Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso site, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar nosso portal, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

13 de dezembro de 2025

Livres do peso: pacientes celebram a vida depois da bariátrica


Por Brenda Caramaschi Publicado 17/09/2025 às 19h05
Ouvir: 00:00
WhatsApp Image 2025-09-17 at 18.31.11
Alexandra Frugerio, no Pico Agudo, em Sapopema: “liberdade” foi o que ela conquistou após a bariátrica. Foto: arquivo pessoal

A sensação que Alexandra Frugerio teve ao se ver no topo do Pico Agudo, em Sapopema, no Paraná, foi inesquecível e se traduz em uma palavra: liberdade. A trilha considerada de dificuldade média a alta, culminou em uma vista deslumbrante em uma altitude de mil e cem metros – um trajeto que ela jamais imaginaria conseguir fazer antes de passar pela cirurgia bariátrica.

Hoje, aos 44 anos e com 62 quilos eliminados, fazer trilhas, escaladas, se aventurar em tirolesas e curtir o tempo livre em meio à natureza é um hobby que a professora de teatro ama cultivar. Mas quando estava com 130 quilos, movimentar-se assim parecia impossível e o sentimento que a dominava era a depressão. “Eu sempre fui a ‘fofinha’ da família, desde criança.  Sempre travei uma luta entre reeducação alimentar,  tomar remédios, tratamentos,  exercícios, enfim.  Mas sempre acontecia o famoso ‘efeito sanfona’.  Perdia quilos, mas acabava recuperando. Então chegou um momento onde eu desisti mesmo. Saúde comprometida,  dificuldade para caminhar,  dificuldade para realizar pequenas atividades,  dores na perna, dores na coluna, estava entrando em um quadro depressivo”, relembra.

WhatsApp Image 2025-09-17 at 18.43.25
“Meu único arrependimento foi não ter realizado a cirurgia antes”, diz Alexandra Frugerio após eliminar 62 quilos. / Foto: Arquivo pessoal

A cirurgia bariátrica é um procedimento para o tratamento da obesidade grave e de doenças relacionadas, que modifica o sistema digestivo para promover a perda de peso significativa. Ela funciona reduzindo o tamanho do estômago, diminuindo a absorção de nutrientes ou uma combinação das duas coisas, como no caso do bypass gástrico. A indicação é feita para pessoas com IMC muito elevado que não tiveram sucesso com outros tratamentos, e o procedimento traz benefícios à saúde, mas exige mudanças permanentes no estilo de vida e acompanhamento médico. Foi por incentivo da família que Alexandra marcou uma primeira consulta para entender o que era a cirurgia bariátrica. Um mês depois, ela estava operando.

“Eu sempre brinco com as pessoas que o meu único arrependimento foi não ter realizado a cirurgia antes,  porque tudo melhora. Posso afirmar para você que até na área profissional ter feito a cirurgia bariátrica ajudou,  contribuiu para que hoje eu pudesse ser realizada. Eu sou professora de ensino fundamental 1 e também sou professora de teatro.  Antes da cirurgia, não me imaginava com essa desenvoltura de dar aula para criança, dar aula de teatro para crianças e adultos com essa autoconfiança, essa autoestima. Desde então,  eu sou uma grande incentivadora.  Para todos aqueles que eu conheço e sei que podem mudar de vida como eu mudei, eu sempre oriento a fazer a cirurgia.  Perder peso e manter o peso não é fácil. E como no processo da operação bariátrica você acaba eliminando muitos quilos e aprendendo a comer,  a se alimentar novamente,  isso ajuda muito você a manter o peso.  Fazer exercícios físicos também é essencial para que você consiga manter a sua saúde”. 

WhatsApp Image 2025-09-17 at 18.22.48 (1)
O empresário Tiago Rosa ultrapassou os 200 quilos antes de fazer a cirurgia bariátrica e hoje segue no processo de emagrecimento. / Foto: arquivo pessoal

A briga com a balança também sempre fez parte da vida de Tiago Rosa. Aos 41 anos, o empresário perdeu 74 quilos e ainda está no processo de emagrecimento após a cirurgia robótica, feita no ano passado. A decisão de operar veio depois de uma vida inteira usando remédios e fazendo acompanhamento nutricional, sem resultados efetivos, principalmente após um baque emocional: a perda do pai. Foi quando superou a casa dos 200 quilos. “Se eu não fizesse essa cirurgia, hoje eu não saberia o meu destino. Eu tinha perdido totalmente o controle. Se eu continuasse daquele jeito, eu não ia muito longe. Essa cirurgia mudou minha vida”, diz emocionado. 

Para ele, o apoio integral que recebeu da equipe médica, principalmente do cirurgião que o operou, foi fundamental para que ele se sentisse preparado para o que estava por vir. “Desde do preparatório,  chegando perto da cirurgia,  a atenção com a parte humana da gente. A gente tem que procurar os melhores profissionais, porque a cirurgia em si é fácil fazer, mas o pós-operatório,  o controle que a gente tem que ter… Porque senão a gente não tinha precisado fazer bariátrica, se a gente tivesse o controle na parte da alimentação. Você tendo uma equipe médica que conversa com você, te aconselha, vai te falar o que pode ser mais difícil, ajuda demais”, conta. Para Tiago, decidir pela operação já trouxe benefícios, como eliminar dores, acabar com a apneia do sono, melhorar a mobilidade ou mesmo poder sentar em uma cadeira sem medo de ela quebrar, mas mais do que isso, operar foi dar um passo em direção à realização do sonho de ser pai.

“Eu pensava muito: se eu quero ser pai,  como que eu vou lidar com uma criança se eu não tenho fôlego para nada mais?  Eu não sou pai ainda. Deus queira que esse ano ou ano que vem já venha. A obesidade,  de certa forma, atrapalhou a gente nisso, na parte do espermograma. Mas um dos motivos também que me deixou com vontade de fazer a bariátrica, é a vontade de ter um filho”.

WhatsApp Image 2025-09-17 at 18.22.48
Ao lado do sobrinho, Theo, Tiago veste a bermuda que estava usando antes de operar. A decisão de emagracer foi mais um passo em direção ao sonho de ter um filho. / Foto: arquivo pessoal

Poder brincar com a filha é uma das maiores vitórias de Bianca Miquelissa. A advogada de 26 anos decidiu fazer a bariátrica ao chegar aos 115 quilos, medindo 1,58m. Em 2020, Bianca fez uso de balão intragástrico, mas precisou retirar e, depois, engordou quase 50 quilos. Ela já tinha feito uso de medicamentos, como as canetas emagrecedoras, mas não conseguia manter um peso saudável.

“Canetas emagrecedoras” X cirurgia bariátrica

Os benefícios da cirurgia para o tratamento da obesidade e da síndrome metabólica têm sido constatados por estudos recentes e se mostrado superiores aos obtidos por meio das “canetas emagrecedoras” que utilizam medicamentos como os análogos de GLP-1 com foco na perda de peso.

“Um terço dos pacientes tem uma excelente resposta , mas outro terço dos pacientes não respondem, infelizmente. E outro terço dos pacientes acabam tendo efeitos colaterais e acabam interrompendo o tratamento [com esses medicamentos]. Tudo que faz bem ao paciente é muito bem-vindo.  A questão das drogas,  não só no Brasil, mas no mundo todo,  é o custo elevadíssimo,  muito alto, até para países já desenvolvidos, que têm uma capacidade financeira maior. O paciente acaba interrompendo o tratamento e tendo recorrência do peso”, explica Lucas Savoia, médico especialista em endoscopia, cirurgias do aparelho digestivo, cirurgia bariátrica e cirurgia geral, que coordena as cirurgias bariátricas realizadas pelo SUS no Hospital Universitário de Maringá, referência no noroeste paranaense.

WhatsApp Image 2025-09-17 at 18.23.24
“Eu não queria mais sair de casa, eu não queria mais ser vista”, pensava Bianca antes de eliminar 50 quilos com a cirurgia bariátrica. / Foto: arquivo pessoal

“Eu não queria mais sair de casa, eu não queria mais ser vista. As roupas não serviam,  eu não cabia em lugares, eu me dei conta que até em cadeiras, às vezes eu não tava cabendo.  Eu não tinha ânimo para correr, para brincar, para pular com a minha filha. Falei: eu não sou mais a Bianca que eu era e tô chegando em um ponto que não é reversível”, conta. Em oito meses de cirurgia, 50 quilos foram eliminados. 

Peso no corpo e na alma 

A obesidade é uma das doenças que mais cresce no Brasil. Dados divulgados pelo SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), do Ministério da Saúde, referentes ao ano de 2024, apontam que 34,66% da população está com algum nível de obesidade. O levantamento mostra que o número de pessoas com obesidade grau III,  atingiu 1.161.831 milhões de pessoas no ano passado ( 4.63%); o número de pessoas com obesidade grau II soma 2.176.071 de pessoas (8.67% da população) e com obesidade grau I atinge 5.348.439, representando 21.31% dos brasileiros. 

Mas a obesidade – e busca pela cura – também envolve a saúde mental. Os desafios psicológicos antes e depois da cirurgia bariátrica estiveram entre os temas discutidos no XXI Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, realizado em 2025. Se é necessário investigar transtornos psiquiátricos antes do procedimento, monitorar o paciente no pós-operatório e garantir acompanhamento multidisciplinar é tão importante quanto, uma vez que o emagrecimento extremo tem impactos na saúde mental e pode aumentar ou reduzir sintomas como depressão e ansiedade.

Lidar com um trauma familiar fez parte da preparação psicológica de Natália Macari, engenheira agrônoma e empresária no ramo da moda. Mas a maior motivação para buscar a mudança por meio da bariátrica, foi mudar a história da própria família. Até os 18 anos, ela não tinha sobrepeso e levava uma vida saudável. Quando ela entrou na faculdade, uma tia, que também era madrinha dela, passou pela cirurgia bariátrica e faleceu uma semana depois devido a complicações. O assunto virou tabu na família, com histórico de obesidade. “Minha tia queria quebrar esse padrão de obesidade, porém, ela não teve sorte.  Teve negligência médica, teve vários fatores, mas a gente também acredita que era a hora dela. Após esse fato, eu comecei a ter ganho de peso. Eu ganhava de cinco a seis quilos por ano. Com 26 anos eu casei, tive meu primeiro filho. Com 30 anos eu tive minha segunda filha. Cada gestação que eu tive eu ganhei 40 quilos”, conta.

A cirurgia da madrinha de Natália foi há quase 20 anos. Desde então, as técnicas se aprimoraram e muito evoluiu nos procedimentos adotados antes, durante e depois da operação. “É uma cirurgia que já está bem estabelecida, bem aceita na sociedade e tem tido ótimos resultados.  Vários trabalhos mostram a redução das taxas de complicação e uma redução muito grande das taxas de mortalidade.  Hoje, a mortalidade de uma cirurgia bariátrica é de 0,04%, ou seja, é muito próxima de uma cirurgia de pequeno porte, como uma colecistectomia, como uma hérnia, o que faz com que a cirurgia seja muito segura”, diz o cirurgião Lucas Savoia. Foi ele quem Natália procurou quando pensou em fazer a bariátrica. Mesmo com os dados apresentados pelo médico, a família se opôs. 

“Para que fazer isso se a família inteira é gorda?”, era o que ela ouvia. Quebrar o padrão era muito difícil. Mas aos 36 anos ela decidiu pela operação.  “Antes de chegar nessa decisão, eu já tinha tentado de tudo. Sempre fui uma pessoa muito ativa na atividade física.  Então, no ano que eu decidi fazer,  10 meses antes, eu fiz personal na academia todos os dias, busquei psicólogo, fui nutricionista, eu tentei. E eu não consegui. Me senti muito fracassada em vários processos, com a cobrança familiar,  enfim.  E eu decidi por mim e para mim. Falei: sou jovem ainda e eu vou carregar vida inteira esse peso?”, relembra.

WhatsApp Image 2025-09-17 at 18.46.57
Quando Natália operou, estava com 135 quilos. Dez meses depois, eliminou 45. / Foto: Arquivo pessoal

Quando Natália operou, estava com 135 quilos. Dez meses depois, eliminou 45. Boa parte dos resultados, ela credita ao acompanhamento psicológico, que mantém até hoje. “Eu fui com uma psicóloga especialista em bariátrica que me ajudou a ter uma relação diferente com a comida.Nos primeiros dias era dieta líquida e eu me preparei para isso. Recuei para a minha casa, deixei meus filhos, que são pequenos, com a minha mãe. E eu tirei umas férias para mim. Ficar sozinha, ler,  avaliar a comida, sentar e comer aquela comida feliz por ser líquida, não ficar criticando, porque eu sabia que era um processo que esse primeiro mês ia passar, e passou. No primeiro mês eu perdi 17 quilos. Eu entendi o processo,  entendi que foi uma escolha minha, que as pessoas não precisam parar a vida delas para viver a minha vida. A bariátrica foi uma decisão minha, então eu sabia que as consequências era eu que ia sofrer. Quando a gente escolhe e decide algo para vida da gente, a gente tem que lutar até o fim. Eu aprendi assim nesse começo a não querer comer com as pessoas,  a dar um tempo de família, de evento de família para cuidar de mim mesmo. Então mastigar e prestar atenção no que eu estou comendo, como eu estou comendo, contar as mastigadas, ser feliz com pouco, porque o cérebro da gente quer comer aquela quantidade. E a minha psicóloga ajudou muito nisso”. 

Para ela, o peso perdido não foi apenas o da gordura corporal, mas na alma. “Eu perdi o peso de carregar muitas pessoas que aproveitavam de mim porque eu era gorda, que me humilhavam. Eu aguentei muita piadinha tonta, mas hoje eu consigo ir numa loja de tamanho normal e comprar uma roupa que sirva em mim. Ainda faltam 10 quilos pro meu processo e eu até me questiono como vai ser quando eu chegar lá e não tiver esse peso de ficar a vida inteira fazendo dieta, a vida inteira me cobrando, a vida inteira me comparando. Quando a gente quer, a gente move o universo, a gente corre atrás, a gente muda, a gente sai da zona de conforto. E é muito bom eu estar com aquele meu corpo de 18 anos mas com a minha mentalidade 37. Obesidade é uma doença e eu demorei anos para aceitar isso. A gente mesmo olha as pessoas gordas e subjuga, acha que são preguiçosas, que não cuidam de si, mas ser gordo é muito difícil. Só quem é sabe. Só quem é gordo sabe como a gente sofre quando vai comprar uma roupa e não encontra. E quebrar essa linha de obesidade que vem da minha família é gratificante. Mostrar que antes de mim veio uma família gorda, mas que de mim,  da minha geração para frente, com o poder de Deus, é uma geração magra e saudável. Meus filhos são saudáveis, são magros, mas a gente tem a genética de ser gordo, de ser obeso. É entender que a minha escolha foi pra não tomar remédio, para ter uma vida mais leve,  uma vida mais saudável. Eu busquei o que tinha para tentar resolver o problema”, conclui.  

Para quem é a cirurgia bariátrica 

Segundo levantamento da  Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), entre 2020 e 2024, o Brasil realizou mais de 291 mil cirurgias do tipo por meio dos planos de saúde e mais de 31 mil pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. O número de cirurgias particulares nesse mesmo período gira em torno de 10 mil procedimentos.

Em maio de 2025, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou as novas normas para a cirurgia. Entre as principais mudanças estão a ampliação das recomendações, que vão permitir que pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) menor e adolescentes façam a cirurgia. A mudança nas exigências tem como base estudos que comprovaram que esse tipo de operação é segura e eficaz em um número maior de pessoas. Agora, pessoas com IMC entre 30 e 35 passam a poder realizar o procedimento se tiverem alguma comorbidade relacionada.

Antes, além do IMC ser maior, só podiam se submeter à cirurgia pacientes com até 10 anos de diagnóstico de diabetes, com mais de 30 e menos de 70 anos de idade. Agora, não existe mais tempo mínimo de convivência com a doença ou idade e o leque de doenças também foi ampliado, incluindo diabetes tipo 2, doença cardiovascular grave, apneia do sono grave, doença renal crônica precoce, doença gordurosa hepática ou refluxo gastroesofágico. No caso de adolescentes, pacientes a partir dos 14 anos de idade agora podem fazer a cirurgia se se enquadrarem em caso grave de obesidade, com IMC acima de 40. Antes, a idade mínima era 16 anos.

Apesar das modificações, ainda há uma certa demora na liberação de alguns casos pelos convênios médicos e pelo SUS, afirma o coordenador do serviço de Cirurgia Bariátrica do Hospital Universitário Regional de Maringá. “Essa mudança da normativa do Conselho Federal de Medicina, que foi publicada em 21 de maio de 2025, na verdade vem acompanhando o que algumas sociedades mais importantes da especialidade de âmbito mundial já tinham feito um posicionamento. Em agosto de 2022,  a Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e a Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade publicaram um posicionamento na principal revista científica da área  mudando os parâmetros de indicação. O que acontece é que muitas vezes a ciência, o estudo da área médica, ocorre de maneira mais rápida. E aí depois vem as normativas das instituições regulamentares da especialidade.  E depois disso é bem provável que as fontes pagadoras, os convênios de saúde,  o próprio governo, o Sistema Único de Saúde, se adaptem. No Brasil ainda não ocorreu essa mudança no SUS”, diz Lucas Savoia.  

WhatsApp Image 2025-09-17 at 18.23.43
Júlio Cézar fez a cirurgia por meio do Siistema único de Saúde, em 2019. / Foto: Arquivo pessoal

Júlio Cézar Eneas de Oliveira trabalha como mecânico e fez a cirurgia pelo SUS seis anos atrás, antes das mudanças. “Eu cheguei ao peso máximo de 153 quilos e comecei a ter dificuldade,  de dor nas pernas, dor no joelho, tornozelo.  Eu trabalho com oficina mecânica então abaixava e levantava bastante e com peso, tinha dificuldade. Passei por psicólogo, passei por vários médicos até ter liberação para a cirurgia e até hoje faço acompanhamento com o doutor. Está tudo em ordem e hoje eu vivo bem, com mais disposição e autoestima”, comemora. 

Pauta do Leitor

Aconteceu algo e quer compartilhar?
Envie para nós!

WhatsApp da Redação