Moradora de Maringá vai resgatar ‘dinheiro esquecido’ e descobre que tem 1 centavo: ‘eu tinha planos’

Em janeiro deste ano, o Banco Central (BC) disponibilizou o serviço “Valores a Receber”, que permite que cidadãos e empresas consultem se têm algum “dinheiro esquecido” em contas bancárias encerradas e demais entidades do sistema financeiro. No início, o excesso de demanda chegou a derrubar o site do Banco Central.
Segundo o BC, até o momento, cerca de 114 milhões de pessoas e 2,7 milhões de empresas acessaram o sistema de consultas criado para o resgate do dinheiro. Desse total, 27,5 milhões de pessoas físicas e cerca de 270 mil empresas descobriram que têm recursos a receber. A maior parte dos recursos esquecidos, no entanto, é de pequeno valor. De acordo com levantamento do BC, saldos de até R$ 1 correspondem a 42,7% dos casos e montantes de até R$ 10 concentram 69,8% do total.
A moradora de Maringá, Juliana Bonfim Paschoal, de 38 anos, está desempregada e vislumbrou a possibilidade de renovar a casa com o “dinheiro esquecido”. “Quando temos algum valor a receber a gente imagina que possa ser um valor alto. Eu não sabia que valor era esse, então pensei ‘opa grana extra, vou trocar alguns móveis de casa”, conta.
Tudo começou quando o irmão de Juliana mandou um link no grupo de WhatsApp da família para que todos pudessem verificar se tinham dinheiro a receber. Juliana foi a única que encontrou a notícia de que tinha algo para resgatar. “Minha família até brincou dizendo ‘como assim, você tá desempregada, nem está trabalhando e tem valor esquecido no banco”. Em fevereiro, ela viu que tinha um valor a receber, mas só descobriria qual seria esse valor em março. “Fiquei muito ansiosa e até fiz planos com o dinheiro”, conta.
No tão esperado dia de consultar quanto iria resgatar, Juliana viu que não seria possível concretizar o plano de trocar os móveis de casa. Ela tinha somente um centavo esquecido no banco, valor referente a uma conta salário. Questionada se ficou surpresa, ela responde: “E como! Tem que rir pra não chorar”, brinca.

Apesar do valor baixo, ela optou por inserir os dados para o resgate.
“Passei minha chave pix, mas até agora não recebi meu R$ 0,01. Se eles me fizeram consultar um saldo de 1 centavo, agora quero receber o que é meu”.
A professora e também moradora de Maringá, Kiara Juliana Benevento, 38, descobriu que teria um valor um pouco maior para resgatar: 47 centavos. Mas, ao contrário de Juliana, a indignação fez com que resolvesse não sacar o dinheiro. “Não fiz questão de resgatar, achei um ‘abuso’ a forma como foi anunciado, fazendo as pessoas aguardarem o dia e hora certa pra pesquisar, seguir todos os passos e regras, se cadastrar na conta gov.br e tudo mais, para descobrir que tinha direito a centavos”, desabafa.
Apesar de não ter ideia do valor que teria disponível para resgatar, Kiara fez a consulta pensando até em comprar algo para o bebê que está esperando.
“Estou fazendo o enxoval do meu bebê. Se fosse um valor maior compraria algo para o bebê, nem que fosse um macacão, uma fralda ou um móvel se fosse um valor maior. Mas com R$ 0,47 não dá nem pro sabonete. Devido toda divulgação do governo na mídia e todo suspense acreditei que tivesse um valor maior. O sentimento é de indignação, frustração e enganação pela forma que foi feito”.
Novo ciclo
No dia 28 de março teve início um novo ciclo de resgate no Sistema de Valores a Receber (SVR), que será encerrado neste sábado, 16. A partir deste domingo, 17, até o dia 1º de maio, haverá uma reformulação do sistema e já no dia 2 não haverá mais necessidade de agendamento e o resgate de recursos poderá ser solicitado logo na primeira consulta. A segunda fase do programa incluirá as seguintes fontes de recursos:
• cobranças indevidas de tarifas ou obrigações de crédito não previstas em termo de compromisso;
• contas de pagamento pré-paga e pós-paga encerradas e com saldo disponível;
• contas encerradas em corretoras e distribuidoras de títulos e de valores mobiliários;
• demais situações que resultem em valores a serem devolvidos, reconhecidas pelas instituições financeiras.
Uma atualização no sistema também poderá resultar em novos valores a receber depois de maio O sistema contará com informações novas repassadas pelas instituições financeiras. Ou seja, mesmo quem já resgatou seus recursos e quem não tinha valores a receber na primeira etapa deve consultar novamente o sistema, pois os dados serão atualizados e pode haver recurso novo.
Na fase que se encerra neste sábado estão sendo liberados os seguintes tipos de saldos residuais esquecidos pelos correntistas: contas correntes ou poupanças encerradas e não sacadas; cobranças indevidas de tarifas ou de obrigações de crédito previstas em termo de compromisso assinado com o BC; cotas de capital e rateio de sobras líquidas de associados de cooperativas de crédito; grupos de consórcio extintos.
As pessoas nascidas de 1984 em diante e empresas abertas nesse período que perderam o prazo terão nova chance neste sábado. e das 4h às 23h59 poderão participar de uma repescagem no site para agendar a retirada.
Para para saber se você ou sua empresa têm valores a receber do Sistema Financeiro, clique aqui.
Com informações da Agência Brasil.