Mulher que vive no Paraná diz ter perdido guarda do filho por ser comissária de voo: ‘Preconceito’

Uma comissária de voo que vive em Maringá, no norte do Paraná, usou as redes sociais para desabafar sobre a perda da guarda do filho, de um ano. Josiane Lima, que atua na aviação há pelo menos dez anos, afirmou ter sido vítima de “preconceito e injustiça” devido à profissão que tem.
Na decisão que concedeu a guarda unilateral da criança ao pai, o juiz alega que “a rotina de trabalho da ré [Josiane] não permite que preste ao filho os cuidados diários de que necessita o filho”. Diz ainda que a criança já estava sob a guarda do pai há algum tempo. Josiane, no entanto, afirmou ser natural de Manaus e que decidiu se mudar para Maringá a fim de que o filho pudesse ter contato com o pai. Segundo ela, a criança só está com o pai porque ela foi “retirada à força dela”.

“Eu e minha família somos de Manaus e me sacrifiquei para vir a Maringá pensando no bem-estar do meu filho e que ele pudesse ficar perto do pai. Estou sofrendo injustiça e preconceito contra minha profissão. Estão negando o direito de eu ficar com meu filho por conta da minha profissão”, diz a comissária.
Veja:
O que diz o sindicato
Após a decisão, o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) prestou solidariedade à Josiane e divulgou uma nota de apoio “a todas as aeronautas que conciliam o trabalho na aviação com a maternidade”. A entidade rechaçou a justificativa da decisão que concedeu a guarda da criança ao pai e alegou que é possível conciliar a profissão com a maternidade. Leia a íntegra da nota abaixo:
“Nota de posicionamento – Apoio a todas as aeronautas que conciliam o trabalho na aviação com a maternidade
O Sindicato Nacional dos Aeronautas tomou conhecimento de uma decisão judicial supostamente embasada na justificativa equivocada de que a rotina de trabalho na aviação não permite que mães prestem os cuidados necessários a seus filhos. A participação da mulher no mercado de trabalho é uma realidade, sendo perfeitamente possível a conciliação do trabalho na aviação com a maternidade.
Sabemos que a maternidade é uma fase única e desafiadora na vida de qualquer mulher e demanda atenção especial tanto para o desenvolvimento dos filhos quanto para a continuidade de suas atividades profissionais. No setor aéreo, em que a segurança e a excelência são prioritárias, reconhecemos a dedicação, o compromisso e a competência das mulheres mães, que lidam com a complexidade e a exigência de suas profissões de forma exemplar.
Na legislação que regula a atividade profissional de pilotos e comissários de voo, existem diretrizes específicas para possibilitar e coadunar o exercício profissional com a maternidade.
A Convenção Coletiva de Trabalho da aviação regular atualmente em vigor prevê um regime de trabalho diferenciado e específico para aeronautas em retorno de licença maternidade, o que é conhecido como “escala mãe”.
Além disso, as empresas aéreas podem determinar outros programas complementares em suas políticas internas para criar um ambiente de trabalho inclusivo e facilitar a conciliação entre a maternidade e a carreira de suas tripulantes.
A conscientização da diversidade e da igualdade de gênero na aviação é um processo contínuo. O SNA é contra práticas discriminatórias que limitam o avanço profissional das tripulantes e repudia quaisquer preconceitos que reforçam a violência contra as mulheres.”
A defesa da comissária de voo deve recorrer da decisão. A Banda B tenta contato com os advogados do pai da criança.
