10 de junho de 2025

Em Maringá, Gaeco detalha prisão de comandante da Polícia Militar por propina


Por Thiago Danezi, com Luciana Peña/CBN Maringá Publicado 22/05/2025 às 15h35
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O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou nesta quinta-feira, 22, a Operação Zero Um, que investiga um esquema estruturado e recorrente de pagamento de propinas envolvendo policiais militares no Paraná. A ação, que contou com apoio da Corregedoria-Geral da Polícia Militar, cumpre mandados em cinco cidades: Loanda, Santa Isabel do Ivaí, Planaltina do Paraná, Maringá e Sarandi.

Segundo o Gaeco, a operação teve como principal alvo o comandante da Companhia Independente da Polícia Militar de Loanda, apontado como o líder do esquema criminoso. Ele foi preso preventivamente em sua residência em Maringá e será encaminhado ao presídio militar da PM do Paraná, em Curitiba.

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Foto: Luciana Peña | CBN Maringá

Além do comandante, outros seis policiais militares são investigados por envolvimento no esquema. Um deles foi preso em flagrante nesta manhã em Loanda por posse irregular de munição. No total, foram cumpridos um mandado de prisão preventiva, nove de busca e apreensão, sete de busca pessoal, um de monitoramento eletrônico e três de afastamento de função pública.

Durante a coletiva de imprensa realizada na sede do Gaeco em Maringá, representantes do Ministério Público e da Polícia Militar detalharam o funcionamento da organização. De acordo com as investigações, o comandante exigia pagamentos em dinheiro para manipular procedimentos administrativos, como inquéritos policiais militares, processos disciplinares e até transferências de unidades. Os valores variavam conforme o tipo de “serviço”, sendo registrados pagamentos entre R$ 2 mil e R$ 10 mil.

A estrutura contava com um operador financeiro, já investigado em outro processo criminal, responsável por intermediar as cobranças e repasses. Havia também relatos de coação de subordinados, que sofriam ameaças veladas caso se recusassem a pagar. Em um dos exemplos citados, o comandante teria dito: “Se não fizer, pode ser transferido para longe. Depois não reclame”.

Ainda conforme o Gaeco, há indícios de que o grupo também atuava em segurança privada de forma ilegal, com intimidação de empresários para adesão a um suposto serviço de “segurança VIP”, autorizado informalmente pelo comandante. Esse ponto ainda será aprofundado na sequência da investigação. O nome da operação faz referência ao apelido dado ao comandante pelos subordinados: “Zero Um”.

As medidas judiciais foram expedidas pela Vara da Justiça Militar Estadual. Os três policiais afastados por decisão judicial continuarão exercendo funções públicas, mas fora da Companhia Independente de Loanda, enquanto durar a medida. O policial preso em flagrante por posse de munição foi liberado após pagamento de fiança arbitrada em audiência de custódia.

A Polícia Militar do Paraná afirmou que não compactua com qualquer tipo de desvio de conduta e reforçou seu apoio às investigações desde o início, garantindo que os envolvidos serão tratados com dignidade e terão direito à ampla defesa e ao contraditório nos processos administrativos e judiciais.

A defesa do ex-comandante informou que está analisando os autos do processo e deve se manifestar nos próximos dias.

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