Paraná possui mais de 30 municípios com título de ‘capital’; veja a lista


Por Redação GMC Online

As cidades capitais são aquelas nas quais residem os governos centrais e toda a organização administrativa, seja nacional ou estadual. No entanto, um município pode conquistar o ‘status’ de capital devido ao costume dos moradores ou atividade econômica predominante na região. No Paraná, pelo menos 36 cidades possuem títulos de ‘capitais’, além, é claro, da capital Curitiba (que já foi capital do Brasil por três dias — veja abaixo).

Jardim Botânico, em Curitiba | Foto: Divulgação

Os títulos de ‘capitais estaduais ou nacionais’ são aprovados na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) ou no Senado Federal e funcionam como estratégia para movimentar a economia local, como explica o consultor do Sebrae/PR, Luiz Carlos da Silva.

— “Vemos que alguns municípios escolhem uma atividade econômica específica, baseada em seu potencial, e investem fortemente nela. Muitas vezes, essas cidades se tornam conhecidas como a ‘capital’ de determinado produto ou atividade, o que acaba atraindo eventos regionais, estaduais e até nacionais. Esses encontros impulsionam ainda mais a economia local, trazendo visitantes que consomem em hotéis, transportes, alimentação, entre outros”, diz.

Além de atividades econômicas, os municípios também podem se destacar com seus recursos naturais e, assim, desenvolver uma cadeia sustentável para a cidade.

— “Também há locais que, devido às suas riquezas naturais, como solo, clima e topografia, por exemplo, encontram em sua própria natureza a vocação econômica. Cidades voltadas ao turismo utilizam esses recursos para desenvolver uma cadeia produtiva sustentável, baseada em suas características naturais. Assim, essas vocações naturais acabam por direcionar e fortalecer a economia local, criando uma rede de desenvolvimento baseada naquilo que o município já tem de melhor. Portanto, tanto o recebimento de títulos quanto o investimento em reconhecimento servem de alavanca para a economia local e regional”, explica Luiz Carlos da Silva.

Confira as cidades paranaense que possuem o título de ‘capital’:

Maringá – Capital Nacional do Associativismo

Maringá foi idealizada pela Companhia de Melhoramentos do Norte do Paraná e seu nome nasceu de uma música que era cantada pelos operários que trabalhavam em sua construção: “Maringá”, de Joubert Carvalho. Por conta disso, ganhou o título de Cidade Canção.

Em 2019, recebeu ainda outro título, o de Capital Nacional do Associativismo, aprovado pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) (PL 5.289/2019). Maringá se destacata pela organização cooperativista, possuindo nove cooperativas com cerca de 276 mil cooperados e 5 mil funcionários.

Marialva – Capital da Uva Fina

Marialva, a Capital da Uva Fina do Paraná, teve sua colonização iniciada em 1940. O município é considerado o maior produtor da cultura no estado e tem como monumento um grande cacho de uva na entrada, que se tornou um atrativo turístico. De acordo com a Emater (Institucional do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), são 500 produtores da cultura em uma área de 450 hectares.

Fot: Prefeitura de Marialva

A Engenheira Agrônoma Silvia Capelari, profissional de extensão rural, explica que o título de capital permitiu um enfoque turístico para o município. “Pessoas visitam Marialva com frequência para conhecer a produção de uva e os profissionais da área e produtores buscam a troca de experiências”, destaca. Ela ainda ressalta que após o status, a cidade se transformou em um pólo de tecnologia na produção a fruta. “Hoje são produzidas uvas finas de mesa das variedades Itália, Rubi, Benitaka e Brasil; variedades da Embrapa Núbia e Vitória e também uvas rústicas como Niagara”, complementa.

Jaboti – Capital do Morango

Em Jaboti, cidade com quase 5 mil habitantes, a produção destaque é a de morangos. Tanto que em 2014 o município recebeu o título de Capital Paranaense do Morango. Na época, quase 25% dos moradores estavam ligados diretamente à cultura. Segundo o Engenheiro Agrônomo Maurício Castro Alves, da Emater, a cidade tem quase 200 produtores da fruta (entre meeiros e áreas próprias) que geram um Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de R$ 38 milhões anuais, sendo a principal fonte de arrecadação municipal.

Guarapuava – Capital da Cevada e do Malte

Guarapuava produz 40% da cevada do País e desde 2017, através da Lei nº 134/2017, passou a ser denominada a Capital Paranaense da Cevada e do Malte, estimulando ainda mais os produtores de cevada a investirem nesta área. Além da intensa produção de matéria-prima, o município também abriga a maior maltaria da América Latina, a Agrária Malte, que atende aproximadamente 30% da demanda nacional.

Foto: Gilson Abreu/AEN

Por conta disso, Guarapuava deve ter um ‘upgrade‘ em seu título. Nesta quarta-feira, 14, a Comissão de Agricultura (CRA) aprovou o projeto que confere o título de Capital Nacional da Cevada e do Malte à cidade. O Projeto de Lei (PL) 2181/2023, da Câmara dos Deputados, recebeu parecer favorável do senador Sergio Moro (União-PR) e agora segue para sanção presidencial, a não ser que haja recurso para votação no Plenário do Senado.

Londrina – Capital da Agrotecnologia

Em 2019 foi concedido ao município de Londrina o título de Capital Estadual da Agrotecnologia. O setor de Tecnologia da Informação e da Comunicação vem se destacando em Londrina e na região com alguns projetos premiados nacionalmente na área da agrotecnologia.

Além disso, a cidade atende inúmeras startups, promovendo o desenvolvimento de hardware, software e sistemas de colheitas inteligentes para a agricultura. Possui ainda o Arranjo Produtivo Local (APL) de tecnologia da informação, que é uma das razões da atração de empresas de tecnologia para a região e da promoção de eventos.

Outro projeto que ainda tramita é para conceder à Londrina o o título de Capital Nacional da Economia Criativa. Pela proposta, economia criativa é o conjunto de empreendimentos relacionados ao capital cultural, intelectual e criativo de uma região, presentes na cidade.

O Sebrae define economia criativa como o conjunto de negócios baseados no capital intelectual e cultural e na criatividade que gera valor econômico. Em Londrina, esse conceito tornou-se objeto de um estudo mais aprofundado a partir dos debates sobre as cidades inteligentes.

Apucarana – Capital Nacional do Boné

Apucarana é responsável por 80% da produção brasileira de bonés. A tradição no setor vem desde o início da década de 1970. São fábricas de pequeno, médio e grande porte, cuja produção mensal chega a seis milhões de bonés, envolvendo 15 mil trabalhadores.

Foto: Prefeitura de Apucarana

Nova Esperança – Capital Nacional da Seda

Nova Esperança, foi reconhecida em 2022 como a ‘Capital Nacional da Seda’. A cidade, que produz mais de 328 toneladas de casulos de bicho da seda por safra, é a maior produtora de seda da América Latina.

Toledo – Capital do Porco no Rolete

Um dos mais importantes centros de suinocultura do Paraná, Toledo ganhou ainda mais destaque com sua Festa Nacional do Porco Assado no Rolete, hoje com mais de 35 anos de existência. O prato se tornou tão popular que a cidade ficou conhecida como a Cidade do Porco no Rolete.

Foto: Prefeitura de Toledo

Ponta Grossa – Capital Cívica

Na Revolução de 1930, Getúlio Vargas passou por Ponta Grossa, enquanto acompanhava o desenrolar dos acontecimentos no Rio de Janeiro. Foi na cidade paranaense que ele teria recebido a notícia de que deveria seguir para a capital tomar posse como presidente. Nasceu então o título de Capital Cívica do Paraná.

Cianorte – Capital do Vestuário

Por ser um dos maiores centros atacadistas do vestuário do país, Cianorte ficou conhecida como Capital do Vestuário. São mais de 600 confecções, 15 mil empregos diretos e outros 30 mil indiretos, além de 20% de toda a produção de jeans do país e 12 milhões de peças por mês. A cidade está entre as que mais geram empregos no Paraná.

Foto: Prefeitura de Cianorte

Telêmaco Borba – Capital do Papel

O município de Telêmaco Borba nasceu e se desenvolveu a partir da Indústria Klabin de Papel e Celulose, que começou em um pequeno povoado e posteriormente se consolidou como a maior empresa do setor no Paraná. Até hoje a economia do município é amparada por essa indústria, que garantiu à cidade a alcunha de Capital do Papel.

Cruz Machado – Capital Nacional da Erva-Mate Sombreada

A cidade de Cruz Machado, no Sul do Paraná, é a Capital Nacional da Erva-Mate Sombreada. O título foi oficializado em 2023, com a publicação da sanção no Diário Oficial da União da Lei 14.551/2023.

A erva-mate sombreada tem como característica o cultivo em meio a outras vegetações, incluindo a mata nativa. Cercada pelo verde, a erva cresce à sombra, diferentemente das árvores plantadas em campos abertos. Além de contribuir para a preservação das matas, a erva com sabor mais suave é valorizada financeiramente pelas indústrias.

Foto: Prefeitura de Cruz Machado

O levantamento do Valor Bruto da Produção (VBP), feito pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento, aponta que, em 2021, o município de Cruz Machado foi o principal produtor de erva-mate no Paraná. Foram colhidas 115 mil toneladas, com VBP de R$ 175,7 milhões, o que representa cerca de 27% de todo o Valor Bruto de Produção agropecuária municipal.

A erva-mate ganhou destaque como produto agrícola há aproximadamente duas décadas e várias indústrias instalaram-se na cidade. O município promove em dezembro, juntamente com o aniversário de emancipação política, a Festa da Erva-Mate.

Cascavel – Capital do Oeste Paranaense

Quinto maior município paranaense, Cascavel é a principal cidade da região Oeste do estado. Sua força está principalmente no agronegócio, desde a cultura até os serviços especializados. A condição de polo econômico fez com que ganhasse o título de Capital do Oeste Paranaense.

Castro – Capital Nacional do Leite

Castro lidera a produção brasileira de leite. O Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) apontou que o leite responde por 25% da produção do município. Em 2019 foram 323 milhões de litros ou quase 1 milhão de litros por dia. Desempenho baseado na eficiência e precisão que valeu o título à cidade.

Foto: Ari Dias/AEN

Prudentópolis – Capital das Cachoeiras Gigantes e do Feijão Preto

Situada na região centro-sul do Estado, colonizada por imigrantes ucranianos, Prudentópolis possui vários canyons e quedas d’água, e abriga as maiores cachoeiras do Sul do Brasil, como o Salto São Francisco, com 196 metros de altura.

Em seu território existem mais de cem cachoeiras catalogadas. Além das cachoeiras gigantes, a cidade, é a maior produtora de feijão preto do Brasil, e realiza, sempre no mês de agosto, o evento tradicional da cidade, que é conhecido por produzir a maior feijoada de feijão preto, feita na maior panela do mundo, registrada no Guinness Book, o livro dos recordes.

Bituruna – Capital do Vinho

A história do vinho em Bituruna, município no Sul do Estado, começou em meados de 1940, com a chegada de imigrantes do Rio Grande do Sul na ainda Colônia Santa Bárbara e, a cada dois anos, o município sedia a Festa do Vinho, que atrai milhares de turistas.

Foto: SEAB/PARANÁ

Fabricado com as uvas casca dura, o vinho de Bituruna conquistou a Indicação Geográfica (IG), na modalidade Procedência, do Paraná. O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu o registro, reconhecendo ter esse produto características únicas que o diferenciam de outros vinhos. O título de Capital do Vinho foi concedido a Bituruna pelo Governo do Estado em 2020.

Terra Roxa – Capital Nacional da Moda Bebê

O crescimento da produção de confecção de roupas infantis garantiu à Terra Roxa os títulos de Capital da Moda Bebê do Paraná (Lei Estadual 17.058/2012) e de Capital Nacional da Moda Bebê (Lei Federal 13.537/2017).

Atualmente, mais de 3.500 pessoas tem ocupação ligada ao segmento de roupas. A importância de Terra Roxa no mundo da moda ultrapassou as fronteiras do País.

Carlópolis – Capital Nacional da Goiaba

Os produtores de Carlópolis consiguem colher, ao longo do ano todo e sem abuso de insumos agrícolas, goiabas mais doces, resistentes e maiores.

Por causa destas características, Carlópolis foi titulada como a Capital Nacional da Goiaba. Um reconhecimento que se soma a outros marcos relacionados à qualidade da fruta produzida na cidade, como o selo de Indicação Geográfica (IG) do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) conquistado em 2016.

Por ser uma atividade pouco mecanizada e realizada principalmente por agricultores familiares ou pequenos produtores, a produção envolve muita mão de obra local. Boa parte da riqueza arrecadada com a comercialização das frutas acaba circulando dentro do município, impulsionando a economia.

Foto: Gabriel Rosa/AEN

Além do esforço dos produtores locais, as características naturais da goiaba de Carlópolis fazem dela um produto que se diferencia. Segundo a extensionista do IDR, Luiza Rocha, a fruta plantada e colhida na região é da variedade chamada Suprema e tem aspectos particulares que facilitam a comercialização e agradam os consumidores. “É uma goiaba de coloração avermelhada, que possui uma boa vida pós-colheita, tem o aspecto um pouco rugoso. Essa variedade é muito saborosa e crocante”.

As condições climáticas da região, com temperaturas altas o ano todo, o solo propício e uma irrigação cuidadosa também fazem com que a fruta seja grande e vistosa, com um tamanho médio de 250 gramas, mas com unidades que passam das 700 gramas. “Ela é mais graúda, tem um formado arredondado e aguenta a banca. É crocante e a resistente no mercado”, explica o produtor Marildo Garbeloto, que planta goiabas há mais de 20 anos.

De 2013 a 2022, o volume total de produção de goiaba no município saiu de 6,4 mil toneladas para 38 mil toneladas e o valor médio faturado por tonelada aumentou de R$ 2 mil para R$ 3,8 mil no período. A evolução fez o Valor Bruto da Produção (VBP) da goiaba em Carlópolis saltar de R$ 12 milhões para R$ 129 milhões ao longo da década, partindo de uma participação de 6% na produção agrícola do município para 25%.

Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Carlópolis é atualmente responsável por 70% das goiabas colhidas em todo o Paraná. No Brasil, a cidade está entre as dez maiores fornecedoras da fruta, com 3,6% da produção nacional. Como a fruta paranaense tem alto valor médio, a colheita de Carlópolis representa financeiramente 6% de toda a goiaba produzida no Brasil.

Cerro Azul – Capital da Poncã

O município de Cerro Azul, na Região Metropolitana de Curitiba, é considerado o maior produtor de tangerina poncã do País e tem o título de Capital Estadual da fruta. A poncã representa 95% de tudo o que é produzido na cidade, além de ser a maior fonte de empregabilidade de Cerro Azul.

O volume anual da produção da fruta no municípip gira ao redor de 50 mil toneladas, que equivale a 46% do total de tangerinas produzidas no Estado e 7% da produção nacional. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), a área plantada, em torno de 3.100 hectares, também representa 50% com o cultivo de poncã no Paraná.

Nova Aurora – Capital Nacional da Tilápia

O município de Nova Aurora é a Capital Nacional da Tilápia. A tilapicultura gera cerca de 800 empregos diretos e beneficia mais de 250 produtores familiares na cidade, impactando positivamente o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) local e melhorando a qualidade de vida de seus habitantes.

Atualmente a tilápia lidera o ranking entre as espécies cultivadas, respondendo por 60% da produção nacional de pescado, o que corresponde a mais de 300 mil toneladas anuais. Desde 2016, a Região Sul é a principal produtora do país, com destaque para o Paraná na liderança estadual.

Municípios à espera de títulos

Faxinal

O município de Faxinal está pleiteando junto ao Congresso Nacional o título de Capital Nacional das Cachoeiras, por possuir um conjunto de mais de 100 quedas d’água no Vale do Ivaí. Entre os principais pontos de visitação está a Cachoeira da Fonte, Véu de Noiva, Cachoeira do Chicão e o Salto São Pedro. A maior delas, a Véu de Noiva, chega 156 metros de altura.

Além de toda essa beleza natural, há na cidade um calendário com 12 eventos turísticos, atraindo em média 200 mil turistas por ano. Já titulada a Capital do Tomate de Estufa, Faxinal também tem como pratos típicos iguarias feitas da fruta: tomate recheado e geleia de tomate.

Cambé

A defesa do título de Capital Estadual do Cadeado na Alep para o município de Cambé tramita desde 2019. A proposta diz que a cidade tem a maior empresa do ramo de fabricação de cadeados e fechaduras do país.

Confira a lista completa das ‘capitais’ no Paraná

Curitiba já foi a capital do Brasil

Durante o regime militar, em 1969, Curitiba tornou-se a capital do Brasil. O motivo, no entanto, teve caráter mais simbólico do que prático, afinal, a medida ficou em vigor por apenas três dias. O fato ocorreu entre os dias 24 e 26 de março, no início da fase mais repressiva da ditadura, instaurada em 1964 com o golpe militar.

O prefeito da época, Omar Sabbag, e o governador do Paraná, Paulo Pimentel, apoiavam o regime militar. Outro detalhe importante era que a esposa do então presidente, General Costa e Silva, era curitibana, o que também contribuiu para a decisão da transferência da capital para Curitiba.

O motivo da medida era fazer com que a ditadura se aproximasse de regiões importantes do país e demonstrasse poder diante dos opositores. Houve a transferência de todos os ministérios e também das Forças Armadas, o que fortaleceu a imagem do regime dentro do Estado. Mesmo sendo rápida, a experiência como capital trouxe benefícios para Curitiba, que recebeu recursos para obras de desenvolvimento urbano e outros investimentos.

Atualmente, a capital paranaense reivindica o reconhecimento pela arte em mosaico e pela anticorrupção.

Com informações do Acervo Curitiba Histórica/Gazeta do Povo, Agência Estadual de Notícias, Agência Senado e Folha de Londrina.

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