Tem um calango morando no seu quintal? Biólogo explica o que fazer

A aparência escamosa e a velocidade com que eles correm podem até assustar, mas os calangos, lagartos de pequeno porte que costumam aparecer pegando sol nos muros, são inofensivos. É o que afirma o biólogo Carlos Eduardo Vargas Grou, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada (PGB) da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
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“Eles preferem ambientes secos e áreas abertas, com locais de sombra para fuga de predadores e descanso. Geralmente são vistos durante o dia, nos horários mais quentes, exercendo um comportamento bem comum entre os répteis, que chamamos de ‘assoalhar’, que nada mais é do que o bom e velho ‘lagartear’”, explica.
De acordo com o biólogo, os calangos se alimentam basicamente de insetos e aracnídeos, como mosquitos, baratas, aranhas e carrapatos, e não oferecem nenhum risco. “Eles não são vetores de doenças, não têm veneno e também não oferecem perigo algum para plantas ou lavouras; pelo contrário, é só vantagem ter esses carinhas próximos da gente, já que ajudam a controlar pragas”, diz.
A dona de casa Aparecida Rocil, moradora do Jardim Paraíso, em Maringá, já está acostumada com a presença dos calangos no fundo de sua residência. “Às vezes levo uns sustos quando eles correm de repente, mas já me acostumei, não tenho medo. Tem dois que estão morando no quintal já faz um tempo”, conta.
Segundo o biólogo, um dos motivos pelos quais o encontro entre répteis e humanos está mais comum é o crescimento industrial em torno da cidade e a escassez de alimento para as espécies de calangos. “Isso pode pressionar esse grupo de lagartos para a região metropolitana, fazendo com que as pessoas os encontrem com mais frequência”, explica.
Eduardo lembra que, apesar de serem inofensivos, os calangos não devem ser manipulados nem alimentados. “Se alguém tentar capturá-lo, aí sim pode haver risco de mordida. Já no caso da alimentação, pode ocorrer um aumento expressivo da população, o que pode causar desequilíbrio na fauna local, por isso, devemos apenas observar”, orienta.
A única exceção é quando o animal entra dentro de casa. “Nesse caso, o mais adequado é usar uma vassoura ou rodo para orientar o calango até a saída, sempre com muito cuidado para não machucá-lo”, recomenda.
Já para lagartos maiores, como os “teiús” (gênero Salvator), que podem chegar a quase dois metros de comprimento e pesar cerca de 4 kg, o correto é ligar para o Corpo de Bombeiros para que façam a captura.
“Não o acue em nenhuma ocasião e não deixe animais domésticos ‘resolverem o problema’. Peça ajuda ao Corpo de Bombeiros, pois eles são treinados para atuar nessas situações. E lembre-se: todo animal silvestre é protegido por lei, e o respeito por eles é garantia de uma vida saudável e próspera para nós”, diz.
