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22 de dezembro de 2024

Região de Maringá é a que mais teve acidentes com escorpiões em 2018


Por Redação GMC Publicado 11/03/2019 às 18h51 Atualizado 20/02/2023 às 12h38
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Em 2018, 762 acidentes envolvendo escorpiões foram registrados na 15ª Regional de Saúde de Maringá. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, que tem acompanhado a dispersão de escorpiões nos municípios dentro do Programa Estadual de Vigilância de Acidentes por Animais Peçonhentos e Venenosos.

No ano passado, foram registrados 3.144 acidentes no Paraná, sendo a maior parte no Norte, Oeste e Noroeste do Estado. Das 22 Regionais de Saúde, os maiores números de ocorrências foram registrados nas regionais de Maringá (762 casos, sendo 223 somente no município de Colorado) e de Paranavaí (518 casos). Na regional de Curitiba, houve ocorrências na capital e em Pinhais. Neste ano de 2019, até fevereiro já foram registrados 175 casos em todo o Paraná.

Entre as espécies nativas, todas podem causar acidentes. Porém, a maior parte dos casos registrados nos últimos anos foi causada pelo escorpião amarelo, de forte veneno, que não é uma espécie nativa, mas que foi introduzida no Paraná, antes dos anos 90. Isso ocorreu pelo transporte passivo destes animais, que se escondem em vãos de lenhas, tábuas e outros materiais, sendo levados para outros municípios, estados ou até países.

“Mesmo de forma involuntária, o homem auxilia na dispersão de uma espécie. Para se ter uma ideia, certa vez recebemos de uma moradora de Curitiba um escorpião nativo do Peru, que ela capturou dentro de seu apartamento. Como ela estava de férias naquele país, provavelmente o animal encontrou sua mochila aberta, se alojou por lá e foi trazido para o Curitiba sem que ela percebesse”, exemplifica Emanuel Marques da Silva, biólogo da Divisão de Zoonoses e Intoxicações da SESA e coordenador do Programa Estadual de Vigilância de Acidentes por Animais Peçonhentos e Venenosos.

“Alguns municípios estão em um processo inicial de infestação pelo escorpião amarelo, enquanto outros municípios já estão em um processo grande de infestação”, completa.

No caso desta espécie, há dois fatores que contribuem para uma infestação: trata-se de um animal com grande capacidade de adaptação aos ambientes alterados pelo homem, em especial o ambiente urbano. Isso favorece para que o animal se reproduza de forma mais eficaz. Além disso, o escorpião amarelo não precisa de um casal de animais para se reproduzir, bastando uma fêmea para gerar filhotes (reprodução por partenogênese).

“Cada filhote que nasce, quando instalado em um ambiente favorável, vai crescer e gerar novos filhotes quando tiver em torno dos 9 meses de vida. Com isso, temos um processo de infestação de forma rápida, pois esse escorpião é capaz de gerar de 2 a 4 crias por ano, com 20 filhotes em média, podendo ter mais de 80 filhotes em um ano, de uma única fêmea”, alerta o biólogo.

Para evitar que escorpiões se proliferem em residência, valem os mesmos cuidados tomados para evitar aranhas marrons e outros animais: eliminar os chamados 4 As: abrigo, acesso a este abrigo, alimento e água.

“Se nós mudarmos qualquer um destes As, nós teremos um impacto importante sobre a população destes animais. Se o homem é capaz de produzir um ambiente favorável para o escorpião dentro de seu ambiente domiciliar, ele também é capaz de alterar esse ambiente, não deixando-o mais favorável. Este é um trabalho que a Secretaria de Saúde tem feito ao longo dos anos capacitando os técnicos dos municípios para que orientem a população no controle da proliferação do escorpião amarelo”, afirma Emanuel.

As principais medidas a serem tomadas são: organizar o quintal e mantê-lo limpo, remover entulhos e sobras de construção, fechar frestas, colocando telas nos ralos e nas janelas, usar sacos de areias nos vãos das portas e não deixar expostos resíduos orgânicos (que atraem baratas, que são alimento dos escorpiões).

“O controle químico não funciona com os escorpiões. Se funcionasse, não teríamos no Brasil mais de 120 mil acidentes com escorpiões em um ano, que formam registrados em 2018. E essa casuística é crescente, não existe sazonalidade na maior parte dos estados. O Paraná tem uma sazonalidade maior pois temos um período frio, em que o animal diminui seu metabolismo e fica escondido. Ele sai do esconderijo quando há calor. Por isso, no verão aumentam o número de acidentes”, comenta.

Quanto ao controle, há uma crença de que criar galinhas no quintal pode eliminar escorpiões, que são alimento destas aves.

“Essa informação não é verdadeira, pois as galinhas se recolhem para dormir no entardecer, enquanto o escorpião é um animal de hábitos noturnos, que sai de seu esconderijo após escurecer. Ele até é encontrado durante o dia em caso de infestações grandes e nisso a galinha pode comer um ou outro, mas não vai controlar a quantidade enquanto o ser humano não alterar o ambiente favorável para o escorpião”, explica.

Caso seja encontrado um escorpião em uma residência, ele deve ser capturado ou abatido. Deve-se tomar muito cuidado ao capturar um escorpião vivo, pois ele pode se movimentar rapidamente durante uma fuga e se esconder. O ideal é empurrá-lo para dentro de um pote, que será fechado com tampa. Em seguida, este escorpião deve ser levado à Secretaria Estadual de Saúde para identificação. Assim será possível avaliar o risco que aquele animal representa para a saúde e tomar as providências para reduzir sua ocorrência.

Em caso de uma picada, deve-se procurar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais próxima o mais rápido possível, principalmente em caso de crianças, para que os danos causados pelo envenenamento sejam minimizados pelo tratamento. O soro antipeçonhento é disponibilizado apenas na Rede SUS.

A picada de um escorpião causa dor imediata, podendo irradiar para o membro e ser acompanhada de adormecimento, vermelhidão e suor. Podem surgir suor excessivo, agitação, tremores, náuseas, vômitos, salivação excessiva, dentre outros sintomas mais graves.

“Como se sente a dor logo após a picada, normalmente você vai ver o animal que picou e saber que foi um escorpião. O perigo que temos com as crianças pequenas é que se elas forem picadas, vão sentir a dor, chorar e não vão saber que bicho picou, por isso é importante monitorar a presença deste animal na sua propriedade”, finaliza Emanuel.

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