A Polícia Civil de Apucarana (PR) prendeu seis pessoas – três homens e três mulheres – suspeitas de envolvimento na morte de um idoso de 68 anos, dono de um bar e morador da área central de Astorga (PR). O corpo do homem encontrado parcialmente enterrado, com os pés e as mãos amarrados, em 12 de agosto no Jardim Colonial II, em Apucarana. O idoso foi torturado por pelo menos cinco dias antes de ser morto.
O delegado-adjunto da 17ª Subdivisão Policial de Apucarana (SDP), André Garcia, concedeu entrevista coletiva sobre o caso na tarde desta quinta-feira, 26. Cinco suspeitos são de Astorga (três mulheres de 26, 29 e 62 anos e dois homens de 18 e 24 anos) e um de Apucarana (35 anos).
Segundo André Garcia, o crime foi motivado por conta de um suposto abuso sexual praticado pelo idoso contra uma criança de 10 anos, que seria filha de um integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa presente em todo o país e também na região.
O delegado informou que o homem foi raptado de dentro da casa dele em Astorga no dia 28 de julho. “Ele morava no centro de Astorga e indivíduos armados invadiram a residência e o colocaram no interior de um veículo e depois o levaram dali”, explicou.
A investigação foi iniciada pela Polícia Civil de Astorga. Dois veículos foram utilizados no rapto, segundo registro de câmeras de monitoramento: um VW Voyage preto e um Fiat Siena preto. O primeiro veículo era de um morador de Astorga e o segundo de Tupã (SP). O Voyage foi encontrado em Astorga e o proprietário foi identificado, enquanto o Siena foi encontrado em Apucarana.
“Esse idoso de Astorga foi acusado de ter abusado sexualmente de uma criança de 10 anos dias antes de ser raptado. Essa criança é filha de integrantes do PCC, por conta disso, a organização criminosa – isso consta nos autos – teria decretado que esse idoso seria torturado e morto”, disse. Segundo o delegado, pelo menos oito bandidos invadiram a casa e levaram o idoso.
“Esse idoso passou dias sendo torturado até que, por fim, os líderes do PCC da região – digo isso porque consta no inquérito policial – teriam definitivamente decretado a morte. O laudo indica que a morte se deu ocorrência em de traumatismo craniano, pois ele foi golpeado na região da cabeça. Depois, foi enterrado nos fundos do Jardim Colonial”.
O mandante e executores foram identificados. A ordem teria partido da avó da menina, que é do PCC . “Alguns foram interrogados e já confessaram o crime. A investigação continua”, disse. A prisão concedida pelo Judiciário é temporária, mas a intenção é solicitar a prisão preventiva dos envolvidos. “Já há elementos para isso”, acrescenta.
O delegado diz não saber o local exato onde o idoso foi torturado, mas a hipótese é de que isso tenha acontecido na zona rural de Apucarana. Desses seis presos, quatro seriam do PCC, segundo André Garcia, incluindo a avó e a mãe da criança. O delegado afirma que o crime ocorreu em Apucarana porque os líderes regionais do PCC seriam da cidade.
André Garcia afirmou que o crime não ocorreu por conta da violência sexual contra uma criança. “Eles não sentiram piedade da criança, não é nada disso. Eles torturam e mataram esse homem porque a criança supostamente abusada era filha de um integrante do PCC”, disse André Garcia, observando que o suposto abuso vinha sendo investigado pela Polícia Civil de Astorga.
No entanto, ele explicou que essa investigação deve ser interrompida, porque o Código Penal diz que uma das causas que impede a punibilidade é a morte do causador do crime, no caso a violência sexual. “Já não existe o porquê investigar a situação a criança, em que se pese ser um fato lamentável”, explicou. O abuso teria sido cometido pelo idoso quando a criança entrou na casa dele após pedir um copo de água.