Na Série de Entrevistas com os secretários da gestão muncipal de Maringá, Antônio Carlos Nardi, da Secretaria de Saúde, falou sobre diversas áreas de atuação da pasta e como deve trabalhar a gestão. Segundo ele, para mitigar a fila das consultas especializadas, assim como para as cirurgias eletivas, a intenção é contratar novos prestadores de serviços e tratar a fila.
Ainda de acordo com o secretário, há o projeto para a construção de duas novas UPAs, mas é importante que a população entenda quando procurar a UBS e quando procurar a UPA. Dengue, escorpiões, Programa Maringá Saudável e Saúde nas Escolas também foram assuntos da entrevista.
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Confira a entrevista concedida à CBN Maringá:
O que muda no Hospital Municipal? Qual a intenção de vocês?
— Verdadeiramente, o Hospital Municipal tem a função de ser a retaguarda da rede de unidades de pronto atendimento ao maringaense, também a referência na emergência psiquiátrica, que após o fechamento do Hospital Psiquiátrico de Maringá, isso ficou muito evidente, não só para o maringaense, mas também para a população de referência da 15ª Regional de Saúde. Então é exatamente associar essas políticas com a necessidade do município de Maringá, qualificando a assistência e implantando uma gestão de resultados. Eu acho que a política de resultados na saúde é o que nós temos a propor, ouvindo a Comissão de Saúde Mental, ouvindo os conselhos locais de saúde, a parceria com o Conselho Municipal de Saúde é extremamente importante, exatamente nesse processo.
O que o senhor acha mais crítico, que precisa ser resolvido de forma imediata?
— Alguns gargalos. O gargalo da consulta, do exame e da cirurgia de fila de espera, este é um ponto crítico, crônico e perpétuo de todas as redes de saúde. É um retrato Brasil, Estado e municípios. Somos 5.600 municípios brasileiros, que todos, com maior ou menor dificuldade, em alguma especialidade, ele tem uma dificuldade maior. Mas, este é um problema que nós temos que, agora, analisar o que há contratado, os prestadores de serviço parceiros que cumpram os seus contratos e, também, buscar outros prestadores para diminuir esse processo. Fora a atualização desses dados, que nós chamamos, na linguagem da saúde e da informatização, de higienização do banco de dados. Hoje, na somatória destas filas, há mais de 110 mil aguardando. Pode ser que esse 110 mil caia ou aumente, e não significam 110 mil pessoas. Muitas vezes, uma única pessoa está em cada um dos lugares desta fila. E é isto que nós precisamos, estabelecer essa dinâmica de contato pessoal da necessidade, o filtro da urgência. Exatamente porque a classificação de risco e a atualização de banco de dados, ela traz esta necessidade de filtrar o que é urgente e emergencial para ser atendido primeiro. Mesmo havendo uma fila que tem que ser respeitada e é acompanhada pelos órgãos de controle. Este talvez seja o grande ponto que nós temos que implementar, mas não é a curto prazo. Tem que ter um choque, mas para a solução, ela não é imediata.
— Porém, há algumas outras intervenções, como a consolidação e um novo olhar para o Programa Saúde da Família. Para a atenção primária, atenção básica, que hoje, de tão importante, o Ministério da Saúde estabeleceu uma nova secretaria que se chama Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Por quê? Porque é na casa do cidadão, é na unidade básica de saúde, nos chamados postinhos de saúde, onde o cidadão procura como porta de entrada. E assim deve ser o Programa Saúde da Família, as enfermeiras, os agentes comunitários, na atualização cadastral, no casa-a-casa, no conhecer a gestante, no conhecer o diabético, no conhecer o hipertenso, no acompanhar o bebê ao nascer, programas de amamentação, o amamentar, incentivar amamentar até os seis meses de idade ao peito.
O senhor visitou a UPA Zona Norte. O que o senhor encontrou? Existe previsão de mudança em relação às reclamações de demora no atendimento?
— A UPA Zona Norte, assim como todas as unidades de pronto atendimento do Brasil, ela segue o sistema de classificação de risco, que é a classificação de Manchester, onde a pessoa tem que saber que a unidade de pronto atendimento é de urgência e emergência. Nós ainda detectamos nas UPAs, e talvez seja por um gargalo de estrangulamento na rede de atenção básica, pacientes que não tiveram acesso para consulta naquele dia procurar a UPA por um problema de dor de cabeça, por um problema de atestado médico, por um problema que não é para ser tratado como urgência e emergência. Então, as UPAs hoje, as unidades de pronto atendimento Zona Norte e Zona Sul, anexas ao Hospital Municipal, ainda estão sobrecarregadas a um projeto do município, que já teve o seu desenho arquitetônico e a sua licitação feita, de reforma na estrutura física para adequação de espaços físicos na unidade de pronto atendimento Zona Norte, no Alvorada. Mas nós não podemos pensar só em estrutura física deficiente, porque ela assim o está e isso nós encontramos desde o portão de entrada de ambulâncias, que está sem portão e com o muro derrubado.
— A comunidade, tendo acesso na unidade básica de saúde, vai evitar que ele venha para a unidade de pronto atendimento, que deve atender a pulseira vermelha, isso é a classificação de risco de Manchester. Quem recebe a pulseira verde na UPA, no acolhimento da UPA, ele vai esperar, isto é internacional, até quatro horas. Ele tem que saber, a comunidade tem que ter este conhecimento. O laranja, ele vai ser atendido pelo médico, e o vermelho, ele já vai direto para a sala de emergência. E as unidades de pronto atendimento estão apropriadas para esta demanda, para esta resposta. E hoje, isto está invertido. Nós temos todos os problemas de saúde encaminhados em duas únicas portas de entrada no município, UPA Zona Norte e UPA Zona Sul, o que dá uma sobrecarga, uma maior demora na demanda do atendimento, mesmo classificado o risco.
E em relação ao projeto de construção de uma nova UPA?
— De uma não, de duas. Duas UPAs, exatamente pelo desenho espacial do município. Se nós temos Norte e Sul, nós iremos fazer Leste e Oeste. E não significa que, no olhar, a UPA Leste e a UPA Oeste, elas sejam no porte físico de olhar a dimensão do que hoje nós temos como Zona Norte e Zona Sul, estabelecidos como referência. Mas construir duas unidades de pronto atendimento exclusivas para urgência e emergência da população, seguindo estes critérios e solucionando as portas de entrada que drenam e que excedem o que a atenção básica não deu conta.
Sobre o orçamento, é suficiente? Precisa de contratação de pessoal?
— Precisa contratação de pessoal, há vínculos ainda não estabelecidos ou chamados “vínculos precários” na secretaria pela necessidade do usuário, do nosso cidadão maringaense e nós temos que fazer toda esta dinâmica, conhecer e executar legalmente. Esta é uma determinação do prefeito Silvio Barros para que nós possamos fazer dentro da legalidade o melhor oferta de cada uma das áreas, no meu caso a saúde, ao cidadão maringaense, devolver ao cidadão maringaense a saúde de Maringá.
— O orçamento é um problema crônico de insuficiência, por isso o orçamento da saúde ou orçamento de qualquer área nos municípios, ele tem que ser tripartite, o Estado dos municípios, o Estado do Paraná, o Ministério da Saúde e o município. O município de Maringá hoje investe em saúde em média 20%, eu me recordo que quando nós saímos da administração nós deixamos o comprometido de investimento em saúde, porque isso tem que ficar muito claro, nós não usamos a terminologia de gasto em saúde, saúde não se gasta, saúde se investe e o cidadão tem que ter essa resposta de deveres que ele tem que cumprir também, então eu acho que estava na casa de 27% que o município de Maringá já investiu em saúde, então nós temos que ter o nosso orçamento construído dentro das necessidadespara executar o plano de governo aprovado eleitoralmente para a população e o plano de governo apresentado pelo prefeito Silvio Barros e que será executado por cada pasta que compõe o município de Maringá.
Sobre a dengue, como que está a situação? Como vai ser esse ano?
— Especialmente no mês de janeiro, a dengue nós podemos falar que é um problema meu, seu e de todos. Janeiro é um mês, dezembro e janeiro meses críticos, altíssima temperatura, alta incidência de chuva, chove de dia, chove de noite, mas chove quase todo dia, e água parada com o mosquito Aedes aegypti não combinam de forma nenhuma, é o que o mosquito gosta, mas é o que o cidadão tem que temer, a dengue mata. Nós tivemos 11 óbitos no ano de 2024, e não queremos ter nenhum óbito em 2025, isso é possível? Sim, desde que o governo e a sociedade façam a sua parte, enquanto governo, enquanto Secretaria de Saúde, enquanto Prefeitura, porque a saúde não trabalha sozinha. Por isso eu citei a Secretaria de Serviços Públicos, o secretário Wagner Múcio, nós temos que trabalhar na limpeza de fundo de vales, nos terrenos baldios, naquilo que é próprio público, que é nossa responsabilidade de não ter acúmulo de água parada, de não ter mato, de não ter descarte de dejetos, de lixo incorreto. Então nós temos que encarar a dengue com este olhar, a dengue está ao alcance das nossas mãos, de limpar a calha, de limpar os ralos na nossa casa, de limpar o nosso quintal, da vasilha do cachorro ser lavada por nós, porque o mosquito deposita os seus ovos nas superfícies laterais de cada recipiente.
— ‘Ah, eu não ouço mais o fumacê passar aqui na minha rua’. Levanta a mão para o céu, glória a Deus, aleluia. Exatamente porque o fumacê não é preventivo, ele é corretivo, e quando a situação está muito feia, então prefira não ouvir do que ver o carro fumacê. Ver o carro fumacê significa alto índice de infestação de larvas do Aedes naquela região. Nós temos regiões da cidade que estão com o Lira, que é o índice de infestação, acima de 4, isso significa que em cada 100 casas, 4 delas tem Aedes. Então, acho que é isso que nós temos que dizer, o combate à dengue é um problema da comunidade também, é um dever do Estado, mas é também uma obrigação do cidadão.
Os casos de escorpião tem aumentado muito. Existe uma solução para os escorpiões?
— Infelizmente, o escorpião tem aparecido muito e não podemos mais dizer que é um problema mais rural do que urbano, muito pelo contrário. Nós temos visto casos e aparecimento, surgimento de escorpiões no centro de Maringá, independente de ter terreno baldio de lado ou não, por quê? Porque a temperatura é elevada e qualquer lugar onde ele se esconda, ele também se multiplica. Os agentes de endemia, a área de zoonoses da vigilância em saúde está trabalhando para essa informação à população, mas o poder público, como falei, também. Então, os próprios acumuladores, às vezes, terrenos que estão com construções, ele se esconde embaixo de tijolos, ele se esconde embaixo de sacarias e se multiplica, entra à noite e vai. Ele é altamente agressivo e venenoso, leva as pessoas a uma dor extremamente intensa e que nós temos que informar a população. Este é um caso de urgência e emergência que deve procurar a UPA imediatamente. Para que possa ser atendido, receber tratamento imediato e não ter consequências. Fora a parte também de limpeza e não acúmulo de objetos, para que ele não se prolifere e multiplique e diminuamos esta população, chamamos assim, deste problema de saúde pública.
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