Conheça a Rota dos Caminhos do Peabiru: rede de trilhas ancestrais que atravessa o Paraná
O governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou nesta nesta terça-feira, 26, um decreto que instituiu o “Programa Rota Turística do Caminho de Peabiru”, que tem como objetivo implementar e manter essa rede de trilhas ancestrais que atravessa o Paraná, de Paranaguá a Foz do Iguaçu, e chega ao Peru. O decreto 8.025 visa a promoção da Rota com o objetivo de estruturar e fomentar o turismo sustentável, fortalecer corredores ecológicos, a herança cultural e a promoção do bem-estar, por meio da implementação de trilhas de longo curso.
A rota foi usada por diversos povos indígenas, como os Guarani, Kaingang, Xetá e, depois, por exploradores europeus, jesuítas e incas. Os caminhos serviam tanto à comunicação e comércio entre aldeias quanto para fins religiosos, visto que para algumas dessas culturas a rota representaria o traçado do percurso do Sol na Terra, seguindo a orientação da Via Láctea.
Entre os objetivos específicos do Programa Rota Turística Caminhos do Peabiru estão estabelecer uma rede integrada de municípios para fortalecer o turismo, consolidando as Trilhas de Longo Curso; fomentar o turismo nas comunidades, promovendo o desenvolvimento sustentável, criando oportunidades de trabalho e renda, e melhorar a conexão entre áreas naturais protegidas e os corredores ecológicos na conservação da biodiversidade.
O decreto estabelece que a Secretaria de Estado do Turismo (Setu) vai coordenar a execução do programa de forma a viabilizar os objetivos determinados e promover a integração e alinhamento junto aos municípios paranaenses – 84 deles integrantes da iniciativa –, Instâncias de Governanças Regional (IGRs), comunidades e entidades com atribuições afins.
De acordo com o secretário do Turismo, Márcio Nunes, o decreto é um grande passo para o Estado estruturar essas trilhas como um poderoso atrativo turístico do Paraná. “A Rota Transcontinental Caminhos de Peabiru já é considerada por lei um Patrimônio de Natureza Cultural Imaterial Paranaense, e tem todos os atributos para ser uma rota turística que atraia visitantes do Brasil e do Mundo, mesclando ecoturismo e história”, afirma.
Cooperação
Segundo o decreto, a SETU e a Secretaria de Estado do Planejamento (SEPL) poderão firmar um termo de cooperação com vista ao financiamento de projetos e outras medidas necessárias à implementação da rota turística, que dará vazão a esse esforço do Governo do Estado em recuperar a história.
“O Paraná fez a escolha de contar sua história pelos Caminhos do Peabiru e esse decreto vai possibilitar receber recursos para sinalizar, criar infraestrutura e permitir que o cidadão e o turista possam encontrar nossa ancestralidade, que isso possa ser contado às futuras gerações e que possamos construir ações turísticas que gerem emprego e renda para a população”, diz o secretário do Planejamento, Guto Silva.
Patrimônio imaterial
A coordenadora de Gestão e Sustentabilidade na Setu, Anna Vargas de Faria, explica que este projeto está sendo construído pelas pastas de Turismo e Planejamento, em conjunto com a Rede Paranaense de Trilhas, e que o decreto dá continuidade a um trabalho que teve início com a Lei 21.046/2022, o qual reconheceu os caminhos como patrimônio imaterial do Estado.
“Este projeto é de médio prazo e visa estabelecer uma rede integrada de trilhas entre os municípios que compõem esses caminhos, patrimônio não só do Paraná, mas do Brasil e de seus povos originários. A ideia é desenvolver o turismo sustentável, o etnoturismo, ecoturismo e turismo rural, por meio da implementação dessa trilha nacional de longo curso, fazendo dessa trilha um novo produto turístico do Estado, capaz de mobilizar a atração de investimento, gerar trabalho e renda, promover o fortalecimento de corredores ecológicos e a saúde e bem-estar”, diz.
“Todos os municípios e IGRs serão contatados pela nossa equipe para iniciarem seu processo de adesão ao programa passando primeiro pela etapa de sensibilização, que visa garantir que todos os envolvidos compreendam seus papeis, além de esclarecer as dúvidas iniciais sobre o processo de mapeamento e implementação da Trilha de Longo Curso”, complementa.
Sobre o caminho de Peabiru
Peabiru é palavra tupi-guarani e possui muitas traduções: caminho forrado, caminho pisado, caminho sem ervas, caminho que leva ao céu. O caminho de Peabiru possui cerca de quatro mil quilômetros; no litoral ele tinha duas entradas, uma no litoral norte de Santa Catarina e outra em Cananeia (SP). Os dois ramais se encontravam no Norte do Paraná, formando um único caminho que rumava em direção a Guaíra. Esse seguia pela região fronteiriça e adentrava a Bolívia até Santa Cruz, dividindo-se depois em ramais para Cusco e para a Região Norte do Chile. Um dos ramais passava por Foz do Iguaçu, pelo qual passou Cabeza de Vaca em 1542, quando os guaranis mostraram a ele a existência das Cataratas. Relata-se: hoje se diz que ele foi o descobridor das Cataratas, mas é justamente ao contrário, foram os guaranis que mostraram a ele as quedas. Nos ramais do Paraná o caminho passava por cidades como Francisco Beltrão, Maringá, Campo Mourão, Foz do Iguaçu e, ainda, o município de Peabiru.
A lista de municípios por onde passa o Caminho de Peabiru inclui cidades como Nova Tebas, Iretama, Luiziana, Corumbataí do Sul, Barbosa Ferraz, Fênix, Quinta do Sol, Peabiru, Campo Mourão, Mamborê, Roncador, Nova Cantu, Campina da Lagoa, Araruna, Farol, Janiópolis, Boa Esperança, Juranda, Rancho Alegre do Oeste, Goioerê, Terra Roxa, Altônia e Guaíra.
As informações são da Agência Estadual de Notícias.