Síndrome de Pica: por que o transtorno recebe esse nome?
A alotriofagia, popularmente conhecida como “síndrome de pica“, ganhou repercussão nos últimos dias. Trata-se de um transtorno alimentar sério, no qual a pessoa apresenta uma vontade incontrolável de come qualquer coisa não comestível. Por exemplo: grama, terra, sujeira, cabelo, sabão e, até mesmo, fezes.
Mas porque a Síndrome de Pica tem esse nome? A resposta é que faz uma referência a uma espécie de pássaro conhecida como P. Pica. Esta ave, que também é conhecida como pega-rabuda, se alimenta de quase tudo que encontra.
O que causa da Síndrome de Pica?
Especialistas em Neurociência explicam que, na maioria das vezes, a Síndrome de Pica se manifesta com sintomas constantes e um quadro clínico compulsivo e pode ser decorrente de diferentes contextos, como estresse, ansiedade, anemia e, também, pela falta de eletrólitos no sangue, que são os minerais (ferro, zinco, cálcio, etc.). Além disso, o transtorno é bastante frequente em grávidas.
Conforme divulgado pelo portal O Tempo, Guízar Sánchez, do Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina do México, explica que uma das principais causas da Síndrome de Pica é a deficiência de ferro.
“Existem pacientes com anemia que consomem giz, gesso ou sal, o que também ocorre em pessoas com forte deficiência de zinco e cálcio. Já em gestantes, o transtorno é comum devido ao desequilíbrio de cálcio e ferro, o que provoca uma maior demanda nutricional para o feto. Além disso, as mulheres costumam ingerir gelo, para evitar enjoos, e outras substâncias, para aliviar a gastrite e o refluxo”, esclarece Sánchez.
O pós PhD em Neurociência Dr. Fabiano de Abreu Agrela, que estudou o distúrbio em 2021, afirma que qualquer pessoa pode ser acometida pela síndrome, mas há contextos e grupos específicos mais suscetíveis ao transtorno:
- Crianças pequenas;
- Grávidas;
- Pessoas com transtornos psiquiátricos;
- Estresse excessivo;
- Desnutrição ou fome.
Outras causas
- Constipação;
- Ascaridíase (infecção por lombriga);
- Ritmos cardíacos irregulares (arritmias);
- Envenenamento por chumbo;
- Obstrução/bloqueio do intestino delgado e do intestino grosso.
Como diagnosticar?
De acordo com Agrela, a síndrome é apresentada quando pessoas sentem a vontade compulsiva e persistente de consumir coisas que não são consideradas alimentos ou não têm benefício nutricional. Além disso, é possível identificar o transtorno por meio de exames de urina e fezes e testes de imagem, como raios-X e ressonância magnética (RM). Pode ser feito, também, o eletrocardiograma (ECG ou EKG), que identifica desequilíbrios eletrolíticos ou infecções parasitárias, alguns dos fatores causadores do distúrbio.
O que pessoas com Síndrome de Pica podem querer comer?
- Cinzas;
- Giz;
- Carvão;
- Terra;
- Fezes;
- Cabelo;
- Gelo;
- Lascas de tinta;
- Papel;
- Alimentos para animais de estimação;
- Sabão;
- Pano.
Tratamentos
Para tratar a Síndrome de Pica, alguns métodos podem ajudar as vítimas do transtorno a superarem as compulsões. Sendo assim, são procedimentos psicológicos que, acompanhados por um profissional qualificado, podem apresentar um efeito positivo na vida de quem sofre com a síndrome:
- Terapia aversiva leve – método menos intensivo que ensina as pessoas a evitarem itens não comestíveis e incentiva o consumo alimentar saudável;
- Terapia comportamental – processo que utiliza de mecanismos e estratégias de enfrentamento para ajudar as vítimas a melhorarem seu comportamento;
- Reforço diferencial – as pessoas aprendem a evitar os comportamentos compulsivos por meio da concentração em outras atividades.