Guardas municipais de Maringá são suspeitos de tortura contra adolescentes de abrigo


Por Luciana Peña/CBN Maringá
Foto: GMC Online/Arquivo

Quatro guardas municipais de Maringá estão sendo investigados pelo Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria) por suspeita de tortura e lesão corporal contra crianças e adolescentes do abrigo municipal.

Uma ex-servidora do abrigo também é investigada. Nesta quarta-feira, 3, a delegada do Nucria, Karen Friendrich do Nascimento, irá ouvir o depoimento do diretor do abrigo.

No abrigo municipal de Maringá vivem adolescentes que foram retirados da família por decisão judicial. Excepcionalmente, duas crianças também estão no abrigo para ficar juntas aos irmãos mais velhos.

A Polícia Civil investiga a denúncia de que no dia 18 de março, essas crianças e adolescentes, já numa condição vulnerável, foram vítimas de lesão corporal e tortura.

Os crimes teriam sido praticados por uma servidora que trabalhava no abrigo e por quatro guardas municipais.

A delegada Karen Nascimento diz que a denúncia foi feita por um adolescente na escola.

“Segundo os adolescente e crianças acolhidos no abrigo e que passaram pela escuta especializada, eles noticiaram que a Guarda teria ido até o abrigo após a solicitação de uma educadora e ao chegar no local, eles já passaram a se utilizar de spray de pimenta e praticaram agressões físicas também contra uma menina. Teria um guarda desferido um tapa no rosto dela e quando ela caiu, ele a levantou pelo pescoço e agrediu outro adolescente com tapas na nuca […]”

A Guarda Municipal foi acionada porque na noite do dia 18 de março teria havido uma discussão entre os abrigados e a servidora que está sendo investigada. Os adolescentes queriam dormir na sala porque os quartos estavam quentes demais.

“Nem os Guardas e nem a educadora foram ouvidos ainda. Eles serão interrogados no final do procedimento, mas segundo o relato de pessoas que já foram ouvidas, houve uma desavença entre os acolhidos e a servidora, porque eles [os acolhidos] disseram que não queriam dormir no quarto, porque foram aqueles dias de bastante calor, e não tinha nem ventilador e nem ar condicionado. Então, eles teriam solicitado à educadora para dormir na sala, e ela negou. Eles acabaram discutindo e então ela acionou a Guarda Civil.”

Nesta quarta-feira, 3, a delegada irá ouvir o depoimento do diretor do abrigo municipal, que não estava no local no dia das supostas agressões.

A servidora acusada de tortura pediu exoneração, mas o processo contra ela continua correndo. Ela ainda será ouvida. Assim como os guardas envolvidos.

A CBN não conseguiu contato com a defesa dos envolvidos.

A Prefeitura de Maringá informou, por meio de nota, que: “(…) repudia qualquer tipo de violência. Assim que recebeu a denúncia, a Secretaria de Segurança encaminhou à Corregedoria da Guarda, adotou as medidas administrativas necessárias para que haja a devida apuração e atendeu às solicitações do Ministério Público. Os agentes foram afastados das atividades externas e realizam apenas serviços administrativos até que o caso seja devidamente apurado. A servidora do abrigo envolvida pediu exoneração, mas ainda será investigada. A Secretaria de Assistência Social, por meio da equipe técnica, segue com acolhimento e suporte psicológico aos adolescentes do abrigo.”

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