A decisão de alguns pais de colocar os próprios filhos para adoção, relatada em plataformas online, gerou forte comoção e indignação nas redes sociais. Em dois relatos distintos publicados no Reddit, casais descreveram suas experiências e as razões para considerarem essa medida, envolvendo situações complexas e emocionalmente desafiadoras.
Mãe diz que quer colocar filha com autismo para adoção: ‘não é ninguém para mim
No primeiro caso, uma mãe, que preferiu não se identificar, desabafou sobre o desejo de colocar sua filha de oito anos, diagnosticada com autismo severo e transtorno de personalidade evitativa, para adoção. Segundo o relato, a criança, desde pequena, demonstrava comportamentos que desafiaram as expectativas familiares. Com o agravamento dos sintomas, incluindo ansiedade extrema, reações agressivas e episódios de pânico, a convivência familiar tornou-se insustentável.
“Ela também tem extrema ansiedade de separação, pode machucar seus colegas sem motivo e, em geral, é uma pessoa muito difícil de se conviver”, relatou a mãe. A pressão desses desafios, segundo ela, comprometeu o casamento, já que a filha demonstra irritação e ansiedade sempre que o casal tenta passar algum tempo a sós. “Não podemos nem ir a um jantar de aniversário sem que ela tenha um ataque de pânico e comece a espumar pela boca. Parece que ela faz isso de propósito.”
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Mesmo após diversas tentativas de intervenção médica e psicológica, a família sente que a situação continua insustentável. Em um trecho do relato que causou repulsa em muitos leitores, a mãe expressa arrependimento por ter a filha e admite que, apesar de cumprir seu papel de mãe, não nutre amor por ela. “No começo, tive paciência porque esperava que, assim que ela fizesse 18 anos, não a abrigássemos mais”, escreveu, em um desabafo que gerou reações intensas de crítica nas redes sociais.
Ao final do relato, a mãe menciona que procura por instituições de adoção, acreditando que essa é a única saída para retomar sua vida. No final da publicação, a mulher disse que tem procurado casas de adoção para conseguir ter sua vida de volta. “Eu choro todas as noites no banheiro. Meu marido sabe que estou deprimida. É impossível cuidar dela, criá-la e amá-la. Sinto-me uma péssima mãe porque sinto que ela é a pessoa mais cruel que já conheci.”
Ela, então, finalizou: “Eu não estou tentando fazer dela o problema de ninguém, só estou esperando que ninguém nunca tenha que fazer dela o problema deles. Todo mundo vai querer me matar por isso, mas eu realmente não quero nenhum relacionamento com minha filha. Não estou ‘lutando’ por essa menininha, porque absolutamente não quero. Ela não é ninguém para mim.”
Pai diz que bebê de 3 anos ‘não combina com a família’
O segundo caso envolve um casal que decidiu entregar a filha de apenas três meses para adoção por considerar que ela “não combinava” com a dinâmica familiar. O pai compartilhou o relato, explicando que, após a volta de sua esposa ao trabalho, a bebê, Elizabeth, ficou sob os cuidados da avó. No entanto, ele percebeu que a mãe da criança, Catherine, não demonstrava apego e não se dedicava a confortar a filha em situações de choro ou desconforto.
Com saudades da vida antes da chegada da filha e incapazes de estabelecer uma conexão com a bebê, o casal tomou a decisão de colocá-la para adoção. “Catherine realmente não liga para ela. Mesmo que ela esteja chorando, a menos que seja por um motivo real, como estar com fome ou molhada, Catherine não faz nada para acalmá-la”, relatou o pai, surpreendendo os leitores.
“Eu consigo me lembrar da vida sem minha filha, mas tenho dificuldade de imaginar a vida sem minha esposa. Amo minha filha, não me entenda mal, e colocá-la para adoção não seria fácil. Mas mantê-la está deixando minha esposa infeliz – e isso está nos afetando”, completou.
Após refletirem sobre o impacto que a situação estava causando em suas vidas, o casal optou por colocar Elizabeth para adoção, explicando que não dispunham de tempo para oferecer os cuidados adequados. A avó da criança, que já desempenhava um papel crucial nos cuidados, manifestou oposição à decisão e se ofereceu para adotar a própria neta.
Reações nas redes sociais
Os relatos causaram uma onda de indignação e comoção on-line. Muitos usuários questionaram a falta de empatia e o desamparo que as crianças poderiam estar sentindo. Psicólogos e especialistas em comportamento também comentaram os casos, destacando que situações como essas expõem as dificuldades e as pressões da parentalidade, mas também levantam discussões sobre as responsabilidades emocionais e legais dos pais.
Para alguns, a decisão de abrir mão dos filhos em momentos difíceis representa uma desistência que fere os direitos das crianças. Outros veem nas histórias um pedido de socorro de famílias que enfrentam dificuldades extremas, mas que, ainda assim, exigem intervenção e apoio profissional.