Guarda Municipal admite falha humana no acionamento de câmeras antes da morte de adolescente no Paraná


A Guarda Municipal (GM) admitiu que as câmeras acopladas às fardas dos agentes envolvidos na morte do adolescente Caio José Ferreira de Souza Lemes, de 17 anos, estavam ligadas, porém não foram acionadas. A afirmação ocorre três dias após a corporação, por meio da Prefeitura de Curitiba, divulgar que os equipamentos estavam desligados.
Durante entrevista coletiva concedida à imprensa na tarde desta sexta-feira (31), o comandante da Guarda Municipal de Curitiba, Carlos Celso Santos Junior, confirmou que os agentes possuíam câmeras nos uniformes, mas erraram ao não acioná-la e também ao não comunicarem a ocorrência ao Centro de Controle e Operações Muralha Digital (CCOMD), o qual tem autonomia para ligar o equipamento caso o guarda não consiga.
“As câmeras estavam ligadas, mas em modo espera. Elas estavam prontas para gravar, porém não foram acionadas pelos guardas. Eles deveriam ter ligado as câmeras, bem como ter comunicado ao nosso CCO a ocorrência. Caso, por um momento qualquer, não conseguissem ligar a câmera, nosso sistema teria ligado remotamente”, afirmou Santos Junior.
Segundo consta no contrato firmado entre a Prefeitura de Curitiba e a empresa responsável pelo fornecimento dos equipamentos, as body cams (câmeras corporais, em tradução livre) devem gravar ininterruptamente por, no mínimo, 12 horas – tempo equivalente ao turno de trabalho de um agente. Além disso, determina que o botão da câmera deve permitir a configuração que, quando acionado, gere alerta ao CCOMD, que é também o responsável pela fiscalização sobre o uso.
O contrato prevê ainda que a câmera possua função de geolocalização em tempo real para serem visualizadas em software de monitoramento no centro de controle. Também deve possuir conexão de internet para transmitir as coordenadas e vídeos em tempo real aos operadores.
Questionado sobre a possibilidade de os agentes sofrerem sanções devido ao não acionamento das câmeras, o comandante Carlos Celso Santos Junior informou que as penalidades vão desde uma advertência até suspensão. O motivo por trás da atitude, contudo, deve ser investigado pela corregedoria da corporação e Polícia Civil. Os servidores já foram afastados e tiveram o porte de arma suspenso.
À Banda B, a GM havia informado que há uma orientação para que os agentes liguem o equipamento logo no início da ocorrência e que só desliguem quando a encerrarem.
Adolescente não reagiu
Caio José Ferreira de Souza Lemes, de 17 anos, morreu depois de ser atingido por um tiro na cabeça durante uma abordagem da Guarda Municipal, no sábado, 25, entre o bairro Campo Comprido e a Cidade Industrial de Curitiba.
