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22 de novembro de 2024

Presos em operação, líderes religiosos de Maringá são indiciados por tráfico de pessoas


Por Monique Manganaro Publicado 03/08/2021 às 17h46 Atualizado 20/10/2022 às 13h16
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Durante a operação, as equipes encontraram as pizzas que seriam vendidas pelas crianças. Todas estavam em condições impróprias para o consumo, segundo a Vigilância Sanitária. Foto: Divulgação/Polícia Civil

A Polícia Civil indiciou quatro pessoas suspeitas de envolvimento em um esquema de vendas de pizzas para uma igreja utilizando trabalho escravo infantil, em Maringá. Três das quatro pessoas são líderes religiosos e foram presos em uma operação comandada pelo Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria) no último dia 23. 

Os três presos são um pastor da igreja, a mulher dele, que é bispa, e o filho do casal, que é apóstolo.

Segundo informações da delegada do Nucria de Maringá, Karen Friedrich Nascimento, ao fim da investigação, as equipes ainda indiciaram uma quarta pessoa. A acusada é a secretária da igreja, que não está presa. 

“Durante o trâmite do inquérito foram ouvidas 31 testemunhas e realizadas 12 escutas especializadas”, detalhou a delegada. 

De acordo com ela, os suspeitos foram indiciados por subtração de incapaz, associação criminosa e tráfico de pessoas com finalidade de submeter a trabalho em condição análoga à de escravo. 

Relembre o caso

A investigação da Polícia Civil começou depois que as equipes constataram que muitas crianças e adolescentes estavam vendendo grandes quantidades de pizzas em Maringá e também na região. “Essas crianças passavam o período da manhã, às vezes até a madrugada, o dia todo sob sol, sob chuva, em condições degradantes, sem fornecimento de alimentação. [Elas] teriam que cumprir metas, se elas não cumprissem ou se negassem a vender as pizzas, eram agredidas física e verbalmente”, afirmou. 

Segundo ela, ao menos cinco crianças foram vítimas de trabalho escravo. A delegada explicou que elas não tinham qualquer tipo de remuneração pela venda das pizzas. Todo o dinheiro arrecadado era revertido para os líderes religiosos investigados.

A investigação ainda constatou que algumas das vítimas ficaram fora da escola por um período. Ao Conselho Tutelar, elas relataram que tinham um dia da semana para fazer as tarefas escolares. 

Num dos casos apurados, a polícia descobriu que uma vítima de 13 anos foi levada para trabalhar como doméstica na casa dos pastores. Os pais que contestavam também eram agredidos e ameaçados. “Eles se negavam a devolver a adolescente para os pais. E quando os pais foram atrás, com o Conselho Tutelar, eles foram agredidos”, detalhou a delegada do Nucria de Maringá.

Segundo Karen, os líderes religiosos presos na operação se aproveitavam das condições econômicas e emocionais das famílias das crianças e aliciavam as vítimas para que vendessem as pizzas. 

As equipes cumpriram três mandados de busca e apreensão na igreja e encontraram grande quantidade de dinheiro, uma arma de fogo e muitas pizzas – algumas já prontas e outros materiais para produção – impróprias para o consumo. A Vigilância Sanitária chegou a interditar a igreja.

Os policiais também encontraram um quarto, dentro da igreja, que levantou suspeitas. “Nós encontramos um quarto com isolamento acústico e um colchonete. No local também tinha um bastão e nós temos a notícia de que uma pessoa, maior de idade, que teria déficit intelectual, também estaria sendo submetida a trabalho escravo e que ela estaria na igreja. Nós não localizamos ele hoje, mas localizamos na garagem o local que ele morava, que era totalmente precário. Não tinha banheiro, nem nada, era envolto por uma cortina. E tínhamos notícia de que ele também pernoitava nesse quartinho. Ele seria um obreiro da igreja e será ouvido posteriormente”, detalhou à época. 

Outro lado

Em nota, a defesa dos investigados afirmou que as acusações são “inverídicas” e que “destoam da realidade”. Afirmou ainda que “no momento e meio adequados'” será provada a inocência dos clientes.

Reportagem atualizada às 17h25 de 03/08/2021 para acrescentar o posicionamento da defesa dos suspeitos.

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