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16 de julho de 2024

Participantes de programa de intercâmbio recebem apoio psicológico na região


Por Brenda Caramaschi Publicado 10/07/2024 às 18h27
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O mês de julho está sendo marcado pelo retorno de turmas de estudantes que participaram do programa de intercâmbio Ganhando o Mundo, viabilizado pela Secretaria da Educação do Paraná. Muitos dos estudantes nunca tinham viajado antes para fora do Brasil, nem sem a família. E quando tudo acontece de uma vez, eles passam por uma verdadeira montanha russa de emoções durante o intercâmbio – e também quando ele chega ao fim. 

Núcleo Regional de Educação de Campo Mourão criou um programa que presta apoio psicológico para alunos e familiares
Núcleo Regional de Educação de Campo Mourão criou um programa que presta apoio psicológico para alunos e familiares

Pensando nisso, a equipe do Núcleo Regional de Educação de Campo Mourão criou um programa que presta apoio psicológico para alunos e familiares chamado “Conte comigo em qualquer latitude”. Nas duas edições anteriores, em virtude do número reduzido de estudantes (13 ao todo), o programa trabalhou com apenas um profissional, o psicólogo Frank Duarte, que conduziu as temáticas propostas, com sessões de psicoterapia online e em grupo com os estudantes intercambistas para ajudar a organizar os focos necessários para que tudo corresse bem durante a viagem. 

 “Na primeira rodada do projeto demos o suporte enquanto eles estavam fora no intercâmbio e um pequeno suporte quando eles retornaram. Já com a segunda turma, que aumentou significamente o número de participantes, vimos a necessidade de dar um suporte maior no retorno porque os pais não sabiam como acolher e os professores tinham dificuldades em entender que eles não estavam lá só de passeio, mas também aprendendo e tendo seus sofrimentos”, relata.  

O resultado do projeto é visível quando se ouve alunos, pais e a comunidade escolar. “Eles sentem-se acolhidos. Nós trabalhamos o planejamento, a ansiedade, o medo, as frustrações, as adaptações às mudanças, à você sair de uma família e fazer parte da outra… Para a família que fica, você estava de férias. Nós tivemos participantes que moravam no sítio, limpavam a casa, e foram para uma casa no intercâmbio que tinha máquina de lavar louça. E quando voltam, não tem mais a máquina. E para os pais também é difícil entender. Nós buscamos apoiar os adolescentes, mas também os pais, para saberem de que forma será a dinâmica de adaptação no retorno”, exemplifica o psicólogo. 

Os desafios psicológicos do intercâmbio

Desta vez, foram selecionados 35 estudantes de escolas nos 13 dos 16 municípios atendidos pelo NRE convocados para cinco países: Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Estados Unidos e Inglaterra. Sara Romeiro, idealizadora do projeto e técnica pedagógica do Ganhando o Mundo no Núcleo explica que agora mais profissionais estão prestando esse apoio aos intercambistas e aos familiares de maneira voluntária. Ela fez intercâmbio aos 30 anos para o Peru e o irmão dela também é ex-intercambista, que viajou por um programa do Rotary, por isso sabe bem a importância desse acompanhamento psicológico. “É uma alegria por ir e um medo de deixar a família, uma vontade de voltar e ao mesmo tempo pensar que eu nunca mais vou vivenciar aquela experiência”, exemplifica. Os psicólogos que participam do projeto fizeram o acompanhamento desde antes da viagem acontecer, durante a estadia e seguirão o trabalho agora na volta. 

“Eles vão adquirindo uma inteligência emocional para saberem lidar com as situações. Eles ampliaram a questão da clareza e da noção de como gerenciar as emoções e lidar com a ansiedade”, explica Sara. Estar preparado também faz muita diferença.  “Desde a primeira reunião com os alunos digo: comecem a estudar inglês. Já fiz parcerias com professores amigos meus que fizeram pacotes especiais para os alunos do núcleo de Campo Mourão terem acesso a cursos de línguas”, revela. 

Com a proximidade da viagem de quem vai embarcar, são trabalhadas questões relacionadas aos sentimentos e problemas que possam surgir ao longo da  experiência. E para quem está voltando, o foco é a felicidade de rever a família e a tristeza de deixar para trás um momento tão especial na vida de cada um e os pais, familiares e amigos têm papel essencial nesse processo para contornar a ansiedade envolvida nesse período. É o que explica Pâmela Moraes Chiqueto, uma das psicólogas voluntárias do projeto. 

“Foi para auxiliar para que eles pudessem navegar por todas essas transições e aproveitar ao máximo essa experiência. Acompanhamos todas as dificuldades, celebramos as conquistas, trabalhamos para desenvolver novas habilidades, a resiliência, a adaptação deles a esse novo ambiente, a uma cultura totalmente diferente… É um choque de realidade que, sem o suporte, ficaria um pouco complexo manejar”. 

Novos sentimentos e choque psicológico

Maria Clara Mares, 16,  diz que a ansiedade chegou logo que ela se deu conta que havia sido selecionada para ir à Nova Zelândia. “O coração ficou acelerado e pensei: nossa, como vou lidar com o inglês a 12 mil quilômetros da minha casa, da minha família?”, relembra. “Desde o começo nossos psicólogos nos ajudaram a lidar com esses novos sentimentos. Foi muito importante contar como eu estava me sentindo. Receber de volta esse apoio foi excepcional para mim”, conta Maria. 

Maria Clara mora em Campo Mourão e fez intercâmbio na Nova Zelândia pelo Ganhando o Mundo
Maria Clara mora em Campo Mourão e fez intercâmbio na Nova Zelândia pelo Ganhando o Mundo

Amanda Garbusz, 17, mora em Nova Cantu, município com pouco mais de 5 mil habitantes. Ela  foi para a Austrália e acabou de chegar de viagem. O retorno ao Brasil foi no domingo,7. As principais dificuldades no início do intercâmbio foram as questões de adaptação. “É um choque psicológico quando você se dá conta que está em outro lugar, que fala outra língua, que não é a sua nativa. A psicóloga me ajudou nisso porque eu me cobrava muito em relação ao inglês. Acho que se eu não tivesse esse suporte eu entraria em pânico”, conta. A preparação para a volta ao Brasil também foi trabalhada durante os encontros. “Foi muito importante essa atenção para a saúde mental dos intercambistas porque eu tinha amigos de outros núcleos regionais de educação que não tinham esse suporte e eu via o quanto isso seria necessário para eles também. Para eles era mais difícil lidar com a saudade, por exemplo”, explica Amanda. 

Amanda Garbusz saiu de Nova Cantu para um intercâmbio na Austrália. "É um choque psicológico", diz.
Amanda Garbusz saiu de Nova Cantu para um intercâmbio na Austrália. “É um choque psicológico”, diz.

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