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14 de dezembro de 2025

Moradores de Higienópolis fazem ato contra obra de prédio ao lado de casarão tombado


Por Agência Estado Publicado 02/08/2025 às 21h22
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Moradores e associações de São Paulo fizeram um “café-manifestação” contrário à obra de um empreendimento de alto padrão no entorno de um casarão tombado em Higienópolis na manhã deste sábado, 2. A incorporadora Helbor vai construir prédios de cerca de 20 pavimentos em área junto à antiga residência da família Rodrigues Alves, conhecida por ter sido endereço do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) durante a ditadura militar.

O ato ocorreu como parte de um “encontro-manifestação” marcado pelo Coletivo Pró-Higienópolis e a Associação de Proprietários, Protetores e Usuários de Imóveis Tombados (APPIT), além de outras entidades. O grupo tem criticado que a nova construção ficaria a cinco metros de distância do casarão, “ocupando quase toda a área de seu antigo jardim”. Também fala na necessidade de rever o regramento do tombamento do espaço.

O empreendimento de alto padrão preservou e manterá o casarão tombado, como ocorre em outras obras do tipo, a exemplo do Shopping Higienópolis. Em nota, a Helbor destaca que o projeto é desenvolvido “com total respeito à legislação vigente, em conformidade com o Plano Diretor da cidade”.

A incorporadora também ressaltou ter obtido autorização do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), ligado à Prefeitura e que delibera sobre intervenções em bens tombados na esfera municipal.

“O imóvel, que esteve abandonado por anos, foi revitalizado e agora será reintegrado à vida do bairro, oferecendo um novo espaço qualificado para os moradores e visitantes”, completou. É localizado na esquina das Ruas Piauí e Itacolomi.

Nas últimas décadas, o imóvel teve o destino discutido várias vezes. Em 1990, por exemplo, foi vendido para uma construtora, o que acabou barrado na Justiça. Depois, chegou a ser discutida uma transformação em museu, o que atraiu interesse da Polícia Militar.

Em 2015, por sua vez, foi publicada uma lei que o incluiu em lista de imóveis repassados à Prefeitura para abater dívidas – que seriam destinados à moradia popular. O plano não foi adiante, contudo.

Empreendimento terá apartamentos de alto padrão

Ao todo, a Helbor tem dois empreendimentos previstos para o entorno do casarão. O principal é o Casa Piauí Higienópolis, com 40 apartamentos, de 245 m² e 251 m², com quatro suítes, além de três a quatro vagas de garagem. Na divulgação, é chamado de “alto padrão” e “exclusivo”.

O casarão deverá ser preservado. A incorporadora é a mesma do caso da travessa pública que deve ser vendida pela Prefeitura de São Paulo, como mostrou o Estadão.

Os manifestantes afirmam ter reunido 200 pessoas no ato deste sábado. Eles preferem utilizar o termo “café-manifestação” em vez de protesto, pois se inspiraram em “coffee parties” realizadas no exterior, com o objetivo de discutir o futuro de Higienópolis.

Qual é a história do casarão?

O antigo casarão foi leiloado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em 2018, por R$ 26 milhões. O valor foi quase 75% a mais do que o lance inicial. Esteve fechado por cerca de duas décadas.

O imóvel foi residência da família do ex-presidente brasileiro Rodrigues Alves. Além disso, entre os anos 1960 e 2000, foi endereço da Polícia Federal, por onde passaram de contrabandistas a opositores da ditadura militar.

É conhecido por ter sido sede do Dops. Também foi carceragem de um dos líderes da Camorra, Francesco Toscanino, e do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto (o Lalau) – condenado por desvios na Justiça do Trabalho.

O casarão centenário é de estilo art nouveau. É tombado desde 2012 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) por ser um “exemplar de moradia abastada do início do século 20”.

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