fatores de risco
Os fatores de risco que levam ao infarto são classificados em dois grupos: os não modificáveis, como idade e histórico familiar, e os modificáveis, fortemente relacionados ao estilo de vida. Entre os mais jovens, dois deles se destacam: o tabagismo e o diabetes.
“Isoladamente ou associados, eles estão entre os principais responsáveis pelo infarto nessa faixa etária. Obesidade, sedentarismo e hipertensão também contribuem para a antecipação dos problemas cardíacos. Em comum, todos esses fatores favorecem a formação da placa de ateroma, que é o primeiro passo da doença coronariana”, afirma o doutor Ricardo.
Sintomas não podem ser ignorados
Ao contrário do que se imagina, o infarto em pessoas jovens não costuma ser “mais leve”. Os sinais são semelhantes aos observados em adultos com mais idade. “O principal sintoma é a dor no peito, geralmente descrita como aperto, peso ou opressão. Náuseas, palpitações e falta de ar também podem surgir”, detalha o cardiologista.
A atenção deve ser redobrada quando o desconforto aparece após esforço físico ou momentos de forte estresse emocional. “O infarto não vem ‘do nada’, como muitos imaginam. Por isso, qualquer dor torácica deve ser investigada”, reforça o médico.
Como evitar o infarto?
Em grande parte dos casos, o risco de eventos cardíacos pode ser reduzido com mudanças consistentes no estilo de vida.
Manter uma alimentação equilibrada, praticar atividade física regular, controlar o peso, monitorar pressão arterial, colesterol e glicemia e abandonar o tabagismo são ações fundamentais. “O controle dessas comorbidades, aliado à interrupção de vícios, reduz significativamente as chances de um infarto”, explica Correa.
O médico ainda reforça os cuidados para quem tem casos na família. “Homens antes dos 55 anos e mulheres antes dos 60 anos precisam de atenção especial. Esse grupo deve ter uma estratégia preventiva mais rigorosa, com acompanhamento regular e realização de exames adequados”, orienta.
