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16 de abril de 2024

Proibida no Brasil, venda de cigarro eletrônico é feita na internet


Por Agência Estado Publicado 19/09/2019 às 16h10 Atualizado 24/02/2023 às 07h25
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Proibida no Brasil, a venda de cigarro eletrônico – ou vape – ocorre sem controle na internet e no comércio popular das grandes cidades do País. Desde 2017, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a retirada de 727 anúncios online do produto. Esse cigarro, comum na Europa e nos Estados Unidos, virou alvo de autoridades de saúde americanas após o registro de sete mortes que podem estar ligadas ao seu uso. A Anvisa tem feito uma série de audiências públicas para coletar informações sobre riscos e definir se mantém o veto.

O dispositivo funciona como vaporizador. O cartucho armazena nicotina líquida, água, aromatizantes e substâncias químicas, como glicerina e propilenoglicol, que conduzem a nicotina até o pulmão do usuário. O cigarro eletrônico ganhou espaço no mercado estrangeiro ao ser apresentado ao público, pelos fabricantes, como opção menos tóxica do que o produto convencional – especialistas dizem que isso não é verdade.

“O eletrônico também causa dependência. Preocupa existirem milhares de sabores catalogados, o que atrai muitos jovens”, diz Alberto Araújo, pneumologista e presidente da Comissão de Combate ao Tabagismo da Associação Médica Brasileira (AMB). No Brasil, venda, importação e propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar – cigarros, e-cigarettes, e-ciggy e ecigar – são vedadas desde 2009, conforme resolução da Anvisa. Mas a venda ilegal é feita em sites, redes sociais e lojas físicas, principalmente no comércio popular.

No Brasil, um dos sites oferece a marca Juul – uma das mais vendidas nos Estados Unidos – por R$ 459, e o valor pode ser parcelado no cartão de crédito. Em outro portal, o anunciante apresenta vários kits: para fumantes iniciantes e avançados. Os preços ultrapassam R$ 650.

Os dois sites indicam um número de WhatsApp. Assim que a mensagem é mandada, são enviadas informações sobre as opções e um atendente inicia a conversa, passando orientações. A entrega em São Paulo pode ser feita no mesmo dia.

A reportagem optou por omitir os nomes dos sites e procurou as empresas, mas até a noite desta quarta-feira (18) não obteve resposta. A Anvisa também atua com as polícias e a Receita para identificar produtos ilegais.

Entre jovens

Segundo Araújo, estudos nacionais já mostraram que, em 2015, 0,38% dos brasileiros entre 12 e 24 anos usaram cigarro eletrônico. “Os antigos dispositivos imitavam cigarros e eram descartáveis, mas agora já há em formato de lápis, batom, caneta e até pen drive. Jovens fazem misturas e usam quantidades perigosas, que ficam tóxicas quando misturadas com óleo e acetato de vitamina E. Colocam nicotina e Cannabis (a planta da maconha)”, alerta. Um cartucho equivale, em média, a 15 cigarros comuns.

“A nicotina é rapidamente absorvida e os jovens sofrem abstinência severa.” O acetato de vitamina E não é recomendado para ser inalado. Ao entrar no sistema de vaporização, ele carrega gordura para o pulmão, podendo causar pneumonia rara.

Essa é a suspeita do que pode ter ocorrido com os jovens mortos nos Estados Unidos. Segundo o jornal The New York Times, o número de pessoas com doenças pulmonares graves internadas associadas ao dispositivo já passa de 450 e atinge principalmente jovens saudáveis. Conforme a Pesquisa Nacional da Juventude dos EUA, em 2017 mais de 2 milhões de alunos do ensino fundamental e médio eram usuários regulares do cigarro eletrônico. Em 2018, atingiu mais de 3,6 milhões. O presidente Donald Trump estuda banir o cigarro eletrônico.

Miguel Chatkin, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, observa que o fato de não haver número robusto de estudos que demonstrem riscos não significa que seja seguro. “É só comparar com cigarro (comum). Quanto tempo foi necessário para que os malefícios se tornassem públicos e reconhecidos?”. Ele lembra que várias substâncias podem estar no vapor, como óleos, aditivos, pesticidas e até metais pesados.

‘Cigarro eletrônico agravou meu quadro’, diz publicitário

Os registros de uma doença respiratória ainda sem causa definida identificada nos Estados Unidos deflagraram um alerta entre médicos brasileiros. A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia divulgou um comunicado para que profissionais fiquem atentos caso recebam pacientes com náuseas, tosse, falta de ar e dor na região do tórax, sobretudo se forem usuários de cigarros eletrônicos.

Há indícios relacionando os mais de 450 casos já registrados nos Estados Unidos com o uso de tais aparelhos. A sociedade sugeriu que médicos brasileiros avisem os pacientes sobre os potenciais riscos desses utensílios.

Diagnosticado com pneumonia no início do mês, o publicitário Pedro Ivo Brito, de 29 anos, teve o quadro agravado por fazer uso do dispositivo. Há um ano, o design sofisticado do cigarro atraiu sua curiosidade. “Quando eu disse que fazia uso do cigarro eletrônico no hospital, os médicos falaram que não era o único motivo, mas que agravou o meu quadro.”

O publicitário ficou internado por cinco dias no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, e teve de passar até por uma cirurgia torácica para drenar a água que estava nos pulmões

Brito começou a fumar cigarro comum aos 15 anos. O eletrônico, conheceu há um ano, nos Estados Unidos. “Em Miami, é comum ver as pessoas fumando cigarro eletrônico até nas ruas. Nunca foi minha intenção substituir o cigarro comum pelo eletrônico. Só que comecei a fumar mais o eletrônico. Comprei o cigarro eletrônico e um kit com quatro pods – também conhecidos como cartuchos. Paguei US$ 80 (R$ 328) pelo cigarro e US$ 20 (R$ 82) pelos pods”, conta. “O pod permite fazer misturas de substâncias e sabores, mas nunca fiz.”

Para ele, o trauma foi o melhor tratamento para abandonar os dois tipos de cigarros. “É um novo momento na minha vida. Estou focado em esporte e alimentação. Já me desfiz do cigarro eletrônico. Dei para uma amiga que é artista plástica e vai fazer uma obra para simbolizar os riscos para a saúde. Não desejo a ninguém o que eu passei.”

Estados Unidos

Não há até agora registros oficiais no Brasil ou casos suspeitos de doenças relacionadas ao uso do aparelho comunicados à Sociedade de Pneumologia e Tisiologia. Nos Estados Unidos, autoridades sanitárias e pesquisadores internacionais fizeram uma força-tarefa para tentar identificar o que levou, sobretudo jovens, a apresentar insuficiência respiratória grave. Por enquanto, um dos únicos pontos que ligam os pacientes são as “vaporadas” em cigarros eletrônicos. Parte deles relatou ter usado o aparelho para inalar THC, uma das substâncias presentes na maconha, adicionada a óleos, principalmente acetato de vitamina E. Essa substância, uma vez inalada, fica depositada no pulmão, obstruindo a passagem do oxigênio.

Parte dos usuários considera o alerta um exagero. “Se for esse realmente o problema, o uso do aparelho foi incorreto”, conta o assistente técnico Rodrigo Anterio, que começou a usar cigarros eletrônicos há sete anos para substituir o cigarro comum. “O uso de THC nunca foi o objetivo desse aparelho.” Especialistas também estudam o efeito do propilenoglicol, substância usada para produzir o efeito de fumaça.

Para o policial civil Daniel Montenegro, 38 anos, ainda há poucos dados para assegurar que o aparelho está associado aos problemas de saúde identificados nos Estados Unidos. Montenegro lembra quando substituiu o cigarro pelo “vape”, como usuários chamam o aparelho: outubro de 2016. “Fumava meio maço de cigarro Ao fazer a migração, tive uma melhora no meu estado de saúde.”

O entusiasmo dos usuários não é seguido pela comunidade médica. Ainda em junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um documento afirmando que cigarros eletrônicos são, sem sombra de dúvida, prejudiciais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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