Saiba como identificar as crianças com altas habilidades
Os especialistas dizem que crianças com altas habilidades não são tão raras quanto se imagina. O problema é que a falta de diagnóstico pode causar sofrimento nas crianças com altas habilidades. E os pais também sofrem no caminho do diagnóstico e na busca por serviços para atender as necessidades destas crianças.
Não é fácil ter um filho com altas habilidades. E não é fácil ser uma criança com altas habilidades. Fábio Castoldi e a esposa percorreram um longo caminho até descobrir que o filho Tomaz, de quase cinco anos, tem altas habilidades.
O casal suspeitava de autismo e déficit de atenção e sofria com a falta de diagnóstico. Tomaz não tem as habilidades que o senso comum atribui às crianças de altas habilidades, pelo contrário, até enfrenta dificuldades na escola.
Altas habilidades
Mas possui uma capacidade impressionante de sintetizar temas complexos e perceber o mundo, diz o pai. “O Tomás tem uma capacidade muito, muito grande de percepção de mundo. Ele tem um entendimento muito profundo das coisas, a análise que ele faz das coisas, conversas complexas de adultos, ele expressa tensão, ele nem está prestando tensão, ele consegue entender totalmente esse contexto. Então, dentre as várias áreas em que uma criança é a HSD e ela pode ter a sua habilidade, essas habilidades que sejam talvez acadêmicas não seja o caminho dele, a gente ainda não conseguiu desvendar. Qual é realmente as habilidades que ele melhor carrega e aonde que nós poderíamos ainda mais fazer com que ele se desenvolvesse. A gente ainda fica nessa busca. A gente percebe claramente que ele não é uma criança, de novo, usar entre aspas o normal. Ele é uma criança assim, totalmente acima da média. Inteligência, capacidade cognitiva, conviver com o Toma, você percebe que realmente ele é fora de série”, explica.
Gustavo Calefe também enfrentou muitas dificuldades com o filho Bernardo de quase quatro anos e que possui altas habilidades em motricidade fina, linguagem e comunicação.
O pai diz que todo mundo pensa que é bom e fácil ter altas habilidades, mas ele desmistifica: o ensino no Brasil não está preparado para as crianças com altas habilidades. Contudo, o diagnóstico foi fundamental para o atendimento das necessidades de Bernardo.
“Então ele já faz terapia ocupacional faz bastante tempo. Já vai uma psicóloga comportamental também faz faz um bom tempo que a doutora indicou. Hoje ele faz musicoterapia então ele tem bastante coisas que ele faz para poder auxiliar nessas questões porque todo mundo acha que as suas habilidades é uma coisa muito boa, né? Todo mundo acha que as altas habilidades é só desempenho, talento e não é nada disso, na verdade. Pode ser que a criança tenha, então conheço crianças de cinco anos que falam sete idiomas, aprendem idioma sozinho, fala, faz conta, né? Que é o que a gente mais vê, que mais se fala, porém, igual a esses grupos que a gente participa, tem grupos do Paraná, tem grupos nacionais, ninguém fica falando disso, ninguém trata dessas questões porque isso daí é irrelevante perto da dificuldade que a gente sente, que a gente sofre. Porque o que acontece? As altos habilidades não se enquadram no padrão de ensino brasileiro. As altos habilidades é o funcionamento do cérebro, a forma que a criança tende a rigidez comportamental, a forma que a criança recebe os estímulos, a parte que é tudo muito intenso para as crianças de altas habilidades, não se enquadra nesse padrão”, explica.
Características
Por isso, existem certas características que ajudam a identificar uma criança de alta habilidade, como a sensibilidade. O problema são os mitos em torno deste tema e que aumentam o sofrimento dos estudantes, diz a psicóloga Vivan Risso.
“A maior dificuldade desses alunos eles mesmos, para que eles se compreendam, porque eles se percebem diferente dos demais, percebem que fogem do padrão e entram muito em sofrimento. E vendo no ambiente escolar, ainda se tem muito mitos, a cobrança é muito grande para esses alunos ainda pensam que eles são bons em tudo, que são gênios, que vão dar conta… muitos professores… acabam até deixando de lado esse aluno achando que como ele tem potencial… ele aprende sozinho e não é bem assim. Ele… quando é área de interesse ele vai muito bem… ele pesquisa… mas nas demais áreas muitas vezes ele está na média como seus pares também… e precisa desse apoio… dessa ajuda. Então os mitos, principalmente dentro da escola, é o que causa ainda muito sofrimento para esses alunos. Embora eles tenham um cognitivo muito bom, uma forma abstrata de aprender, que muitas vezes está diferente do desenvolvimento da sua faixa etária, eles também têm uma sensibilidade muito grande”, diz.
As altas habilidades não são tão incomuns quanto se imagina. A cada 30 alunos, dois apresentam altas habilidades.
Alem do mais, em Maringá, a rede municipal de ensino oferece a sala de recursos multifuncionais para alunos com altas habilidades.