03 de maio de 2025

Colégio da região usa cão para promover apoio emocional aos alunos


Por Brenda Caramaschi Publicado 23/02/2025 às 09h26
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Mel foi adotada para atuar como cão de suporte emocional em Campo Mourão. / Foto: divulgação

Os alunos do Colégio Adventista de Campo Mourão começaram o ano letivo com uma novidade: a Mel. A filhote de golden retriever tem pouco mais de dois meses e foi adotada para ajudar no apoio emocional dos alunos.

A cachorrinha passa o dia na escola, visitando diferentes turmas e interagindo com as crianças e adolescentes que estudam ali. Quando se cansa da interação, busca refúgio na secretaria da escola, onde tira longos cochilos no ambiente climatizado. De noite, ela segue para a casa da diretora da instituição, Aline Gonçalves, mas outros membros da equipe já pediram para participar de um revezamento de cuidados aos finais de semana. “Já tem até fila de espera para levar ela para casa”, conta. 

A ideia de levar um cão de apoio para a unidade veio de Aline. “Quando eu trabalhava lá em Blumenau, acompanhando o trabalho dos cães que são preparados para cão-guia, eu via que é muito interessante o trabalho deles. Eles passam um ano com uma família socializadora para se adaptar, entrar nos ambientes, ser um cão social, aprender a trabalhar. Após um ano, eles vão para o centro de treinamento e lá eles são preparados para cão-guia ou não, vai depender do perfil do cão, se ele se encaixar nesses critérios para cão-guia. Quando ele não se encaixa nos critérios para cão-guia, ele é encaminhado para cão de companhia, para cão terapêutico, para trabalhos em asilos, até em hospitais. Logo eu fui transferida para Curitiba e conheci o trabalho dos cães no Colégio Adventista Bom Retiro, que faziam esse serviço de acalmar, tranquilizar alunos com crise de ansiedade, alunos em desorganização. Eles têm dois cães, o Teddy e a Lola. Então eles já tiveram várias experiências, desde o aluno deitar no chão, o Teddy deitar na frente dele, olhar nos olhos e conseguir puxar o foco para ele, para o animal e acalmar essa criança”. 

Outra experiência que motivou Aline a trazer a ideia para o colégio foi ver o benefício que o animal trazia para outros professores. “Eu tive o privilégio também, no Centro Universitário Adventista de São Paulo, de conhecer uma professora que tem um cão de apoio. Ela tem crises de ansiedade e esse cão foi treinado para acalmá-la. Então ele consegue sentir quando ela está em crise, pelos batimentos, pelo odor que acaba eliminando, e ele acalma ela. Ele pede carinho. Ele se esfrega, ele busca atenção e ele não para enquanto ela não se acalma. Ela precisa dar atenção para ele, o foco se concentra nele. Entre outros relatos que nós temos”.

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Em Londrina, Meg, da mesma raça de Mel, já atua há um ano como cão de apoio emocional. / Foto: divulgação

Mel veio de Curitiba. Por lá, algumas escolas ligadas à rede já implantaram o projeto há cerca de quatro anos. Em Londrina também já tem escola que adotou a ideia, com sucesso: Meg, que tem a mesma raça de Mel, já está lá há um ano. Aqui na região, a escola de Campo Mourão foi a primeira a trazer a mascote para dentro do ambiente escolar. No oeste paranaense, Cascavel e Toledo já contam também com cães de apoio emocional. Nas unidades de Maringá, segundo a direção geral das unidades do colégio adventista no norte do Paraná, ainda não há previsão para a implantação do projeto.

A raça golden retriever é conhecida por ter fácil socialização com crianças e gostar de dar e receber carinho, além de ter facilidade para o adestramento, por isso foi escolhida por todos os colégios adventistas que adotaram a ideia do cão de apoio emocional. Mel ainda está passando por treinamento para aprender os comportamentos que podem auxiliar a acalmar as crianças, mas já está mudando o comportamento dos pequenos – a frequência e a pontualidade dos alunos melhoraram, porque todos querem chegar mais cedo e passar um tempo com a cachorrinha antes de entrarem em aula. Os mais velhos, no ensino médio,  já planejam como será a participação de Mel na formatura. A chegada do cão de apoio emocional é recente, mas já tem mostrado frutos. “Nós temos uma mãe que o filho tinha dificuldade de adaptação, chorava bastante, e ela relatou para nós que o filho agora está mais calmo. Nos primeiros dias ele passou um tempo com a Mel, com a nossa mascote, e aí depois foi para a sala de aula. E isso motivou ela e agora ela comprou um filhote, comprou um cão de uma raça de porte menor e tem um cãozinho em casa porque ela viu como a Mel fez bem para o filho dela no colégio e agora ela quis levar isso para casa também. São vários benefícios e é um sonho antigo já que nós temos visto o resultado em outros colégios. Em menos de duas semanas nós já temos obtido muitos resultados positivos”.

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Mel já está se sentindo em casa e novos projetos estão sendo pensados para que ela possa ajudar no desenvolvimento dos alunos. / Foto: divulgação

A nova integrante da escola já está se sentindo em casa e novos projetos estão sendo pensados para que ela possa ajudar no desenvolvimento dos alunos. O único “problema”, segundo a diretora, é que Mel é uma só. “Ela já fica à vontade pelo colégio, participa das aulas, fica dentro da sala de aula. Os professores vão se revezando. O único problema que nós temos é que agora é um cachorro só para a escola inteira. Todos querem ela, os alunos pedem para ficar na sala, mas aí temos que trabalhar com essa logística”.

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