Mansinho e fotogênico, um tucano-toco tem visitado moradores de Alto Paraná (a 58 quilômetros de Maringá) há meses. As fotos registrando a visita inusitada tomaram as redes sociais dos moradores da cidade, que tem menos de 15 mil habitantes. A ave pousa em carros, caminhões, muros, árvores no quintal e até nas janelas, “invadindo” as casas – e, muitas vezes, ganhando petiscos.
Dona Aparecida Barbosa, de 74 anos, recebeu a visita ilustre nesta segunda-feira, 1°, e, tomou um susto na hora que viu a ave na janela de casa. “Era meio-dia e meia quando ele chegou aqui. Eu deitada no sofá, dei um grito e ele nem se assustou”, revela. Os filhos dela deram comida e água e o tucano foi embora, mas voltou de tardezinha. “Quando foi três horas da tarde, ele chegou pertinho de uma filha minha, que é deficiente e não fala. Estava encostadinho com ela, mexendo o ‘bicão’ dele para lá e para cá, mas a minha gata chegou e ele foi-se embora”, conta ela, aos risos.
Ela já sabia que tinha um tucano visitando os moradores de Alto Paraná. O filho dela já tinha feito amizade com o bicho na Vila Rural do município. Mas a aposentada nem imaginava ver a ave tão de perto. “Quando ele chegou aqui com aquele ‘bicão’ na janela eu falei ‘Senhor, Deus’”, relembra, revivendo o susto.
Veja o momento em que o tucano de Alto Paraná “invade” casa da aposentada Aparecida Barbosa
O visitante inusitado de bico longo alaranjado e olhos de um azul profundo também apareceu no bar de Marly Oliveira e, depois que o marido publicou uma foto do bicho na porta do estabelecimento, alguns amigos até acharam que era uma peça de cerâmica, feita sob encomenda, tamanha a beleza do animal. “Eu via no Facebook as pessoas tirando foto dele, mas nunca me passou pela cabeça que fosse aqui em Alto Paraná. Eu achava que eles tinham ido e, um bosque, algum lugar, e tirado a foto. Até o dia que ele apareceu aqui. Uma vendedora parou o carro na frente do bar e ele subiu e ficou bicando. Ela saiu do carro e ele voou, sentou no muro do meu bar. Ficou ali uns 15 minutos. Ele é muito lindo! Vou fazer sessenta anos e eu nunca tinha visto de perto. Foi muito maravilhoso”, conta, surpresa. Dias depois, o tucano-toco seguiu para a casa da família dela. “No domingo ele foi na casa do meu genro e ficou no muro, ganhou banana para comer…”, diz, animada.
Nas redes sociais sobram fotos do animal em diferentes pontos da cidade. O fiscal ambiental do Instituto Água e Terra (IAT), Paulo Sergio Campanha, explica que a espécie é comum na região, mas o comportamento de chegar tão perto assim dos humanos e até socializar com eles, ganhando carinho e comendo na mão, não é normal. “Eu acredito que alguém deve ter meio que domesticado ele, mas deixou solto, porque não é normal o bicho ser manso desse jeito. Na nossa região tem muito desse tucano, a gente encontra de bando. Às vezes tem seis, sete deles em uma árvore, todos juntinhos, mas eles são ariscos e, se você se aproxima, eles voam. Esse não, esse faz questão de se aproximar dos humanos. Mas quem domesticou não cortou as asas, porque a ave está livre”, diz.
Se o tucano, que está se tornando mascote da cidade, já foi domesticado por alguém, hoje ele não volta mais para um endereço específico. Vive solto, voando pela cidade. A orientação para os moradores que tiverem o prazer de ver a ave tão de perto é que aproveitem a visita e, se forem oferecer alimentos, as frutas são a melhor opção. “Ele se alimenta de frutas, sementes e pequenas aves ou ovos de outras espécies. Ele não ataca humanos, mas a bicada é forte. Se ele for comer algo na mão de alguém e errar a mira, vai doer e a pessoa vai ficar com raiva dele. Deixa o alimento perto que ele vai lá e come. E pode tirar foto à vontade. É uma benção ele estar voando por aí. Não é todo dia que se vê uma belezura da natureza assim”, afirma o fiscal.
