Jovem paranaense passa por três cirurgias após uso de cigarro eletrônico e mãe faz alerta: ‘Vi meu filho à beira da morte’


Por Camila Maciel
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Fotos: Arquivo Pessoal

Um hábito que parecia inofensivo quase tirou a vida do jovem Manoel Belej, de 18 anos. Morador de Telêmaco Borba, no Paraná, ele começou a fumar cigarro eletrônico aos 16 anos e, em poucos meses, viu a vida virar de ponta-cabeça.

Ele, que já tinha asma, desenvolveu um quadro chamado pneumotórax, uma condição que causa colapso parcial ou total dos pulmões. Para reverter a situação, em pouco mais de um ano de tratamento, o jovem passou por três cirurgias, precisou de quatro drenos, fisioterapia e ficou internado na semi-UTI. “Vi meu filho à beira da morte”, lembra a mãe, Ane Belej.

Tudo começou em dezembro de 2022, quando o estudante passou a fumar cigarro eletrônico junto com os amigos. Ane sempre o alertava sobre os riscos, mas ele não dava atenção. “Conversei muito, mas nada adiantava. Eu tomava um vape, ele aparecia com dois, porque já trabalhava e tinha dinheiro para comprar. Cheguei a trocá-lo de escola, mas ele dizia que eu estava exagerando, que não ia acontecer nada”, conta.

Consequências

A primeira crise respiratória aconteceu em junho de 2023, cerca de seis meses após Manoel começar a usar o cigarro eletrônico. “Um dia, a escola me mandou mensagem informando que ele tinha passado mal. Levei para o hospital e disseram que precisavam colocar um dreno, porém o dreno não resolveu e o caso se agravou. Ele foi transferido para Campo Largo e, lá, os médicos disseram que era caso cirúrgico. Foi um choque pra mim”, afirma a mãe.

Manoel sentia falta de ar e dor no peito e nas costas causadas por bolhas alojadas no espaço pleural (região entre o pulmão e a parede torácica). Para eliminar as bolhas, sem comprometer o tecido pulmonar, ele precisou de três cirurgias e ainda ficou com sequelas. “As cirurgias foram necessárias porque as bolhas no pulmão podem se romper e causar falta de ar grave, podendo até levar à morte”, explica a mãe.

Fotos: Arquivo Pessoal

Segundo Ane, foram meses de muita angústia e preocupação. “Depois da primeira cirurgia, achamos que tinha resolvido o problema, mas, dias depois, ele teve outro pneumotórax e foi internado novamente. Os médicos me mostraram a tomografia: o pulmão esquerdo tinha colapsado completamente, como um balão murcho. Ele ficou com a pressão muito baixa, saturação em 64. Achei que ia perder meu filho”, recorda.

Recuperação

A última cirurgia de Manoel foi no dia 10 de outubro de 2024. De lá para cá, ele retomou a rotina: voltou a estudar e trabalhar, mas ainda sente os reflexos do que aconteceu. “Estamos sempre atentos, porque ele não pode ficar exposto a nenhum tipo de fumaça química, como fumaça de churrasqueira ou fogão a lenha, pois corre o risco de ter outro pneumotórax”, revela a mãe, que encarou todo o tratamento ao lado do filho.

Para conscientizar jovens e seus responsáveis, Ane faz, desde o ano passado, palestras em escolas e igrejas contando a história de Manoel. Ela também compartilha o que eles viveram nas redes sociais. “Meu objetivo é fazer um alerta para jovens, crianças e adultos, para que o que aconteceu com meu filho não aconteça com mais ninguém, por isso, eu sempre digo nas palestras: ‘O Manoel sobreviveu, mas e você? Vai arriscar sua vida por uma tragada?”.

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