O célebre ator Ney Latorraca, de 80 anos, morreu nesta quinta-feira, 26, no Rio de Janeiro, em decorrência de uma sepse pulmonar, de acordo com a assessoria dele. Ele estava internado desde 20 de dezembro na Clínica São Vicente, da Gávea.
Moacyr Silva, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que sepse é o nome que se dá a uma reação inflamatória associada a um quadro infeccioso, que pode ser de qualquer natureza.
No caso de uma sepse pulmonar, o foco primário é o pulmão. Segundo o National Health Service (NHS), o sistema público de saúde do Reino Unido, o pulmão está entre os locais mais comuns associados ao desenvolvimento da sepse. Além dele, estão o trato urinário e a barriga – nem sempre é possível determinar o foco primário.
De acordo com a Mayo Clinic, dos Estados Unidos, a sepse decorre de uma resposta inadequada do corpo a essa infecção primária. “Os processos de combate à infecção se voltam contra o corpo, fazendo com que os órgãos funcionem mal.”
A sepse é uma doença grave, conforme explica o infectologista Hélio Bacha, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), e pode evoluir para o choque séptico. “O choque é uma condição médica na qual não há perfusão do sangue para os tecidos (ou seja, o sangue não consegue entregar oxigênio e nutrientes suficientes para ele). Há vários tipos de choque. O mais grave e mais difícil de reverter deles, é o choque séptico”, explica Bacha.
Os especialistas destacam que há uma preocupação maior com pacientes frágeis, nos extremos de idade (bebês e idosos) e imunossuprimidos, por exemplo.
Latorraca, por exemplo, lutava contra um câncer de próstata, o segundo tipo de tumor mais comum entre homens no Brasil, desde 2019. O ator foi operado, retirou a próstata e foi considerado em remissão (quando não há sinais detectáveis de câncer nos exames médicos). A doença voltou em agosto deste ano, já com metástase, ou seja, se espalhou para outras estruturas do corpo (não há informações sobre a localização dos demais tumores).
No entanto, de acordo com especialistas, a sepse pode acontecer com qualquer paciente, mesmo aqueles previamente não considerados vulneráveis. O tratamento melhorou muito ao longo dos últimos anos, mas o principal fator preditor de um bom prognóstico é a identificação precoce e o tratamento adequado da infecção primária.
A sepse pode ser difícil de identificar. Silva explica que a reação inflamatória da sepse costuma se traduzir como dor, calor no local, febre e mal-estar. “Geralmente, sepse pulmonar se traduz como uma pneumonia, que é a principal característica desse paciente. Ele pode ter tosse, expectoração, dor no gradeado costal ao respirar.”