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28 de setembro de 2024

Descobertas novas passagens em gruta usada durante o regime militar


Por Geovan Petry/CBN Maringá Publicado 23/09/2022 às 17h53 Atualizado 20/10/2022 às 19h20
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Fotos: Fernando Felippe Rodrigues

Uma gruta, usada como esconderijo durante o regime militar, guardava mais do que um simples espaço. No fim da semana passada, os biólogos Fernando Felippe Rodrigues e Udson Mikalouski, por curiosidade, decidiram ver o que mais havia no local que está localizado na zona rural de Mauá da Serra. O Fernando disse que, para chegar à gruta, não é tarefa fácil por ser de difícil acesso. Até aquele momento não tinha mais do que 30 M². Daí a surpresa: o espaço tem cerca de 120 M², e os poços, aproximadamente 10 metros de profundidade. 

“Eu, como ex militar do exército, fiquei pensando sobre esses dois poços que tinha lá, um era molhado e o outro era seco. Aí eu fiquei pensando que se eu fosse um marechal e tivesse sendo procurado eu não ia fazer um poço pra eu descer lá embaixo e ficar encurralado. Qualquer armamento que colocasse lá eu ia ser atingido, […] então não ia fazer todo aquele trabalho lá para ficar encurralado. […] Fiquei com isso na cabeça […] então, juntou eu minha esposa e minha filha, o seu José, o professor Udson da tropa ambiental e a gente fez a descida de rapel. Eu fui o primeiro a descer e a emoção foi muito grande, porque eu fiquei com aquele negócio na cabeça por uma semana”, diz Felippe.

O professor e biólogo, Udson Mikalouski, fala que concordou em ir mais fundo na gruta. Foi aí que aconteceu a descoberta. 

“No domingo agora nós levamos o equipamento para descida de rapel e aí o Felippe foi o primeiro a descer lá e quando ele desceu ficou todo empolgado que já viu o túnel. Então nós encontramos ali uma galeria ali na gruta bem maior do que a parte que já era conhecida da população. Então, na verdade, depois do pessoal do Marechal Lott nós fomos os primeiros a explorar aquela região ali”, diz Udson.

O Marechal Henrique Batista Duffles Teixeira Lott, ou apenas Marechal Lott, foi um ministro de guerra que teve papel fundamental na posse do presidente Juscelino Kubitschek e de João Goulart. Foi ele que, no dia 11 de novembro de 1955, liderou um movimento conhecido como Golpe Preventivo do Marechal Lott para assegurar a posse do presidente e vice que foram eleitos.

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Estudos de mestrado, doutorado e livros comprovam que o Marechal Lott esteve nesse lugar com outros militares, fugindo da perseguição de 1964. A gruta, escavada por Lott e outros homens, está localizada em uma reserva particular, no interior da Fazenda Monte Sinai, em Mauá da Serra e foi batizada de “JK”. Foi ali que Lott se escondeu da perseguição do exército. A gruta, segundo Fernando Felippe Rodrigues, tem três túneis, que seriam usados para armazenar água.

“Encontrei alguns animais lá, aracnídeos, alguns insetos, alguns artefatos da época, e o fundo desse primeiro túnel dava em mais 3. Então esses três túneis davam na mesma direção e acabavam em outro poço. E esse outro poço era úmido, molhado, tinha mais ou menos 40cm de água”, diz Felippe.

O biólogo, Udson Mikalouski, relata que, na gruta, foram encontrados pertences que foram trazidos pelos militares. Após essa descoberta, estudiosos devem ir até o local para registrar e poder realizar novas pesquisas. 

“Alguns historiadores dizem que ele ficou ali cinco meses, outros oito meses, até porque o local era pequeno, mas isso talvez tenha influência na questão de quanto tempo ele ficou, porque lá nós achamos velas, indícios de fogueiras. […] A gente vai entrar em contato com as universidades pra ver qual delas ali tem um interesse em fazer uma exploração ali mais detalhada, traçar um novo perfil histórico ali”, diz Udson.

Ouça a reportagem completa na CBN Maringá. 

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