2004: a eleição de Sílvio Barros
Hoje chegamos à eleição de 2004. Vou narrar a vitória do candidato Silvio Barros, protagonista de uma impressionante virada na reta final do segundo turno.
Em setembro de 2003, após um ano convalescendo, o prefeito José Cláudio Pereira Neto faleceu. O vice-prefeito João Ivo Caleffi assumiu a titularidade do cargo e se preparou para a campanha de reeleição, candidato pela legenda do PT. Ele teve um leque qualificado de adversários, entre os quais se destacavam Silvio Barros (PP), Dr. Batista (PTB), Edmar Arruda (PPS), Wilson Quinteiro (PSB) e João Batista Beltrame – JOBA (PV). Sem muitas pretensões, completavam o quadro os candidatos Rogério Melo e Nilson Costa.
A disputa estava no plano propositivo até meados de setembro, quando ocorreu um episódio que fez a temperatura da campanha se elevar. O candidato Rogério Mello exibiu, em seu programa eleitoral de televisão, a gravação de uma conversa entre donos de postos de gasolina e assessores do prefeito. Alegando que o assessor teria sugerido que a prefeitura poderia aliviar a fiscalização sobre o setor de combustíveis em troca de apoio na campanha eleitoral, setores da oposição pediram a cassação da candidatura do prefeito. Investigando o caso, o Ministério Público não viu consistência na denúncia e nas provas e arquivou a matéria. Por isso, a justiça eleitoral não deu provimento ao pedido da oposição, mas tudo isso gerou ruídos, consumiu esforços e mobilizou a atenção pública.
Na definição do voto, salvo melhor juízo, a polêmica foi absorvida. Em uma disputa equilibrada, o prefeito João Ivo Caleffi liderou a votação no primeiro turno, obtendo 28% dos votos. O segundo colocado foi Silvio Barros, com 24%, seguido pelo Dr. Batista, com 21%.
No segundo turno, o prefeito João Ivo Caleffi largou na dianteira. Na metade do turno, uma pesquisa do Ibope atribuiu 56% dos votos a Caleffi e 44% a Silvio Barros. Ao que tudo indica, a campanha petista entrou em fase de administrar a vantagem. Ancorada no apoio do presidente da República e do governador, deixou de investir na ampliação de apoios nas forças políticas locais, um movimento necessário no segundo turno.
Estatisticamente, a ampla maioria dos candidatos que largam na frente no segundo turno costuma vencer a eleição. Em Maringá, porém, a campanha de Silvio Barros conseguiu promover uma virada na reta final, combinando a proposição de ações de governo, vocalizadas de maneira persuasiva pelo candidato, com um eficiente trabalho de articulação política. Silvio Barros obteve apoio de lideranças empresariais e comunitárias, além de 2/3 dos vereadores eleitos, todos com boa capilaridade nos bairros. Por fim, incidindo nas fileiras adversárias, divulgou o apoio da família do ex-prefeito José Cláudio.
Na antevéspera da eleição, nova pesquisa do Ibope indicou que havia rigoroso empate entre os dois candidatos. Silvio Barros, portanto, estava com viés de alta. No final, acompanhado de seu vice, Carlos Roberto Pupin, Silvio Barros foi eleito com 53% dos votos, abrindo um ciclo de governo que duraria 12 anos
Ouça o episódio:
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