13 de julho de 2025

Morador de Paiçandu explica motivo de doar seu corpo para a ciência em vida: ‘ser útil mesmo após a morte’


Por Redação GMC Online Publicado 11/02/2025 às 16h49
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Aparecido Rúbio de Araújo, técnico em enfermagem e morador de Paiçandu, no Noroeste do Paraná, tomou uma decisão incomum: ele optou por doar seu corpo para a ciência em vida. A iniciativa, que visa contribuir para a formação de futuros profissionais da saúde, surgiu em 1975, durante uma aula em Arapongas, onde residia na época. Desde então, ele não teve dúvidas sobre o impacto positivo dessa escolha.

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A doação de cadáveres contribui para o ensino da saúde no Paraná. Foto: SETI-PR

“É uma oportunidade de ser útil mesmo após a morte”, explica. “Se hoje existe o conhecimento para cirurgias é porque isso foi estudado no passado, em cadáveres. Não me arrependo da minha decisão”.

A doação de corpos é fundamental para o ensino da anatomia humana, uma disciplina essencial nos cursos da área da saúde. Apesar dos avanços tecnológicos, como impressões 3D e realidade aumentada, nada substitui as aulas práticas. Segundo Ricardo Bach, professor de Medicina na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e presidente do Conselho Estadual de Distribuição de Cadáveres (CEDC-PR), o aprendizado com cadáveres promove um entendimento mais profundo da anatomia e um respeito maior pelos pacientes.

“O cadáver é o primeiro paciente real com quem o estudante da área de saúde tem contato. É nele que vai aprender a reconhecer, na prática, as estruturas anatômicas que são a base do conhecimento médico”, afirma o professor.

No Paraná, o CEDC-PR regula a destinação de corpos doados voluntariamente ou não reclamados para instituições de ensino superior. Atualmente, 46 instituições estão cadastradas no conselho, que, no último ano, recebeu 14 corpos, totalizando 74 desde sua criação.

A professora Célia Regina de Godoy Gomes, do curso de Fisioterapia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), reforça a importância desse aprendizado: “A utilização de cadáveres no ensino da anatomia humana é comum e importante para o desenvolvimento de habilidades dos estudantes, permitindo a visualização das estruturas do corpo humano e uma melhor compreensão de como funciona, além de proporcionar uma experiência mais detalhada, por exemplo, na simulação de procedimentos cirúrgicos”.

Como funciona a doação de corpos

Aparecido Rúbio de Araújo já oficializou sua intenção de doar seu corpo para a ciência, organizando toda a documentação e informando sua família. No Brasil, a doação pode ser feita de duas formas: em vida ou após a morte. Qualquer pessoa maior de 18 anos pode manifestar esse desejo assinando um termo na presença de testemunhas. Também é possível que familiares realizem a doação, desde que a morte não tenha sido por causas violentas ou suicídio.

Não há custos adicionais para os doadores ou seus parentes, além do velório. Mesmo corpos de doadores de órgãos podem ser destinados ao estudo, mediante análise específica.

Os interessados podem entrar em contato com o CEDC-PR pelo telefone (41) 3281-7318 ou pelo e-mail cedcpr@seti.pr.gov.br. A lista de cartórios paranaenses que emitem a Escritura Pública de Doação está disponível no site da Seti.

As informações são da Agência Estadual de Notícias

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