Em recuperação de grave acidente, casal da região planeja comemoração de 60 anos de casamento


Por Felippe Gabriel

Edinalva Ribeiro dos Santos Costa, de 76 anos, e Adelino Gomes da Costa, de 92 anos, vão comemorar as bodas de diamante neste ano, após completarem 60 anos de casamento. O casal de Campo Mourão, no entanto, precisou adiar as celebrações por estarem se recuperando de um grave acidente de trânsito em que se envolveram há cerca de dois meses.

Foto: Arquivo pessoal

Os paranaenses se casaram em 18 de agosto de 1964, em Marialva, e as comemorações estavam marcadas para o último domingo. Em junho, Edinalva e Adelino saíram para provar as roupas e as alianças da festa, quando se envolveram em uma colisão entre veículos na volta para casa.

Eles estavam no banco de trás de um Ford Fiesta conduzido por uma amiga, que perdeu o controle da direção e se chocou com outro automóvel, além de atingir uma placa de trânsito e uma carreta na sequência. A motorista e Adelino ficaram presos às ferragens e o Fiesta teve perda total.

Felizmente, todos foram socorridos conscientes. Edinalva não se feriu, mas foi constatado que ela está com a patela deslocada e, por isso, aguarda a realização de procedimento cirúgico e está usando cadeira de rodas. Já Adelino teve duas fraturas na perna direita e precisou passar por cirurgia. Na CTI (Centro de Terapia Intensivo), teve complicações por conta dos medicamentos e quase não resistiu, mas teve melhora e hoje realiza sessões de fisioterapia em casa.

A festa não pode parar

Apesar da idade, o casal é muito ativo e independente, e o acidente não foi causa de desânimo aos dois. Adelino sempre tabalhou no campo e depois no setor de metalurgia e mineração, enquanto Edinalva trabalhou de “tudo um pouco” durante a vida, desde o campo até ser professora. Hoje o casal cuida dos animais de estimação e das plantas da casa, além de sempre receberem muito bem suas visitas.

Toda essa energia garantiu que a festa dos 60 anos de casamento ainda será realizada, assim que ambos estiverem em plenas condições. Os familiares até sugeriram fazer a cerimônia com o casal na cadeira de rodas, mas Edinalva recusou.

Sem data prevista para acontecer, a comemoração vai reunir família e amigos em Maringá, com a expectativa de mais de 130 presentes. Aliás, estar rodeados de muitas pessoas é algo comum para Edinalva e Adelino. O casal teve 14 filhos, além de 27 netos, 38 bisnetos e dois tataranetos.

Edinalva e Adelino em 1979, ainda com oito filhos | Foto: Arquivo pessoal

Para acomodar todos, a festa terá duração de dois dias. Uma chácara e buffet foram alugados para os convidados se reunirem após a cerimônia religiosa, que será realizada na Capela Nossa Senhora Aparecida, na Avenida Guaipó. Todos os familiares e amigos de Campo Mourão virão a Maringá para a celebração.

A história do casal diamante

Edinalva e Adelino se conheceram em Aquidabã, distrito de Marialva, três meses antes de se casarem, em 1964. Na época com com 32 anos, ele já era viúvo do primeiro casamento e pai de quatro filhas, a mais velha com seis anos de idade. Edinalva tinha 16 anos e participava de grupos de oração pelas fazendas da região, onde se encontrou com Adelino pela primeira vez.

Conversando às encondidas, os dois estavam decididos a casar, mas encontravam resistência no pai de Edinalva. Segundo ela, seu pai não aceitava a grande diferença de idade entre eles, além das filhas e da viuvez de Adelino, ao ponto de ameaçá-los caso os vissem juntos.

Dessa forma, a única alternativa foi fugir. O casal se juntou com uma pequena mala e partiu para Marialva para se casar no cartório da cidade. Sabendo da notícia, o pai de Edinalva foi até a cerimônia, assinou os documentos e foi embora, sem causar problemas.

Finalmente casados, os dois foram morar juntos e não demoraram a ter filhos, pois na época do casamento, Edinalva já estava grávida. Ao todo, foram nove filhos biológicos, sendo duas mulheres e sete homens, o último em 1980. A família permaneceu em Marialva até o fim da década de 1970, quando então se mudou para o interior de São Paulo, onde ficou por 19 anos. O retorno para o Paraná aconteceu em 1996, quando todos vieram para Campo Mourão.

Junto com o casal, morava Alice, a filha mais velha do primeiro casamento de Adelino, que ajudou Edinalva a criar as crianças. Ela morou com os dois até os 22 anos, enquanto as outras filhas do viúvo moravam com as tias.

Muitos filhos e muito amor

Mas o amor de mãe de Edinalva era enorme e não se limitou apenas aos seus descendentes. Ela conta que logo após sua última gravidez prometeu para si mesma que qualquer criança que chegasse até ela receberia todo o carinho do mundo. Foi quando, os 40 anos de idade, Edinalva adotou mais uma filha, chamada Daiane.

A bebê foi entregue por sua mãe biológica ainda muito nova, por não ter condições de cuidar. Anos mais tarde, os irmãos adotivos de Daiane perceberam um atraso em seu desenvolvimento e ela foi levada para uma avaliação médica, que constatou uma mancha em seu cérebro após uma ressonância. Segundos os médicos, a condição especial de Daiane foi decorrente de uma tentativa de aborto malsucedida, que comprometeu sua formação.

Ficando sob os cuidados dos pais adotivos durante toda a vida, Daniela faleceu há 1 ano e meio, aos 36 anos de idade, vítima de um ataque fulminante do coração. O velório aconteceu na casa da família e reuniu cerca de 350 pessoas para a despedida.

Daiane (ao centro) ao lado dos pais adotivos | Foto: Arquivo pessoal

O casal conta que sempre teve muito orgulho dos filhos, que nunca se envolveram em problemas e constituíram lindas famílias. Hoje, muitos estão espalhados pelo Brasil, mas ainda assim são muito unidos e sempre se fazem presentes.

Agora vivendo um para o outro, o casal sempre esteve em harmonia. “A gente nunca brigou, mas às vezes eu grito porque o Adelino é meio lento e eu gosto das coisas feitas na hora”, brincou Edinalva. O segredo para isso podem ter sido os “mimos” durante os 60 anos de casamento. Desde a primeira manhã morando juntos, Adelino leva o café para Edinalva na cama, e hoje, ela se acostumou e não levanta sem o seu cafézinho.

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