
Em um barracão, no quintal da casa em que moram, no Jardim Veneza, em Loanda, o corretor de seguros, Ângelo Guedes, e a biomédica esteta Carolina Ghiraldi, começaram a tirar do papel em 2020 um sonho: eles estão construindo de forma amadora um veleiro Kiribati 36 (pés), um barco ‘gigante’, com 11 metros de comprimento e 3,85 metros de largura. As informações são do Portal da Cidade de Loanda.
Depois de pronta, a embarcação será uma casa flutuante com dois quartos, banheiro, sala e cozinha integradas e um pequeno escritório. E é com toda essa estrutura, que os dois, que são casados há 16 anos, pretendem dar a volta ao mundo. O casal tem um canal no youtube, o Together in the Oceans, onde é possível acompanhar vídeos desde o início da construção.
O loandense conta que a ideia de construir o veleiro surgiu após ler um livro do escritor e navegador brasileiro, Amyr Klink, um dos maiores navegadores do Brasil e a primeira pessoa a fazer a travessia do Atlântico Sul a remo, em 1984. Klink também construiu um barco e viajou para a Antártica sozinho.
“Quando li a história fiquei alucinado, aí comecei a estudar sobre ele. A partir daí descobri na internet casais que moram em veleiros, que deram a volta ao mundo e, quando mostrei para a minha esposa, ela também ficou encantada”, explica.
Antes de iniciar a construção do projeto, Ângelo conta que ele a companheira passaram uma semana a bordo do barco de um casal de amigos e foi aí que se apaixonaram ainda mais pela experiência de estar no mar. O objetivo inicial deles era comprar um barco pronto, mas como o valor era alto, resolveram construir o veleiro do zero.
“Eu descobri um engenheiro, que é o mesmo do Amyr Klink, e ele me apresentou o projeto desse barco. Ele me explicou que poderíamos fazer aos poucos. Então, nós compramos o projeto e comecei a me preparar e estudar a execução. Tive que fazer diversos cursos, de metalúrgica e de solda, comprar máquinas, porque eu não entendia nada sobre isso”, explica Ângelo.
Com muita dedicação, o corretor de seguros conseguiu entender e iniciar o projeto de 36 páginas. Primeiro foi feito o esqueleto do barco, depois o casco, todo em alumínio náutico, que já está pronto para flutuar.
“Eu faço nas horas vagas durante a semana. Trabalho durante o dia e depois das 18h, me dedico ao barco. Lá dentro vai virar uma casa, a mobília já está aqui para começar a montar. A ideia é dar a volta ao mundo com esse barco, o projeto dele é para isso”, ressalta.
A previsão de execução do projeto é de 5 anos, se sair conforme o planejado, em 2025 o veleiro, que também terá placas solares para produzir a própria energia, deve ficar pronto e começar a navegar.
” A ideia inicial é colocar ele em Porto Rico, porque se precisar fazer algum ajuste, já fazemos antes de sair para o mar”, explica.
De acordo com Ângelo, o veleiro foi projetado de forma que consegue se adaptar à navegação em águas rasas e profundas. Para ser finalizado, ainda falta o motor, a mobília, o revestimento interno, pintura e diversos outros detalhes que vão tomar tempo e exigir investimento e paciência do casal. No entanto, a maior parte da estrutura já está montada e dá forma ao sonho que para uns é loucura, mas para outros é ousadia e liberdade.
“O meu é o projeto de número 5 em construção. Já existem outros três do mesmo modelo navegando e dois deles já deram a volta ao mundo. Desses três já prontos, um no momento está no Caribe, outros dois prontos e navegando estão aqui no Brasil. Atualmente, em processo de construção, possui esse meu, mais dois no Brasil e um também sendo construído na Austrália”, detalha.