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22 de novembro de 2024

Pesquisa encontra agrotóxicos em alimentos ultraprocessados com apelo ao público infantil


Por Agência Estado Publicado 24/05/2024 às 17h28
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O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) divulgou, nessa quarta-feira (22), uma pesquisa que aponta a presença de agrotóxicos em diversos alimentos ultraprocessados encontrados com frequência na mesa dos brasileiros. Foram analisadas amostras de 24 itens produzidos no País. Entre eles, metade continha resíduos de agrotóxicos em sua composição. O resultado é da terceira edição do estudo “Tem Veneno Nesse Pacote”, desenvolvido pela instituição. Neste volume, o destaque foi para os produtos com apelo infantil, como o biscoito maisena, macarrão instantâneo e bebida láctea sabor chocolate.

A pesquisa

O estudo foi feito em laboratório, onde o Idec utilizou um tipo de teste capaz de detectar resíduos de até 563 agrotóxicos diferentes. Com ele, foram analisados ultraprocessados de oito categorias, com foco nos três produtos mais vendidos de cada uma. As seguintes categorias foram alvos da análise:

– Macarrão instantâneo

– Biscoito Maizena

– Presunto cozido

– Bolo pronto sabor chocolate

– Sobremesa petit suisse sabor morango

– Bebida láctea sabor chocolate

– Hambúrguer à base de plantas

– Empanado à base de plantas com sabor de frango.

Resultados

Ao final do estudo, 12 dos 24 produtos observados apresentaram resíduos de agrotóxicos. Deles, os alimentos da categoria “biscoito maisena” apresentaram o maior número de resíduos. Como resultado geral, os campeões em agrotóxicos dessa edição foram:

Em primeiro lugar, com quatro tipos de agrotóxicos diferentes em cada amostra:

– Biscoito maizena Marilan

– Biscoito maizena Triunfo

Empatados, em segundo lugar, com resíduos de três agrotóxicos diferentes:

– Hambúrguer à base de plantas Sadia

– Empanado à base de plantas sabor frango Seara

– Macarrão instantâneo Nissin

– Macarrão instantâneo Renata

– Bolo pronto sabor chocolate Ana Maria

E, na terceira posição, com resquícios de dois agrotóxicos:

– Empanado à base de plantas sabor frango Sadia

Além disso, foi identificada a presença de um tipo de agrotóxico nos seguintes produtos:

– Hambúrguer à base de plantas Fazenda Futuro

– Empanado à base de plantas sabor frango Fazenda Futuro

– Presunto cozido Aurora

– Bolo pronto sabor chocolate Panco

– Bebida láctea sabor chocolate Pirakids

Apenas a categoria “sobremesa petit suisse sabor morango” não apresentou resíduos de agrotóxicos em nenhuma das amostras analisadas – o que não quer dizer que não há contaminação.

Outro destaque do estudo é para a farinha de trigo. Encontrada tanto na crosta dos empanados, quanto no biscoito maisena e macarrão instantâneo, ela é um ingrediente com alta prevalência de contaminação por agrotóxicos, como já havia sido apontado na análise do segundo volume do “Tem Veneno Nesse Pacote”.

Glifosato: o principal agrotóxico

O glifosato foi o agrotóxico que mais apareceu nos testes. Ele estava presente em sete das 24 amostras. Agrotóxico mais vendido no mundo, o glifosato é um herbicida considerado como “provavelmente carcinogênico ou capaz de causar câncer”, de acordo com a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Idec relata que o herbicida já foi proibido em diversos países.

Os produtos à base de plantas

Em comunicado, a nutricionista Laís Amaral, coordenadora do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec, explica que as categorias com produtos à base de plantas foram incluídas no estudo mais recente devido ao avanço dessa indústria, considerada “novidade” por se apresentar como alternativa ao consumo de carne.

O que chama a atenção é que as categorias “plant-based” analisadas – hambúrguer e empanado à base de plantas -, apresentaram resíduos de agrotóxicos. Esse resultado vai na contramão do que sugerem suas propagandas. O Idec alerta que, ainda que sejam vendidos como sustentáveis ou apresentem apelo à saúde, esses produtos ainda são ultraprocessados.

A instituição pondera que isso não significa que o ideal seria escolher hambúrgueres e empanados feitos com proteína animal. Afinal, esses itens também são, na maioria das vezes, ultraprocessados. O recado da instituição é que esse tipo de produto deve sempre ser evitado, seja qual for a sua origem.

Empresas se manifestam

O Estadão procurou as empresas citadas na pesquisa. Em nota, elas apresentaram posicionamento sobre o tema e esclarecimentos a respeito das etapas de produção de seus produtos. Confira:

Sadia

“A BRF grupo o qual pertence a Sadia esclarece que a produção dos produtos citados é devidamente fiscalizada por órgãos competentes, como a Anvisa e o MAPA, que utilizam padrões internacionais de pesquisa para detecção de resíduos de defensivos agrícolas, eventualmente utilizados pelos produtores de insumos. Reiteramos que os níveis apontados pelo IDEC em nossos produtos estão abaixo dos previstos em legislação. A Companhia ressalta que aplica internamente processos rigorosos de qualidade que atendem integralmente à regulamentação da própria Anvisa e do MAPA e são reconhecidos por diversos organismos de controle. A empresa informa, também, que respondeu a todos os questionamentos levantados pelo IDEC”.

Marilan

“O Grupo Marilan é uma empresa comprometida com a qualidade dos seus produtos, atuando sempre em prol da saúde, segurança e bem-estar dos consumidores. Observamos e cumprimos integralmente as normativas vigentes aplicáveis aos alimentos que produzimos, editadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária”

Renata

“A Selmi responsável pela marca Renata possui um sistema de gestão de segurança e de qualidade dos alimentos em todas suas unidades, as quais contam com tecnologia de ponta para a realização de todos os processos necessários ao longo de sua cadeia de produção e distribuição. E, ainda, segue de forma rigorosa o cumprimento da legislação, procedimentos e regulamentos sobre o tema, buscando sempre proporcionar aos seus consumidores produtos de qualidade e seguros.

Informamos ainda que é realizada, de forma permanente e contínua, a análise e monitoramento das farinhas utilizadas em nossa produção, não havendo nenhum registro de qualquer tipo de inconformidade ou de resultados fora dos parâmetros de segurança previstos nas normas. Além disso, todos os fornecedores passam por homologação onde são avaliados requisitos legais, de qualidade e sustentabilidade e avaliação de desempenho.

A Selmi não teve acesso ao estudo do Idec referente ao caso mencionado, o que não permite qualquer comentário a respeito.”

O espaço está aberto para a manifestação das demais empresas citadas no levantamento.

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