Como é mergulhar nas águas doces do Rio Paraná; veja vídeo


Por Brenda Caramaschi

O Rio Paraná é o principal atrativo do Encontro das Águas, uma das regiões turísticas do Paraná, um verdadeiro paraíso náutico que abrange 12 municípios do Noroeste do Estado e atrai visitantes com passeios de barco, pesca esportiva e as belas praias de água doce. Mas a boa visibilidade aquática da região permite ainda uma outra atividade: o mergulho de água doce, uma experiência inesquecível contemplando as beleza da vida aquática nessa região única. 

O mergulho no é mais uma atividade da região que vê crescer a cada dia o número de turistas. / Foto: Marcelo Krause

Nas profundezas do segundo maior rio da América do Sul é possível ver grandes cardumes, áreas de correnteza e uma biodiversidade riquíssima. O ponto mais profundo, chamado justamente de Fundão, chega próximo a 20 metros. É lá que se encontram peixes enormes, como o jaú, que pode chegar a 80 quilos, e as matrizes do rio Paraná, com os maiores exemplares das espécies, onde se reproduzem. 

Há quinze anos, um grupo de mergulhadores encontrou abaixo da superfície um potencial de negócio a ser explorado e hoje oferece cursos de formação e mergulhos guiados a grupos que viajam o mundo inteiro em busca de aventuras aquáticas. Alessandro Miranda é instrutor de mergulho e sócio da empresa onde antes era cliente – ele conheceu o negócio contratando os serviços de mergulho e se apaixonou. 

Onde mergulhar no Rio Paraná

Arraias podem ser vistas com facilidade nos mergulhos no rio Paraná. / Foto: Marcelo Krause

Os pontos de mergulho variam conforme o nível do mergulhador. Na área para iniciantes, a correnteza é leve, calma, e a profundidade máxima é de cinco metros. Neste ponto, encontram-se cardumes de piaparas, piau três pintas, corvina, lambari, cascudo e arraias. Já o acesso ao Fundão é apenas para os mais experientes. A fenda que se abre no fundo do rio tem cerca de um quilômetro e meio de extensão, 200 metros de largura e até 20 metros de profundidade. Ali, a água é quentinha, chega a 28ºC. 

O local é usado, inclusive, para a formação em mergulho de profundidade. “A gente encontra aqui mergulhos mais profundos do que no litoral. Aqui no Sul, em Bombinhas ou Florianópolis (SC), por exemplo, a gente não passa de 12, 15 metros. Não é um mergulho tão colorido como o mar, mas é um mergulho de aventura e a gente tem uma água cristalina”, exemplifica Miranda.  A correnteza é outro diferencial apreciado por mergulhadores experientes. Em alguns trechos do rio, os mergulhadores descem cerca de um quilômetro sendo levados pela força das águas. 

“Melhor que no mar”

A combinação de fatores atrai turistas que rodam o mundo em busca de aventuras debaixo d’água. “No próximo final de semana, dos dias 21 e 22, vamos receber um grupo de mergulhadores experientes, que faz mergulhos em cavernas, vai direto para o México, e vem para mergulhar ali em Porto Rico. Eles poderiam ir para outros lugares do mundo, mas vêm curtir esse mergulho ali no rio Paraná. Muitos já conhecem, mas querem repetir, justamente por essas condições de correnteza forte, de ver muita vida. Às vezes a gente tá mergulhando e vem um armal, por exemplo, que é um peixe que a gente tem em abundância na região, que a gente não vê o fundo do rio, de tanto peixe que tem. No último mergulho que nós fizemos vimos pintados muito grandes”, conta o mergulhador.

O engenheiro Alex Godinho procurou o curso de mergulho para praticar pesca subaquática, mas mudou de ideia no processo e passou a ser atraído pela possibilidade de conhecer melhor o mundo subaquático de maneira contemplativa. Comparando diferentes pontos de mergulho onde ele já esteve, que incluem Ilha Grande, no Rio de Janeiro, Abrolhos, na Bahia, e Tarifa, na Espanha, ele diz que gosta mais do rio Paraná do que do mar. “A água salgada é meio desconfortável. Às vezes entra no olho, arde, e o equipamento estraga mais fácil. Tem que sair do mar e lavar todo o equipamento, colocar para secar, senão a vida útil diminui muito. E eu mergulho quase todo final de semana no rio Paraná. Você consegue ver mais peixe que no mar. Porto Maringá, Porto Rico, Porto Brasílio, Rosana, Porto Eucalipto… É muito gostoso, uma experiência incrível”. A paixão foi tamanha que hoje ele também já pensa em ser instrutor.

Veja como é mergulhar no Rio Paraná

Fomento ao turismo e cuidado com o meio ambiente

A empresa de mergulho é parceira do Governo do Estado e de prefeituras dos municípios banhados pelos rios do noroeste paranaense. Para estimular o turismo e deixar mais gente com vontade de conhecer o mundo subaquático, os instrutores levam óculos de realidade virtual a exposições, a pedido da Secretaria de Turismo do Paraná, onde é possível mostrar como é o fundo do rio e a experiência de mergulho.

Além do lazer e da aventura, grupos de mergulhadores voluntários também promovem mutirões de limpeza subaquática e atravessam toda a extensão mergulhável retirando lixo, como garrafas pet, latas de alumínio, chumbadas, pneus e redes de pesca ilegais. “Já fizemos essa ação em Porto Rico, Rosana (SP), Marilena… Chamamos esse lixo de ‘pesca fantasma’, porque são redes, tarrafas, que o pescador perde e continuam matando o peixe lá embaixo, e só através do mergulho podemos retirar isso, porque as redes ficam presas lá no fundo”, explica o instrutor.

Quanto custa mergulhar

Valores de mergulho variam de acordo com a experiência do mergulhador./ Foto: Marcelo Krause

O curso para se tornar mergulhador autônomo, para ser habilitado a realizar mergulhos a até 18 metros, em qualquer lugar do mundo, tem custo aproximado de 2,5 mil reais. 

Já os passeios, para quem já é habilitado, custam cerca de 500 reais, incluindo o transporte, em lancha, até o ponto de mergulho. Existem mergulhos de experiência, onde não é preciso ter o credenciamento. Um dos pontos mais tranquilos para fazer isso nas águas doces da região fica em Ribeirão Claro e é ideal para quem está começando. 

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