Em nosso encontro de hoje, vou abordar as mudanças no sistema político que o regime militar estabeleceu após 1964.
Em abril de 1964, os militares depuseram o presidente João Goulart e tomaram o poder. Muitas mudanças aconteceram em seguida. De início, alguns dos adversários do novo regime perderam os direitos políticos. De Maringá, o político alcançado por essas medidas foi o vereador Bonifácio Martins. Mais tarde, em 1969, o deputado federal Renato Celidônio teve o mandato cassado.
Em 1965, o novo regime estabeleceu as novas regras eleitorais. Primeiro, foram extintos os antigos partidos e foi criado um sistema bipartidário. Estavam autorizadas a funcionar duas legendas, uma de apoio ao governo federal, a Aliança Renovadora Nacional – ARENA, e outra de oposição, o Movimento Democrático Brasileiro – MDB. Logo depois foram abolidas as eleições diretas para presidente da República, para governadores e para prefeitos de capitais. Nas cidades do interior, como era o caso de Maringá, as eleições a prefeito continuaram a existir e foram muito disputadas.
- A terceira legislatura em 1960
- 1964: a vitória do lambari
- 1964: a quarta legislatura da Câmara Municipal
Com isso, os políticos que se mantinham ativos tinham que escolher entre as duas legendas. Em Maringá, como demonstrou um estudo do professor José Carlos Alcântara, a ARENA nasceu forte, atraindo os membros da UDN, do PSD, do PR e do PDC. O MDB atraiu, principalmente, os membros do antigo PTB, como o deputado Renato Celidônio e o vereador e depois deputado Silvio Barros. Também houve a incorporação de alas minoritárias de outros partidos, como exemplifica a adesão do vereador Renato Bernardi, egresso do Partido Democrata Cristão.
Esse sistema criava situações indigestas, pois antigos rivais, como o ex-prefeito João Paulino e o deputado Haroldo Leon Peres, que eram líderes de seus respectivos partidos, tinham de coabitar agora a mesma legenda, a ARENA. Para acomodar essas divergências internas, o novo sistema abrigava o que se chamou na época de sublegenda. Isso permitia que cada legenda pudesse lançar até três candidatos a prefeito. Estranho? Difícil de entender? Melhor deixar para explicar como isso funcionava com os exemplos concretos de cada eleição.
Garanto para vocês que, apesar de o sistema ser complicado e engessado, as eleições municipais de Maringá continuaram a ser muito disputadas e empolgantes, gerando episódios saborosos. Fique conosco que vou narrar cada uma dessas eleições em nossos próximos encontros.
Ouça o episódio:
Baixe o livro “Da Arte de Votar e Ser Votado: As Eleições Municipais em Maringá