Um dos projetos de engenharia mais emblemáticos da América do Sul, o Túnel Subfluvial que passa sob o Rio Paraná, está no centro de um novo ciclo de modernização. Com quase 3 quilômetros de extensão, a estrutura que liga as cidades argentinas de Santa Fé e Paraná recebeu recentemente a confirmação de investimentos milionários destinados à atualização tecnológica, segurança e eficiência operacional do sistema.
A novidade foi anunciada durante a Semana do Túnel Subfluvial 2025, que marcou as comemorações pelos 56 anos da obra, inaugurada em 13 de dezembro de 1969. A cerimônia ocorreu na cabeceira da província de Entre Ríos e reuniu autoridades dos governos de Entre Ríos e Santa Fe, além de trabalhadores e ex-funcionários do ente binacional responsável pela administração do viaduto.
Uma obra pioneira no continente
Batizado oficialmente de Túnel Subfluvial “Raúl Uranga – Carlos Sylvestre Begnis”, o corredor rodoviário submerso foi o primeiro da América do Sul com essas características. Diferentemente do Eurotúnel, que conecta França e Reino Unido por meio de ferrovia, a estrutura argentina foi projetada para o tráfego rodoviário, com uma faixa em cada sentido.
Ao todo, são 2.937 metros de extensão, permitindo a travessia sob o leito do Rio Paraná em cerca de três minutos, com velocidade controlada entre 40 km/h e 60 km/h. A obra foi decisiva para integrar a chamada Mesopotâmia Argentina ao restante do país, conectando diretamente as províncias de Entre Ríos e Santa Fé.
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Impacto econômico e regional
Mais do que um feito de engenharia, o túnel se consolidou como um eixo estratégico para o desenvolvimento econômico, social e logístico da região. Milhares de veículos utilizam diariamente a ligação submersa, fundamental para a dinâmica da região metropolitana Santa Fé–Paraná, que concentra cerca de 1 milhão de habitantes. No último fim de semana, dias 12, 13 e 14 de dezembro, foi registrada a passagem de 33.335 veículos.
A escolha pela construção de um túnel, em vez de uma ponte, ocorreu ainda nos anos 1960 para não interferir na navegação do Rio Paraná, um dos mais importantes corredores fluviais da América do Sul. A solução também garante fluxo contínuo de veículos e menor impacto estrutural ao longo do tempo.
Investimento milionário em modernização
Durante o evento comemorativo, os governos provinciais anunciaram a abertura de quatro licitações públicas, que juntas somam 366 milhões de pesos argentinos — cerca de R$ 1,3 milhão, pela cotação atual. Os recursos fazem parte de um plano de modernização do túnel, com foco em tecnologia, segurança e eficiência.
Os investimentos incluem:
- Novo sistema de videovigilância digital, com câmeras IP e equipamentos de monitoramento;
- Modernização completa do data center, com servidores, sistemas de armazenamento, redes e energia ininterrupta;
- Aquisição de novos veículos operacionais, como uma picape e um furgão;
- Atualização da infraestrutura de rede de dados da área de pedágio, nas duas cabeceiras do túnel.
Segundo as autoridades, as propostas agora passam por análise técnica, e a expectativa é preparar o túnel para mais décadas de operação, acompanhando o avanço tecnológico e o crescimento da demanda.
Operação e segurança 24 horas
Administrado conjuntamente pelos governos de Santa Fé e Entre Ríos, o túnel conta com um centro de operações ativo 24 horas por dia. A estrutura dispõe de câmeras, sensores de monóxido de carbono, controle de visibilidade, sistema de som para avisos, iluminação de emergência e geração elétrica reserva a diesel.
A sinalização inclui 108 semáforos, além de hidrantes e extintores distribuídos ao longo do trajeto. O monitoramento do próprio Rio Paraná também é constante, com uso de GPS e sondas batimétricas, intensificado em períodos de cheia.
Veja imagens das obras, iniciadas em 1962: