Conheça o casal da região de Maringá que transformou uma Kombi em casa sobre rodas e viaja por todo o Brasil


Por Thiago Danezi

Depois de mais de 20 anos juntos e uma vida marcada por viagens improvisadas de moto, o programador Alessandro de Lima Folk e a fisioterapeuta Sarah Alves Melo Folk, ambos com 37 anos, decidiram mudar completamente de rotina para viver na estrada. O casal de Apucarana, região de Maringá, transformou uma antiga Kombi branca, carinhosamente batizada de Fiona, em uma casa sobre rodas construída inteiramente na garagem de casa. Hoje, eles percorrem o Brasil e países vizinhos, acumulando histórias, desafios e uma liberdade que sempre buscaram.

Uma história que começou na infância

Muito antes de embarcarem na vida nômade, a história de Alessandro e Sarah já era marcada por uma conexão profunda. Eles se conheceram aos cinco anos de idade, quando moravam no mesmo bairro de Apucarana. Embora não tenham estudado juntos, frequentaram a catequese e cultivaram uma amizade que perdurou por toda a infância.

“A gente se conheceu aos cinco, não chegamos a estudar juntos, mas fizemos catequese juntos e sempre fomos amigos”, lembra Sarah.

Na adolescência, a amizade se transformou. Aos 14 anos, descobriram que havia algo a mais entre eles, e dois anos depois oficializaram o namoro. “Tínhamos 14 anos quando tudo começou, mas oficializamos nosso namoro aos 16. De lá pra cá, seguimos juntos, nos casamos e estamos aí”, conta Alessandro. A parceria construída desde cedo se tornaria a base da vida de aventuras que escolheriam no futuro.

Da paixão pela estrada ao sonho da casa sobre rodas

A ideia de viver viajando não surgiu de repente. Alessandro, programador desde 2008, desejava há anos uma vida mais livre e sem pressa. Para isso, fez mudanças profissionais, migrou para o home office e, em seguida, para o trabalho como freelancer, conquistando autonomia para atuar de qualquer lugar. Sarah, aos poucos, organizou-se para deixar a fisioterapia e se dedicar ao novo plano de vida.

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O casal já cultivava a paixão pela estrada havia muito tempo. Viajavam de moto sempre que podiam, quase sempre sem destino certo. “Nos nossos rolês, a gente viajava nem tanto pelo lugar, mas pela estrada”, relata Alessandro. Acampamentos improvisados, viagens repentinas e longos percursos sobre duas rodas eram parte da rotina.

O nascimento da Fiona: da chuva ao sonho

A decisão de construir um motorhome surgiu após duas viagens marcadas por perrengues: uma com chuva intensa até Florianópolis e outra ao Rio Grande do Sul, em que acabaram gastando caro em hotéis considerados ruins. Eles concluíram que precisavam de algo mais confortável e prático.

Foi em um evento automotivo, em Maringá, que encontraram a Kombi que mudaria suas vidas. O veículo, simples e cru por dentro, foi transformado ao longo de cinco meses com trabalho intenso na garagem: desmontagem total, isolamento, elétrica, hidráulica, móveis planejados e pintura. “Uns 59,99% foi feito aqui em casa”, brinca Alessandro.

O processo, porém, exigiu equilíbrio emocional. “Com dois meses eu já queria desistir”, admite Sarah, lembrando-se das madrugadas em que o marido seguia trabalhando incansavelmente na montagem.

Primeira viagem: caos, chuva e teimosia

A estreia da Fiona estava prevista para janeiro, mas o veículo ainda não estava totalmente pronto. Mesmo assim, perto da data do aniversário de casamento, Sarah insistiu em viajar para Campos do Jordão. “Ele dizia: vai dar errado. E eu dizia: vamos!”, conta.

Os contratempos surgiram rapidamente: chuva forte, água entrando pela janela, calota perdida, rolamento estourado, parabrisas danificado, avarias no motor e até um enxame de abelhas. A viagem, planejada para durar um mês, acabou reduzida a sete dias. “Mas a gente chegou em Campos do Jordão. Nem que fosse de guincho”, diz Alessandro, rindo.

Cinco meses na estrada

Após o retorno, o casal refez o motor da Kombi, ajustou falhas e partiu novamente. Desde junho, viveram cinco meses de estrada, passando por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, incluindo paisagens icônicas como a Serra do Rio do Rastro. Chegaram também ao Uruguai e à divisa com a Argentina.

Na volta, percorreram o litoral gaúcho e seguiram para Curitiba para participar de um evento de motorhomes em Pinhais — que frequentavam mesmo antes de terem o próprio veículo. Com a aproximação do fim do ano, decidiram retornar temporariamente a Apucarana para ficar com a família.

Uma viagem sem data para terminar

O retorno para casa é apenas uma pausa. O plano inicial — seguir do Chuí até o Nordeste — continua de pé e deve ser retomado em breve. Com a Fiona ajustada e a confiança renovada, Alessandro e Sarah seguem vivendo exatamente como aprenderam ainda jovens: juntos, parceiros e sempre em movimento.

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