A fábrica de materiais de isolamento térmico e acústico da Isover, empresa do Grupo Saint-Gobain, encerrará as atividades industriais em Santo Amaro, na zona Sul de São Paulo, até 31 de julho de 2026. A decisão foi formalizada em acordo com o Ministério Público e a Companhia Ambiental do Estado.
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Segundo o Estadão, o Grupo Isover confirmou a assinatura do termo e o encerramento da produção dentro do prazo estabelecido. A empresa, produtora de lã de vidro, conta com mais de 9 mil colaboradores em 39 países e mantém 60 fábricas em 28 nações.
No Brasil, o fechamento da unidade deve afetar mais de 100 famílias de funcionários diretos, além de milhares de trabalhadores indiretos.
Por que a fábrica encerrará as atividades?
O encerramento ocorre após anos de reclamações de moradores da região e denúncias envolvendo episódios de poluição atmosférica, com relatos de forte odor e emissão de fumaça densa provenientes da unidade da Saint-Gobain. Entre os impactos à saúde apontados pela população estão
- Dificuldade para respirar;
- Ressecamento e irritação da pele;
- Ardência nos olhos;
- Incômodo causado por ruídos constantes, especialmente no período noturno.
De acordo com o TAC (Termo de Ajuste de Conduta), firmado em 22 de dezembro, a produção de lã de vidro deverá ser encerrada até 4 de julho de 2026. Já o funcionamento do forno de fusão de vidro — principal fonte das emissões — será interrompido até 31 de julho do mesmo ano.
A unidade deixará de ter atividade industrial e passará a funcionar exclusivamente como centro de distribuição dos materiais produzidos pela empresa.
Os produtos são utilizados em setores como construção civil, indústria automotiva, agronegócio e infraestrutura de data centers.
Para a vereadora Renata Falzoni (PSB), uma das principais articuladoras do processo, a decisão representa um avanço relevante.
mobilização ganhou força em março de 2023, quando moradores protocolaram uma petição junto à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo pedindo a suspensão das emissões poluentes. A partir da denúncia, o Ministério Público passou a investigar a atuação da empresa.
Nos últimos dez meses, foram realizadas audiências públicas e reuniões com órgãos municipais e estaduais.
Em uma dessas audiências, moradores relataram que a indústria operava de forma contínua, inclusive durante a madrugada, liberando fumaça densa e mau cheiro pela chaminé. Nos últimos dois anos, a Companhia Ambiental aplicou multas e advertências à empresa por emissão irregular de odores e ruídos.
O que diz a Isover, empresa do Grupo Saint-Gobain
Em nota enviada ao Estadão, o Grupo Isover afirmou que opera no local há mais de 70 anos “em conformidade com a legislação e atendendo aos critérios de sustentabilidade e segurança da saúde humana estabelecidos por entidades nacionais e internacionais”.
A empresa informou ainda que implementou um Plano de Melhoria Ambiental, com investimentos em:
- Isolamento acústico;
- Tecnologias para reduzir a emissão de vapor de água;
- Programas de comunicação com a comunidade local.
Segundo a companhia, o período de seis meses previsto no acordo será utilizado para mitigar os impactos sociais da desativação.
Até o encerramento definitivo das atividades, o TAC determina que a empresa faça a gestão adequada das áreas contaminadas, incluindo o tratamento e a destinação correta dos resíduos existentes. O futuro da área ainda será discutido entre as autoridades e a comunidade.
Com informações do ND+