Um novo ranking elaborado pelo Taste Atlas, plataforma colaborativa de gastronomia, que reúne receitas e ingredientes de todo o mundo, mais uma vez elegeu o barreado, prato típico do Paraná, entre os 40 piores do Brasil. A lista, que inclui a comida típica, foi divulgada dia 18 de setembro.
A classificação geral de pratos típicos de todo o mundo é feita pela votação de usuários da plataforma que dão notas de 0,5 a 5. A partir disso, o site reúne a média e divulga ao público. No topo da lista dos pratos do Brasil com piores avaliações está o cuzcuz paulista, seguido de pescoço e buchada de bode. Pé de moleque, salada de maionese, cajuzinho e sanduíche de mortadela, por exemplo, são outras comidas que reúnem uma legião de fãs, mas que também ficaram entre as piores avaliadas.
No ranking do Taste Atlas, o barreado parece na 37ª posição, com avaliação de 3,9, a mesma pamonha, X-tudo, curau, baba-de-moça, virado e capa de filé. Veja no fim da reportagem a listagem completa.
Conheça o barreado
O Barreado é um prato típico do Litoral paranaense, e tem suas origens no preparo tradicional dos Açores, em Portugal, mas foi adaptado aos ingredientes locais. Feito à base de carne bovina, o prato é cozido por pelo menos oito horas em uma panela selada com goma de farinha de mandioca. Após esse longo cozimento, a carne, já desfiando, é servida acompanhada de farinha de mandioca branca e banana.
“Este ensopado farto é feito com carne bovina (geralmente cortes de segunda qualidade de carne mais dura com muita gordura), cebola, tomate, caldo de carne, cominho, folhas de louro e bacon frito”, informa o Taste Atlas.
Com o passar dos anos, novas exigências da Vigilância Sanitária tornaram necessárias algumas mudanças no preparo do barreado. A mais significativa foi a substituição das antigas panelas de barro, que eram cobertas com folha de bananeira e seladas com uma mistura de barro e cinzas — daí o termo “barrear” — por panelas modernas de ferro.
Para substituir a selagem com barro e cinzas, passou-se a usar uma goma feita de mandioca, água e farinha de trigo, que funciona como selante das panelas, transformando-as em uma espécie de panela de pressão. Quando a carne começa a ferver, a goma de mandioca racha para liberar a pressão, semelhante ao funcionamento de uma válvula de panela de pressão. É a partir desse ponto que se inicia a contagem do tempo de cozimento.
Embora adaptado, o método preserva uma técnica centenária. O uso da goma de mandioca, segundo especialistas, mantém o sabor característico do barreado, sendo uma solução que substitui o barro e a cinza, sem comprometer o sabor original.
Na coluna CBN Maringá Gastronomia, no início do ano, a chef e professora de Gastronomia, Andrea Shima, reforçou o valor histórico do barreado. “É o prato típico do Carnaval aqui no Paraná e está no Brasil desde a chegada dos portugueses. Eles já sabiam da importância de uma refeição substanciosa para aguentar a maratona da festa”, conta Andréa.
Segundo Andréa, o preparo do barreado é uma tradição que remonta há séculos. “O verdadeiro barreado é feito em panela de barro, vedada com uma mistura de farinha e água. Esse processo faz a carne ficar cozinhando por horas, e o resultado é uma carne macia e suculenta, que se desfaz na boca. É uma refeição completa, acompanhada de farinha e banana, além de outras delícias regionais, como a cachaça de banana, que é bastante popular na região de Morretes, no Paraná.”
De acordo com a chef, o segredo do barreado está na paciência. “O prato pode ficar até 20 horas cozinhando. É uma tradição manter o cozimento lento, para que a carne atinja a textura perfeita e o caldo ganhe aquele sabor irresistível”, explica. Ela também menciona que, apesar da simplicidade dos ingredientes – carne de segunda, farinha, banana e temperos –, o resultado é surpreendente e muito nutritivo. “É o tipo de refeição que sustenta de verdade.”
Veja a lista com os piores pratos brasileiros, segundo o Taste Atlas
- Cuscuz Paulista – Brasil – ⭐ 2.8
- Pescoço (corte bovino) – Brasil – ⭐ 3.1
- Buchada de bode – Brasil – ⭐ 3.1
- Torta capixaba – Espírito Santo, Brasil – ⭐ 3.1
- Arroz com pequi – Minas Gerais e Goiás, Brasil – ⭐ 3.2
- Maria-mole – São Paulo, Brasil – ⭐ 3.3
- Pé-de-moleque – Brasil – ⭐ 3.5
- Sequilhos (biscoitos) – Brasil – ⭐ 3.5
- Sagu – Região Sul, Brasil – ⭐ 3.5
- Lagarto (corte bovino) – Brasil – ⭐ 3.5
- Acém (corte bovino) – Brasil – ⭐ 3.5
- Pato no tucupi (ensopado) – Belém, Brasil – ⭐ 3.5
- Ostra ao bafo – Brasil – ⭐ 3.5
- Caldo de piranha (sopa de peixe) – Pantanal, Brasil – ⭐ 3.5
- Fraldão (corte bovino) – Brasil – ⭐ 3.5
- Baixaria (café da manhã típico) – Acre, Brasil – ⭐ 3.5
- Mocotó (ensopado) – Brasil – ⭐ 3.6
- Músculo (corte bovino, também presente em 2 outros países) – Brasil – ⭐ 3.6
- Tareco (biscoito) – Pernambuco, Brasil – ⭐ 3.6
- Paleta (corte bovino) – Brasil – ⭐ 3.6
- Peito (corte bovino) – Brasil – ⭐ 3.6
- Biscoito de polvilho – Minas Gerais, Brasil – ⭐ 3.7
- Sanduíche de mortadela – São Paulo, Brasil – ⭐ 3.7
- Salada de maionese – Rio Grande do Sul, Brasil – ⭐ 3.7
- Salpicão de frango – Brasil – ⭐ 3.7
- Cajuzinho (doce) – Brasil – ⭐ 3.7
- Bolo formigueiro (Anthill Cake) – Brasil – ⭐ 3.7
- Quibebe (sopa de legumes) – Nordeste, Brasil – ⭐ 3.7
- Canjica (doce de milho) – Brasil – ⭐ 3.8
- Casadinhos (biscoitos recheados) – Brasil – ⭐ 3.8
- Caruru (ensopado) – Bahia, Brasil – ⭐ 3.8
- Coxão mole (corte bovino) – Brasil – ⭐ 3.8
- Patinho (corte bovino) – Brasil – ⭐ 3.8
- Pamonha (enrolado de milho) – Brasil (e mais 3 regiões) – ⭐ 3.9
- X-Tudo (hambúrguer) – Brasil – ⭐ 3.9
- Curau (pudim de milho) – Brasil – ⭐ 3.9
- Barreado (ensopado) – Paraná, Brasil – ⭐ 3.9
- Baba-de-moça (creme doce) – Brasil – ⭐ 3.9
- Virado (refeição típica) – São Paulo, Brasil – ⭐ 3.9
- Capa de filé (corte bovino) – Brasil – ⭐ 3.9