O advogado da família de Isabely Cristina dos Santos, de 19 anos, que morreu em um acidente de trânsito causado por um motorista de um Porsche que avançou o sinal vermelho, diz que os pais da jovem estão tão abalados que ainda não conseguiram voltar para casa e, desde a morte da filha, estão na casa de parentes.
Isabely Cristina dos Santos estava na garupa de uma moto quando foi atingida por um Porsche que invadiu o cruzamento das avenidas Gastão Vidigal e Petrônio Portela em Maringá. O piloto era o namorado dela, um jovem de 21 anos, que foi socorrido e encaminhado para um hospital da cidade. Isabely morreu no local. O acidente foi registrado na noite de sábado, 12. O carro estava sendo dirigido por Francis Mayco Alves, de 38 anos, que fugiu sem prestar socorro e abandonou o veículo na via. O motorista chegou a comunicar, por meio do pai e de advogados, que se apresentaria na delegacia na segunda-feira, 14, o que não aconteceu. Houve uma nova promessa de apresentação na terça, 15, que também não se concretizou.
Isabely era a caçula de três irmãos e morava com os pais. Ela ia para a casa, no Conjunto Odwaldo Bueno, quando o acidente aconteceu. Rafael Cruz, advogado da família de Isabely conta que os pais da moça não conseguiram voltar para casa desde a morte da filha e, após depoimento prestado ao delegado que investiga o caso, decidiram sair da cidade.
“Após essa turbulência da questão de depoimentos eles foram tirar uns dias fora da cidade para respirar um pouco. Como o pai nos relatou, não estão conseguindo dormir, estão sob efeito de remédios, a mãe não consegue falar, é um momento bem delicado para a família. O pai da Isabel já foi ouvido, o delegado foi bem solícito em ouvir o pai já no início, porque nós sabemos que normalmente demora alguns dias, e já colheu as provas testemunhais dele e de outros familiares […] As testemunhas do local do fato atestam tanto a embriaguez quanto o avanço do sinal, que também já está bem caracterizado em imagens. Então, assim, o caderno investigatório da Polícia Civil vem sendo enriquecido, onde a busca pela justiça se torna mais fácil”, explica o advogado.
O advogado afirma que crimes de trânsito costumam ser tratados de maneira mais branda, mas que isso não deveria acontecer. O que aconteceu com Isabely, segundo ele, é um problema que afeta a toda a sociedade. No dia seguinte, outra jovem que também estava na garupa de uma moto morreu em um acidente parecido em outro ponto da cidade, após um motorista avançar a preferencial.
“Nós estamos colocando para que a população se sensibilize, porque isso não é um problema apenas da família. Nós sabemos que isso tem sido um problema aqui, principalmente em nossa cidade, um problema corriqueiro, questão de mortes no trânsito, onde se vê a questão da impunidade, né?”, diz o advogado.
Para o advogado da família de Isabely, o caso deveria ser tratado como homicídio doloso e não culposo, porque o motorista teria assumido o risco de cometer um acidente ao avançar o sinal. A esquina onde o acidente foi registrado tem semáforos e câmeras de segurança e as imagens estão sendo analisadas pela polícia. Ele diz que, segundo testemunhas, Francis Mayco Alves também apresentava sinais de embriaguez.
“Porque ali o condutor, ao ingerir a bebida alcoólica, sentar à frente do veículo para dirigir, ele já assumiu o total risco de qualquer coisa que ocorra, tão somente a isso corroborado à questão do avanço de sinal […] Fora as imagens que nós temos do dia que ele ingeriu bebida alcoólica, nosso ordenamento jurídico se tiverem duas, três testemunhas que atestem a embriaguez, não só falando, mas demonstrando. […] E, por curiosidade, ele não pode, pelas imagens, nem alegar que estava sendo ameaçado, porque você vê que ele andou tranquilamente pela cena do acidente e fugiu do local, o que caracteriza a omissão de socorro. Não parou o carro após a batida, tirou o veículo do local aonde aconteceu o crime, colocou mais a frente, prejudicando assim a cena do crime. Então assim, uma pessoa que agiu dolosamente não na intenção de chegar à verdade dos fatos, mas apenas de tirar de si a culpabilidade do ocorrido”, expõe.
O delegado responsável pelo caso, Francisco Caricati, disse que deve ouvir mais testemunhas e que, depois disso, pretende ouvir o motorista do Porsche.
O motorista do Porsche teve a carteira de habilitação suspensa duas vezes e cassada 12 vezes. Porém, de acordo com o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran), a última CNH dele foi emitida em 5 de setembro deste ano, por isso, a documentação estava regular no momento do acidente. O Porsche dirigido por ele tinha R$ 32 mil em débitos, sendo R$ 23 mil em Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
A CBN entrou em contato com a defesa de Francis Mayco Alves. O advogado disse que ainda não teve acesso ao inquérito policial, por isso, preferiu não se pronunciar por enquanto.