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21 de dezembro de 2024

No centro de Maringá, entre linhas e pontos se fazem as bombetas


Por Davi Paludetto Publicado 21/12/2024 às 05h06
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Sentado na calçada da avenida Getúlio Vargas, em frente a Caixa Econômica, Ronaldo Fabrício borda com maestria as bombetas, ou bonés de linha, que se tornaram paixão e fonte de renda.

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Foto: Davi Paludetto

O personagem pode passar despercebido, por aqueles que andam com pressa pelo coração de Maringá às oito horas da manhã, mas uma troca de olhares entre o artesão e o potencial comprador é um convite para ele apresentar os produtos.

Com sorriso no rosto, Ronaldo levanta e começa a mostrar as bombetas, em sua grande maioria de times de futebol. “Torce pra qual time? É Timão”, ele pergunta para o jovem interessado em levar um boné para casa.

A maioria dos produtos buscam unir a utilidade de um boné com uma paixão nacional. “Eu faço dos quatro grandes de São Paulo, Flamengo e dos gaúchos”. Enquanto conversávamos, Ronaldo produzia um boné do Grêmio. “Já pediram de time internacional, uma vez um cara chegou aqui e perguntou se eu não fazia um boné preto e branco escrito Real (Real Madrid)”, comenta o artesão. 

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Foto: Davi Paludetto

No período da manhã, Ronaldo vende os bonés no cruzamento da avenida Getúlio Vargas com a rua Néo Alves Martins, na área central da cidade. Essa é a única maneira de garantir um exemplar, já que ele não consegue vender os produtos pela internet: “eu precisaria ter uma produção muito maior. Sozinho eu não consigo e ‘na moral’, antes sozinho do que mal acompanhado” explica.

Arte do crochê

Com uma agulha de crochê, Ronaldo transforma as linhas de diferentes cores em um boné. Os movimentos são rápidos e precisos, intercalados por pequenas pausas para conferir o gráfico. A folha de papel possui anotações de como intercalar as linhas e formar o desenho – incompreensível para aqueles que não dominam a arte do crochê. 

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Foto: Davi Paludetto

A confecção das bombetas nem sempre foi o ofício de Ronaldo. Aos doze anos ele veio para Maringá e começou a trabalhar com o tio na manutenção de equipamentos de refrigeração. Foram vinte anos atuando na área com a carteira assinada. 

O crochê surgiu em um momento difícil da vida de Ronaldo, enquanto estava na cadeia. “Eu fiquei preso por alguns dias e vi um cara fazendo os bonés de linha, fiquei encantado”, lembra o artesão. “Ele me ensinou só o começo, que é a parte mais difícil, e depois falou: se vira” completa. 

Há dez anos as bombetas se tornaram fonte de renda, cada exemplar sai por R$25,00. São vários modelos de desenhos, que Ronaldo continua aprendendo a fazer diariamente por meio de tutoriais na internet. “Esse é o jeito que consegui juntar uma parada que eu gosto de fazer e ganhar um trocado nessa selva. Hoje eu vivo assim, de boa” como o artesão gosta de falar.

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Foto: Davi Paludetto

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