Estudante da região vai representar o Brasil em Olimpíada de IA na China

O Paraná vai ter um representante na Olimpíada Internacional de Inteligência Artificial em Pequim e ele é morador da região noroeste. O estudante Samuel Mobilia Mota, 18, vive em Douradina,município com menos de 10 mil habitantes, e embarca nesta quinta-feira, 31 de julho, para chegar à China, no dia 2 de agosto, na primeira viagem internacional da vida.
Samuel está no terceiro ano do ensino médio e se destacou entre mais de 716 mil estudantes na 1ª Olimpíada Nacional de Inteligência Artificial, que teve sete meses de duração e quatro fases de disputa. Além do paranaense, outros três estudantes brasileiros vão participar da fase final, todos moradores de grandes centros: um é de São Paulo, o outro de Campinas, no interior paulista e o terceiro de Canoas, no Rio Grande do Sul. Samuel nasceu em Santo André, em São Paulo, mas mora no Paraná desde os dois anos de idade e cresceu na área rural.
“O meu interesse começou porque quando eu era muito pequeno eu morava numa chácara. Quando chegava a noite ou quando ficava cansado de ficar brincando no meio do mato, eu ia pra casa. Eu tive esse interesse natural pela internet e meus pais sempre me apoiaram. Sempre gostei de pesquisar, sempre tive videogame, foi algo que naturalmente foi sendo desenvolvido quando eu era pequeno. Quando surgiu essa oportunidade de participar dessa prova, eu já achava a inteligência artificial algo muito legal porque eu pensava ‘como que eles conseguiram fazer um negócio tão avançado que conversa com a gente de forma tão natural?’. E aí juntou essa minha curiosidade com a prova, com as Olimpíadas que eu participei”, conta.
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A preparação para a Olimpíada exigiu muito tempo de pesquisa para aprimorar o conhecimento, principalmente na área de programação. Se as duas primeiras fases da competição tinham caráter mais introdutório a esse universo, na terceira, tudo ficou mais desafiador. “Foi quando eles deram uma semana pra gente desenvolver um modelo de inteligência artificial que consegue prever que tipo de planeta que a gente tá observando. Aí realmente a dificuldade saltou bastante. Muita gente, incluindo eu, nunca tinha feito um modelo de inteligência artificial que realmente conseguisse fazer isso. A gente teve que fazer isso puramente à mão mesmo, teve que aprender, pesquisar. Foi maçante, foi bem cansativo, para ser sincero, porque a gente não pôde aprender num ritmo tranquilo, para absorver informação, entender a base do que eu estava fazendo para resolver o problema. Vou pegar como exemplo um cálculo de matemática. Para essa prova eu tinha que aprender a fazer o cálculo de matemática e depois entender como aquele cálculo funciona. Eu preciso saber que 2 mais 2 é 4 para depois entender porque 2 mais 2 é 4”, exemplifica, de maneira didática, o estudante.
Samuel nunca fez curso de programação. Tudo o que aprendeu foi na escola pública ou pesquisando por conta própria. Ele divide o tempo entre os estudos e o trabalho, onde se encarrega da análise de supply chain no setor de eletrodomésticos de uma grande empresa com sede no pequeno município. O rapaz entrou como jovem aprendiz em 2023 e foi efetivado no ano seguinte. No trabalho, a tecnologia é aliada para otimizar processos. “A gente faz a conta estratégica, para saber quanto que a gente tem que comprar de cada modelo e de cada marca para poder alinhar o melhor possível com a estratégia da empresa. Apesar de não estar relacionado diretamente com programação, o trabalho auxilia bastante nisso, porque a nossa liderança incentiva a gente a buscar uma forma de resolver os problemas que a tem da melhor forma possível para automatizar algumas tarefas, fazer tarefas que a gente não conseguia fazer antes manualmente”, conta.
Preparação para as Olimpíadas

Antes do embarque até o outro lado do planeta, a preparação foi intensa. Os participantes selecionados para a próxima etapa tiveram de resolver três provas, que exigiram cerca de uma semana de dedicação cada, e ainda não conseguem prever o que virá na próxima etapa. “Pode ser bem abrangente. A gente não sabe como vão ser as provas especificamente, o que eles vão pedir pra fazer. E também tem a Team Challenge, que é a tarefa em grupo que a gente vai fazer em outro dia envolvendo robótica e inteligência artificial, obviamente”, diz.
Além da competição, a viagem também oferece uma imersão cultural e uma visita à Muralha da China. “É uma felicidade muito grande ter minha primeira oportunidade de viajar pra fora do país de avião, tudo pago. Vamos ficar uma semana do outro lado do mundo. Eu fiquei muito feliz de poder viajar para tão longe, uma cultura totalmente diferente, e poder interagir com as pessoas que vão estar lá, de todo lugar do mundo… Do Japão, da própria China, Alemanha, Itália, Portugal, Bulgária, Estados Unidos, todo mundo. Vai ser muito legal”, comemora.
Em visita ao Palácio do Iguaçu, o estudante foi presenteado pelo Governo do Estado com um notebook. O secretário da Educação, Roni Miranda, ressaltou que o Paraná tem incentivado os jovens a entrarem na área da tecnologia a partir do currículo escolar, criando a disciplina de programação na rede estadual do Paraná. “Nós temos mais de 500 mil alunos do Paraná fazendo programação. E o Paraná liderou todas as etapas dessa Olimpíada e hoje colhemos esse fruto. O estudante vai representar o Paraná, mas também representa o Brasil”.
