Depois de cinco anos de dedicação, o corretor Ângelo Guedes, morador de Porto Rico, no noroeste do Paraná, está muito perto de concluir um dos projetos mais ousados da sua vida: o veleiro Bravura, construído praticamente sozinho, desde o esqueleto até os últimos detalhes elétricos. A embarcação, um Kiribati 36 de 11 metros de comprimento e 3,85 metros de largura, deve finalmente tocar as águas do Rio Paraná nas próximas semanas.
- Entre no canal do GMC Online no Instagram
- Acompanhe o GMC Online no Instagram
- Clique aqui e receba as nossas notícias pelo WhatsApp
A aventura começou em 2020, ainda no quintal da casa onde Ângelo morava, em Loanda. Na época, o projeto nasceu como um sonho de casal, mas a vida mudou, veio a separação, e ele seguiu sozinho. Apesar das reviravoltas, continuou firme com o objetivo, e hoje, morando em Porto Rico, ele vê o barco praticamente pronto.
LEIA TAMBÉM: Morador de Porto Rico constrói veleiro e quer dar volta ao mundo: ‘vou morar nele’
Como nasceu o sonho de navegar pelo mundo
A inspiração surgiu anos atrás, quando um amigo comentou sobre o navegador Amyr Klink. Curioso, Ângelo pesquisou vídeos, assistiu palestras, leu o livro e ficou fascinado pelo mundo náutico. O gosto pela água já existia, ele sempre viveu perto do rio, praticava esportes de aventura e tinha lancha, jet ski e equipamentos de mergulho. A ideia de morar em um veleiro e, quem sabe, dar a volta ao mundo, rapidamente o conquistou.
No entanto, quando começou a pesquisar o preço de um barco capaz de enfrentar mares abertos, percebeu que o investimento seria inviável. Foi então que descobriu que poderia construir o próprio veleiro. Comprou o projeto em 2019 e, em 2020, iniciou a construção. “Eu não sabia soldar nada”, relembra em entrevista ao GMC Online. A partir daí, fez cursos, comprou equipamentos, trouxe profissionais do Rio de Janeiro para ensiná-lo e passou a trabalhar no barco nas noites e fins de semana.
Entre as peças de alumínio náutico e as soldas que aprendeu do zero, vieram também os desafios emocionais. “Quase parei por um ano. Bate um sentimento de desânimo, a dúvida se aquilo tudo fazia sentido. Eu deixei de participar de viagens, churrascos, momentos com amigos. Priorizei o barco. Chega uma hora que você pensa: o que estou fazendo da minha vida?”, contou. Mesmo assim, insistiu e o resultado agora aparece diante dos olhos.
LEIA TAMBÉM: Casal paranaense constrói veleiro no quintal de casa e sonha dar volta ao mundo
O Bravura está na fase final. O documento oficial já foi liberado pela Marinha, e a parte elétrica será concluída nos próximos dias por um profissional contratado. O motor novo já está instalado, embora o mastro fique para uma etapa posterior, o que transforma o veleiro temporariamente em uma lancha.
Ângelo já levou a embarcação para Porto Rico, onde ela está às margens do Rio Paraná, pronta para o lançamento. “A expectativa agora é curtir. Ainda nem caiu a ficha de que está pronto. Penso: o que vou fazer no fim de semana, se não tenho mais o barco para trabalhar?”, brinca.
Mesmo com todas as mudanças pessoais ao longo do caminho, o projeto de viajar pelo mundo não foi descartado. Ele afirma que deve aproveitar o veleiro pela região antes de pensar em rotas mais longas, mas a ideia original permanece viva. Enquanto finaliza a mobília e os ajustes internos, Ângelo se prepara para transformar o barco em sua nova casa. O veleiro terá dois quartos, banheiro, sala e cozinha integradas e até um pequeno escritório.