Maringá e região: Justiça Militar aceita denúncia contra 19 policiais rodoviários estaduais

A Justiça Militar aceitou denúncia do Ministério Público contra 19 policiais rodoviários estaduais de Maringá e região. Eles são acusados de cobrar propina para liberar a passagem de ônibus com contrabando na região noroeste.
Os policiais rodoviários estaduais foram presos na Operação Força e Honra desencadeada pelo Ministério Público e pela Corregedoria da Polícia Militar do Paraná em 14 de julho. Eles são acusados de montar um esquema de cobrança de propina nas rodovias da região noroeste.
Segundo a investigação, ônibus que transportavam mercadorias contrabandeadas do Paraguai só eram liberados após o pagamento de uma espécie de pedágio.
20 policiais rodoviários estaduais foram denunciados pelo Ministério Público à Justiça Militar, que aceitou a denúncia contra 19 deles, explica o promotor de Justiça Diogo de Araújo Lima, do Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria) de Umuarama.
“A denúncia foi oferecida na semana passada e recebida na última sexta-feira. Nós denunciamos 20 policiais rodoviários. Em relação a um deles só que houve uma impedimento de que não haveria a caracterização de crime militar, então, provavelmente, ele será objeto de denúncia na Justiça criminal comum. Com relação aos outros 19 acusados, a denúncia foi aceita integralmente e agora o procedimento segue o rito normal”, explica Lima.
Sobre o policial rodoviário que teve a denúncia recusada pela Justiça Militar, o Gepatria irá redirecionar a denúncia.
“Nós pretendemos redirecionar a denúncia no juízo competente, que é o juízo da Varal Militar […]. Seria um crime praticado como um cidadão comum e que responde perante à Justiça comum e, não, na Justiça especializada que é a Justiça Militar”, afirma o promotor.
A reportagem não conseguiu conversar com todos os advogados dos réus. Mas entrevistou o advogado Luciano Mazetto, que representa dois réus. Ele disse que há casos de policiais que foram envolvidos na acusação sem qualquer prova.
“A partir de agora é que começa a atuação da defesa, porque até o momento, nós só tivemos a atuação da acusação, ou seja, do Ministério Público, seja através do Gaeco ou do Gepátria. Então, o que nós temos até o momento é só a versão da acusação. Agora que nós vamos ter a oportunidade de contraditar testemunhas que foram arroladas e de apresentar as nossas testemunhas, os nossos documentos, as nossas versões”, diz Mazzeto.
“O que ficou bem claro até agora nesse processo é que várias pessoas que não tem nada a ver com os fatos em apuração foram envolvidas, infelizmente, nas acusações, mas isso vai ser provado no decorrer do processo”, complementa o advogado.
Sobre a fala do advogado, o Ministério Público diz que foi criterioso na imputação de crimes. Por exemplo, nem todos os policiais escalados nos plantões em que teriam ocorrido os crimes, foram citados na ação. Os policiais são acusados de seis crimes, entre eles formação de organização criminosa, corrupção passiva e peculato, que é crime cometido por servidor público.