Conheça o prato típico do Paraná eleito um dos piores do Brasil em ranking; veja lista completa
Um ranking elaborado pelo Taste Atlas, plataforma colaborativa de gastronomia, que reúne pratos, receitas e ingredientes de todo o mundo, tem gerado polêmica. Isso porque após 7.456 avaliações feitas no site até setembro, foi divulgada uma lista com 37 piores comidas do Brasil, entre elas o Barreado, prato típico do Paraná.
A classificação geral de pratos típicos de todo o mundo é feita pela votação de usuários da plataforma que dão notas de 0,5 a 5. A partir disso, o site reúne a média e divulga ao público. No topo da lista dos pratos do Brasil com piores avaliações está o cuzcuz paulista, seguido por arroz com pequi e pelos cortes de carne acém e paleta. Nem mesmo salada de maionese, cajuzinho, bolo formigueiro e sanduíche de mortadela escaparam e foram incluídos entre as piores comidas brasileiras – veja no fim da reportagem a listagem completa.
Ranking com barreado entre os piores pratos do Brasil gera polêmica
No ranking do Taste Atlas, aparece na 34ª posição, o barreado, prato típico do Paraná, com avaliação de 3,9, a mesma ds pamonha, X-tudo, galinhada, casadinhos, creme de papaya, baba-de-moça e carne de onça: 3.9. Nas redes sociais, a lista gerou polêmica.
“Eu não gosto de barreado, mas que ranking absurdo. Como que cortes de carne de primeira estão na lista se na Europa eles comem carne enlatada??? Sequilhos, biscoito de polvilho, pé de moleque, pamonha, pão com mortadela, cajuzinho e casadinho…sai fora!”, escreveu uma internauta.
“Olha, cada um tem um paladar e gosto! Tem estrangeiros que não gosta de pão de queijo! Ponto! Eu não como Sushi e nem por isso, vou dizer que é a pior comida”, disse outra.
Conheça o barreado
O Barreado é um prato típico do Litoral paranaense, e tem suas origens no preparo tradicional dos Açores, em Portugal, mas foi adaptado aos ingredientes locais. Feito à base de carne bovina, o prato é cozido por pelo menos oito horas em uma panela selada com goma de farinha de mandioca. Após esse longo cozimento, a carne, já desfiando, é servida acompanhada de farinha de mandioca branca e banana.
“Este ensopado farto é feito com carne bovina (geralmente cortes de segunda qualidade de carne mais dura com muita gordura), cebola, tomate, caldo de carne, cominho, folhas de louro e bacon frito”, informa o Taste Atlas.
Com o passar dos anos, novas exigências da Vigilância Sanitária tornaram necessárias algumas mudanças no preparo do barreado. A mais significativa foi a substituição das antigas panelas de barro, que eram cobertas com folha de bananeira e seladas com uma mistura de barro e cinzas — daí o termo “barrear” — por panelas modernas de ferro.
Para substituir a selagem com barro e cinzas, passou-se a usar uma goma feita de mandioca, água e farinha de trigo, que funciona como selante das panelas, transformando-as em uma espécie de panela de pressão. Quando a carne começa a ferver, a goma de mandioca racha para liberar a pressão, semelhante ao funcionamento de uma válvula de panela de pressão. É a partir desse ponto que se inicia a contagem do tempo de cozimento.
Embora adaptado, o método preserva uma técnica centenária. O uso da goma de mandioca, segundo especialistas, mantém o sabor característico do barreado, sendo uma solução que substitui o barro e a cinza, sem comprometer o sabor original.
Na coluna CBN Maringá Gastronomia, no início do ano, a chef e professora de Gastronomia, Andrea Shima, reforçou o valor histórico do barreado. “É o prato típico do Carnaval aqui no Paraná e está no Brasil desde a chegada dos portugueses. Eles já sabiam da importância de uma refeição substanciosa para aguentar a maratona da festa”, conta Andréa.
Segundo Andréa, o preparo do barreado é uma tradição que remonta há séculos. “O verdadeiro barreado é feito em panela de barro, vedada com uma mistura de farinha e água. Esse processo faz a carne ficar cozinhando por horas, e o resultado é uma carne macia e suculenta, que se desfaz na boca. É uma refeição completa, acompanhada de farinha e banana, além de outras delícias regionais, como a cachaça de banana, que é bastante popular na região de Morretes, no Paraná.”
De acordo com a chef, o segredo do barreado está na paciência. “O prato pode ficar até 20 horas cozinhando. É uma tradição manter o cozimento lento, para que a carne atinja a textura perfeita e o caldo ganhe aquele sabor irresistível”, explica. Ela também menciona que, apesar da simplicidade dos ingredientes – carne de segunda, farinha, banana e temperos –, o resultado é surpreendente e muito nutritivo. “É o tipo de refeição que sustenta de verdade.”
Veja a lista com os piores pratos brasileiros, segundo o Taste Atlas
- Cuscuz Paulista: 2.8
- Arroz com Pequi: 3.1
- Acém: 3.1
- Paleta: 3.2
- Maria-mole: 3.3
- Lagarto: 3.3
- Sequilhos: 3.5
- Sagu: 3.5
- Tareco: 3.5
- Coxão Mole: 3.5
- Ostra ao bafo: 3.5
- Pé-de-moleque: 3.6
- Quibebe: 3.6
- Músculo: 3.6
- Patinho: 3.6
- Maniçoba: 3.6
- Peito: 3.6
- Sanduíche de mortadela: 3.7
- Salada de maionese: 3.7
- Cajuzinho:
- Salpicão de frango: 3.7
- Abará: 3.7
- Caldo de piranha: 3.7
- Biscoito de polvilho: 3.8
- Canjica: 3.8
- Mocotó: 3.8
- Bolo formigueiro: 3.8
- Caruru: 3.8
- Pato no tucupi: 3.8
- Pamonha: 3.9
- X-Tudo: 3.9
- Galinhada: 3.9
- Casadinhos: 3.9
- Barreado: 3.9
- Creme de papaya: 3.9
- Baba-de-moça: 3.9
- Carne de onça: 3.9