Cafés e corrida: estratégias de escolas da região diminuem evasão
Um café da manhã regado a sucos, doces, pães e bolachas para os alunos com menos faltas tem servido de motivação para diminuir a evasão escolar. A disputa pelos lugares na mesa gira em torno da frequência.
A estratégia foi adotada por escolas estaduais em regiões vulneráveis do Paraná, mas cada escola adaptou a seu modo. No Colégio Cívico-Militar Vereador Luiz Zanchim, em Sarandi, a frequência subiu de 85% para 91% em média – e a meta é superar os 95% em 2025. Os cinco por cento “aceitáveis” são casos de atestado médico ou outros impeditivos relevantes.
Mas para estar presente no café também é preciso ter bom desempenho escolar e ser disciplinado. As louças para a mesa posta são levadas pelas pedagogas da escola para deixar o ambiente mais bonito, os diretores tocam instrumentos e cantam, para alegrar o momento, com música ao vivo. O café ajuda, no entanto, o evento se soma a outras estratégias para combater a evasão.
“Nós temos várias ações aqui de busca ativa. Nós vamos aqui na residência dos alunos que têm faltas acima de cinco consecutivas ou sete alternadas e a gente também vai procurar a rede de proteção, faz contato via WhatsApp, faz a escuta ativa com os alunos, porque a frequência é muito importante. Se o aluno não está na escola, ele não aprende, e se ele não está aqui, onde ele está?”, questiona o diretor Roberson Miranda.
No Colégio Estadual Cívico-Militar Presidente Arthur da Costa e Silva, em Floresta, além do café com a diretora, há ainda a Corrida da Presença e o projeto Adote um Aluno. “Percebemos que os alunos, além de melhorar a sua própria frequência, passaram a cobrar a presença dos faltosos para estar entre os primeiros no ranking”, diz a diretora Simone Oliveira. O projeto da corrida se resume a um cartaz exposto no hall de entrada da escola, com a frequência sendo apontada por “figurinhas” nas cores verde, amarela e vermelha, criando uma competição entre as classes.
No Adote um Aluno, cada funcionário ou professor “adota” um ou mais alunos para acompanhar durante o ano. “Só que, nesse caso, cobramos, além da frequência, atitudes de respeito aos colegas e aos professores, cuidado com a limpeza e com a organização da escola e boas notas”. O colégio também tem premiações e homenagens individuais para alunos com 100% de frequência, turmas com maiores índices trimestrais de frequência, notas acima de 9,5 nas avaliações externas, aluno superação e aluno com todas as notas acima de 8,0.
“Quando eu entrei na escola, em janeiro de 2023, era muito grande a evasão. Eles perguntavam quanto que podia faltar para não reprovar. Então a gente começou a bater no ‘sua falta faz falta’, dizendo que o aluno deveria estar na escola. E para trazê-los para a escola a gente começou com alguns atrativos. Em 2024, a escola tornou-se cívico militar. E aí a nossa frequência, a nossa cobrança, é de que a escola tivesse 95% de frequência. De lá pra cá, a gente tem conseguido no mínimo 91%, mas já teve semana a gente conseguir 97 % de frequência com os alunos, incluindo as faltas com atestado mesmo. A gente dá ênfase às coisas boas. Eles se sentem bem vindo para a escola, batendo as metas que a gente coloca nas plataformas, nas atividades. E tem que estar na escola para bater as metas. É gostoso o café com a diretora uma vez por semana para a turma que tem maior frequência na semana”, conta a diretora.
Quando há empate na frequência, as duas turmas são chamadas, uma em cada turno, para desfrutar do café. E o cardápio é para agradar a meninada. “Hoje uma turma comeu pizza, porque venceu semana passada. Então eles escolhem que comer: pão de queijo, um bolo,e é gostoso, é algo tão simples, mas tão gostoso. Aquele momento em que eles saem da sala de aula, vão lá para o jardim, nas mesas, para comer algo diferente, é uma coisa que é gratificante”, diz Simone.
Além disso, a turma com maior frequência do trimestre vai ter um almoço especial: todos os alunos com 100 % de frequência vão almoçar em um restaurante e as melhores notas, acima de 95, vão ter passeios especiais. “Isso tem trazido muito resultado”, comemora a diretora do colégio de Floresta.
