
O sarandiense Cristiano Correa, de 35 anos, vive há quase cinco meses na Ucrânia, onde atua como combatente na guerra contra a Rússia. Em entrevista exclusiva ao portal GMC Online, ele relatou os motivos que o levaram ao país, a rotina de treinamentos, as missões no front e a dura realidade enfrentada diariamente em uma das regiões mais afetadas pelo conflito.
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Natural de Assis Chateaubriand, no oeste do Paraná, Cristiano mora em Sarandi desde 2015, onde seus pais vivem há cerca de 25 anos, no Jardim Verão. No Brasil, trabalhou como analista de licitação e também atuou na Prefeitura de Paiçandu. Na entrevista ao portal ele conta que sempre teve interesse pela vida militar e cumpriu apenas o serviço militar obrigatório.
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A decisão de ir para a Ucrânia surgiu após conhecer brasileiros que já atuavam no conflito. Com apoio de recrutadores, conseguiu ingressar em uma unidade ligada ao sistema de inteligência ucraniano, conhecida como GUR. Atualmente, ele atua na linha de frente e realiza missões na região de Zaporizhzhia, uma das áreas mais disputadas da guerra.
Segundo Cristiano, o cenário no front é extremamente difícil. Ele afirma que a principal ameaça hoje são os drones russos, responsáveis pela maior parte das mortes no conflito. “Muita gente morre sem nem ver o inimigo. Você olha para o céu e vê dezenas de drones”, relatou. Ele também destacou a superioridade numérica e de equipamentos das forças russas.
Cristiano afirma que sua motivação para permanecer na guerra é humanitária e religiosa. “Como cristão, me sensibilizei com o que acontece aqui. Muita criança, idoso, gente inocente morrendo. É muita injustiça”, disse.
A rotina envolve períodos intensos de treinamento e missões pontuais no front. Diferente de outras brigadas que permanecem continuamente na chamada “linha zero” — área de confronto direto —, o batalhão do qual ele faz parte atua em missões específicas e depois retorna para regiões mais seguras. Ainda assim, os riscos são constantes.
Ele explica que o contrato mínimo para combatentes estrangeiros é de seis meses, com possibilidade de desistência apenas nos dois primeiros. Segundo ele, algumas brigadas obrigam os soldados a cumprir integralmente o período, enquanto outras, como a dele, são mais flexíveis em situações excepcionais.
Além dos riscos físicos, Cristiano também relata dificuldades com alimentação e saúde. Desde que chegou à Ucrânia, não come carne vermelha, basicamente se alimenta de carne de porco, sopas e alimentos simples. No front, improvisa com miojo, frutas e café. Ele afirma ter perdido cerca de 10 quilos desde que chegou ao país.
Atualmente, Cristiano está em treinamento e deve retornar em breve para novas missões em Zaporizhzhia. Ele alerta brasileiros que pensam em se voluntariar para o conflito. “Quem pensa em vir para cá, eu aconselho a não vir. Quando você acha que está ruim, a realidade é muito pior”, afirmou.
O combatente também enviou um vídeo exclusivo ao GMC Online, no qual detalha ainda mais o dia a dia, as condições no campo de batalha e a convivência com voluntários de outros países, como Estados Unidos, França, Colômbia e Suíça.
Ataque em larga escala atinge rede elétrica e deixa mortos
A Rússia lançou um ataque em grande escala contra a Ucrânia entre a noite de segunda-feira (22) e a madrugada de terça-feira (23), com o disparo de mais de 650 drones e dezenas de mísseis, segundo autoridades ucranianas. O bombardeio atingiu casas e a rede elétrica em ao menos 13 regiões do país, deixando interrupções generalizadas no fornecimento de energia em meio a temperaturas rigorosas. Pelo menos três pessoas morreram, entre elas uma criança de 4 anos, dois dias antes do Natal.
De acordo com a Força Aérea da Ucrânia, foram lançados 635 drones e 38 mísseis, dos quais 587 drones e 34 mísseis foram interceptados pelas defesas aéreas. O presidente Volodimir Zelenski afirmou que o ataque demonstra a intenção da Rússia de continuar a guerra, mesmo em meio a negociações por um acordo de paz. Este foi o nono ataque russo em grande escala ao sistema energético ucraniano em 2024, e, segundo o governo, equipes trabalharão na restauração da energia assim que as condições de segurança permitirem.