Mãe deixa filho deficiente em clínica: ‘não o amo, pois não há nada para amar’
Uma mãe solo repercutiu na internet após confessar, em um relato no fórum Reddit, que decidiu internar seu filho em uma clínica residencial. Ela, que cria sozinha dois filhos — um de 7 e outro de 12 anos — desde a morte do marido em um acidente de trabalho, desabafou sobre as dificuldades que enfrenta. Tanto, que ela revelou suspeitar que o marido, na verdade, tenha tirado a própria vida devido à dificuldade em lidar com o filho “extremamente deficiente”.
“Quando eu estava grávida, nos disseram que ele teria síndrome de Down”, relatou. “Acontece que ele tem uma exclusão cromossômica. O distúrbio é meio raro, então, não vou especificar, mas basta dizer que ele nunca vai além do que é agora ou que já foi. Ele não parece ter consciência e nunca teve. Seus olhos estão fixos em uma posição, ele não responde ao ruído, ao toque ou à dor”, relatou.
A mãe, então, descreveu o estado do filho: “Ele precisa de cuidados para tudo e não é capaz de nada, ele é alimentado por sonda e com oxigênio, usa fraldas e usará para sempre. Ele não faz nenhum som e não tenta se comunicar. Nunca chorou de verdade quando era bebê. Ele nunca fez tentativa de interagir com ninguém ou com seu ambiente”.
“Não estou chateada porque tenho uma criança com necessidades especiais ou ‘imperfeita’. Eu me sinto assim porque ele ocupa 200% do meu tempo e não faz nada”, desabafou. Ela explicou que era a única responsável por todas as necessidades do filho, que envolvem “crises respiratórias, problemas com o tubo de gastrostomia, infecções e úlceras de pressão”.
Filho mais velho ficou “abandonado”
Ela também notou que estava começando a negligenciar o filho mais velho, de 12 anos, devido à demanda exaustiva de cuidados com o filho mais novo. “Eu não o amo. Ele não tem personalidade, não há nada para amar”, admitiu. “Nosso filho mais velho sofreu porque seu irmão ‘inexistente’ influenciou tudo em sua vida”, acrescentou. “Ele teve os próprios cuidados médicos atrasados porque só sou eu para tudo e o irmão dele está em uma situação mais crítica. Temos uma enfermeira que nos visita em casa, mas apenas 20 horas por semana e não temos direito a mais do que isso”, afirmou. “Meu filho mais velho não consegue fazer muitas coisas que deseja por causa da necessidade de cuidados e consultas do mais novo”, pontuou.
O dia que a mãe decidiu que era hora de internar o filho deficiente
A decisão da mãe de internar o filho deficiente, que é mais novo foi motivada, de acordo com ela, por um episódio que ela considerou a “gota d’água”. Ela ouviu o filho de 12 anos desabafando com o irmão mais novo, acusando-o de “roubar” sua mãe. “Ouvi um som. Entrei no quarto do meu filho mais novo para verificar, e vi meu filho mais velho batendo nele e gritando: ‘É por sua causa que não tenho mãe! É por isso que não tenho pai! Por este motivo que não posso receber amigos! É por você que não posso praticar esportes. Não pedi por você!”, relatou.
“Em vez de ficar horrorizada, eu assisti tudo. E meu filho mais novo simplesmente não reagiu. Nenhum sinal de dor, medo ou chateação. Nenhuma reação. Ele respira, mas é como se não estivesse vivo. Ele não sabe quem eu sou e não sabe quem é seu irmão. Enfim, ele não tem noção de si mesmo, experiência de vida ou consciência do que o rodeia”, explicou. Assim, ela decidiu encaminhá-lo para uma instalação residencial onde profissionais especializados pudessem cuidar dele.
‘É meu filho, mas não faz parte da família’
“Ele não sabe e nem se importa com onde está. Ele é geneticamente meu filho, mas não é da família. Meu gato, que já sofreu abusos e tem danos cerebrais que fazem com que ele não consiga andar direito, tem mais personalidade e é muito mais adorável do que meu ‘filho’. Na verdade, eu estava ansiosa para criar um bebê com Down ou mesmo uma criança com deficiências graves, porque sei que podem ser verdadeiros presentes. Mas, mesmo que ele tenha alguma consciência, ele está infeliz. Ele tem gostos e desgostos, e ninguém sabe o que são. Se ele está com dor, ele não pode contar a ninguém. Se ele quer alguma coisa, ele não consegue se comunicar”, relatou a mãe, emocionada.
“Ele atrapalha a vida do meu filho mais velho. Eu estava tão envolvida com o mais novo que nunca percebi o quão ignorado e prejudicado ele foi. Ele também perdeu o pai e éminha prioridade agora. Enfim, ele vai ser cuidado por outras pessoas e, pelo menos, elas receberão um salário para isso. Pelo menos elas terão uma folga dele quando saírem”, afirmou. “Eu não me arrependo de fazer isso, me desculpem”, concluiu.
O relato repercutiu e gerou diferentes opiniões, no entanto, grande parte dos comentários foi de apoio à decisão da mãe em internar o filho deficiente.