Conheça o misterioso Cemitério dos Caboclos, em Paiçandu


Por Chrystian Iglecias, com Informações de Miguel Fernando / Maringá Histórica

Você acredita em fantasmas? Esta, certamente, é uma das perguntas mais recorrentes da humanidade. Lendas sobre lugares mal-assombrados são quase um clássico, e uma destas histórias está em Paiçandu, do nosso lado. Além de aparições de “espíritos”, são atribuídos ao Cemitério dos Caboclos os muitos acidentes que ocorrem na PR-323, apelidada de “rodovia da morte”. 

Para começar a contar esta história, é preciso contextualizar este cemitério, que hoje está abandonado. Segundo alguns pesquisadoras, sua construção se deu entre as décadas de 1930 e 1950. Sua finalidade era enterrar apenas os chamados “caboclos” que habitavam na região noroeste paranaense. Pouco estudados, os caboclos eram mestiços, entre índios, negros, brancos e até muçulmanos.

Estes mestiços eram pessoas de estatura mediana, fala mansa e marcados por construções rústicas. Os caboclos, inclusive, são considerados os primeiros habitantes da região metropolitana de Maringá. Eles teriam desaparecido na década de 60.

Como você pode conferir nas imagens, o local é repleto de artifícios usados para trabalhos espirituais. Isto significa que, hoje em dia, além dos curiosos, membros de religiões africanas provavelmente também visitam o histórico cemitério.

Fantasmas

A PR-323, conhecida como “rodovia da morte” devido ao altíssimo número de acidentes fatais, passa bem ao lado do Cemitério dos Caboclos. O relato mais emblemático é de um famoso personagem da região, que a comunidade apelidou de “Caboclinho”. Segundo a lenda, seu espírito apareceria no banco de passageiro de caminhões e puxaria o volante para a esquerda, causando acidentes. 

Muitos realmente acreditam que o Cemitério dos Caboclos é mesmo mal-assombrado. Entre diversas histórias contadas por moradores dos arredores do local, destacam-se os que garantem que veem vultos próximos ao cemitério e os que contam terem avistado caboclos andando nas margens da rodovia, e quando olhavam pelo retrovisor de seus veículos, adivinha: não tinha mais nada lá.  

Segundo a lenda, na região vivia um famoso curandeiro chamado Pai Çandu, que deu nome ao município. Ele seria um respeitado líder indígena que foi referência política entre as tribos da região durante a guerra contra o Paraguai. Pai Çandu teria aceitado ajudar os “homens brancos” no confronto em troca de receber reservas para que seu povo pudesse viver melhor. Os soldados brasileiros, no entanto, não cumpriram a promessa, o que fez Pai Çandu tomar uma decisão drástica: ele proibiu qualquer tipo de contato dos índios com os brancos. 

Por serem filhos de índios com soldados brasileiros, os caboclos foram condenados a morte. Seus corpos, muitos ainda crianças, foram enterrados em valas comuns à mando de Çandu. Após a morte do líder, as mães destas crianças mortas resolveram construir o Cemitério dos Caboblos, como homenagem às vítimas da crueldade de Pai Çandu. No entanto, muitos creem que estas almas nunca descansaram…

Os acidentes na PR-323, de acordo com a lenda, nem sempre são frutos de negligência ao volante, e sim provocados pelos espíritos dos caboclos.

Uma história contada por um caminhoneiro afirma que, certo dia, enquanto voltava de um frete, o rádio do veículo parou de tocar músicas e começou a emitir sons de gemidos. Arrepiado dos pés à cabeça, o caminhoneiro sentia que não estava sozinho em sua cabine. Foi quando ele jura de pés juntos ter visto algo parecido com uma mão puxando o volante do caminhão e mudando sua rota, quase o fazendo tombar na estrada. Seria o “Caboclinho”?

E aí? Você acredita nestas lendas? Pra você, é possível espíritos visitarem a Terra e provocarem tragédias? A veracidade dos fatos, seguramente, nunca saberemos. 

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