Em uma conversa com o Portal GMC Online, o prefeito de Maringá, Silvio Barros, fala sobre o ritmo das entregas da atual gestão, os bastidores da reorganização da máquina pública e o papel das redes sociais na aproximação com a população. Ele admite que gostaria de ter mais tempo para se dedicar aos canais digitais, fala sobre sua postura ética diante de ataques e reforça: “Nosso papel não é reclamar do que não foi feito, é trabalhar para as pessoas e fazer melhor”.
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Prefeito, algumas pessoas dizem que as coisas estão demorando para acontecer. O que o senhor responde a isso?
Eu também acho que está demorando, e cobro muito a minha equipe por isso. A verdade é que encontramos a máquina pública um pouco desorganizada, e isso exigiu mais tempo do que esperávamos para colocar tudo em ordem. O “apagão das canetas” atinge o serviço público no Brasil todo e Maringá não é uma exceção. A estrutura da máquina administrativa não é compatível com nossas propostas que são disruptivas, verdadeiras quebras de paradigma e portanto diferentes do que os servidores estão acostumados. Até mesmo para o primeiro escalão tem muita novidade. Mas, agora, com o orçamento estruturado pela nossa equipe e o controle pleno da administração, os resultados vão começar a aparecer e muito mais do que as pessoas imaginam. Só para dar um exemplo, quando fui prefeito da outra vez, deixei a Prefeitura de Maringa no primeiro lugar em gestão fiscal do Paraná e oitavo lugar no Brasil segundo o índice FIRJAM, agora recebi a cidade na posição 193 no Paraná e 1.811 no Brasil. Nossa capacidade de investimento era de 20% da receita ao ano, agora recebi com menos de 3%. A diferença é muito grande, mas vamos superar tudo isso.
O que chama de “apagão das canetas”?
É o receio dos servidores de carreira concursados para um emprego vitalício darem pareceres ou aceitarem propostas inovadoras que poderão ser contestadas ou questionadas pelos órgãos de controle e que eventualmente poderão valer uma ação civil pública que vai custar caro em advogados e pode inclusive custar o emprego e um enorme prejuízo financeiro. Um exemplo é a pista emborrachada do Parque do Ingá. Os servidores que foram encarregados de fazer o projeto agora estão respondendo um processo que já custou um monte em advogados e pode custar R$ 6 milhões em indenização aos cofres públicos, mas a ideia não foi deles, apenas obedeceram. Agora ninguém mais quer obedecer e isso complica a realização de novos projetos. Eu entendo a situação mas não podemos atrapalhar a cidade por causa disso. Estou propondo uma lei na Câmara que permita à Procuradoria Municipal defender os servidores que forem processados por estarem cumprindo sua função. Acho que isso vai ajudar a destravar um pouco.
O senhor é bastante ativo no atendimento às 6 da manhã todas as quintas-feiras. Como enxerga a importância desse contato com as pessoas?
Eu gosto muito do contato direto, olho no olho, que acontece às quintas-feiras. É ali que a gente sente de verdade o que o cidadão pensa, escuto histórias, sugestões, ganho abraços e até presentes e ouço queixas e reclamações também. Para mim é fundamental manter o contato com a realidade das pessoas, gente de verdade. Quando comecei a fazer isso nas gestões anteriores não existia Facebook, nem Instagram, nem Whatsapp, era um mundo diferente. Hoje reconheço que as redes sociais são o “novo olho no olho”. Elas nos permitem falar com milhares de pessoas ao mesmo tempo, esclarecer dúvidas, ouvir sugestões ou críticas e compartilhar avanços. Mas existe o risco de não estarmos falando com pessoas de verdade e sim com personas criadas para um fim específico, ou pessoas que são induzidas ou comandadas por lideres ocultos, incógnitos que usam esta massa de manobra para alcançar seus objetivos, nem sempre legítimos. Eu queria ter mais tempo pra entender este fenômeno. De vez em quando pego o celular para gravar ou comentar algum assunto, mas não consigo muito tempo para isso, e vejo muita gente que acaba tendo seu precioso tempo sugado pelas redes sociais. Começa a abrir uma postagem e daí vem outra, quando percebe passaram horas.
Eu sei que as redes sociais são uma ferramenta poderosa para aproximar o prefeito das pessoas, mas tem dias que não tenho tempo, e eu não sou, nunca serei o prefeito tiktoker. Não critico os que são, mas cada um tem seu jeito, meu estilo é mais de palestrante que foi minha profissão por muitos anos, olhando para as pessoas e sentindo a reação delas, sou pregador leigo e sinto que a comunicação de uma mensagem precisa de inspiração, não é só instinto e estratégia. Acho perigoso virar caçador de likes, não administro a cidade para agradar algorítmos e sim pessoas. Sei que preciso usar as redes como veículo de comunicação, mas sem copiar, sem muitas trends. É o meu jeito, mais sereno. Não uso minha comunicação para criticar, embora às vezes seja necessário me defender. O que tem nas redes, sou eu de verdade, não crio fatos somente para internet. Todo mundo sabe dos meus valores. Sempre que eu tenho oportunidade falo da minha fé e da minha conexão com Deus. Esse sou eu.
O senhor costuma dizer que evita usar as redes para críticas. Por quê?
Porque eu acredito que quem recebe o voto da população se torna uma autoridade. E toda autoridade deve ser respeitada. Eu, por exemplo, passei oito anos sem fazer uma única crítica à gestão anterior. Não porque faltassem motivos, mas porque eu entendo que não é o papel de um líder usar suas redes pra atacar. A Bíblia ensina que “toda autoridade é constituída por Deus”, e deve ser respeitada. Eu levo isso a sério. Além disso, cuido com o vocabulário porque Jesus disse que o que sai da boca vem do coração.
E como o senhor reage quando é alvo de críticas nas redes sociais?
Eu encaro com serenidade. Claro que não é agradável, ninguém gosta de ser injustiçado, mas aceito bem as críticas construtivas. Infelizmente, na política, são poucas, mas isso faz parte da vida pública. Cada um está de um lado da moeda e tem seus próprios interesses. A diferença está em como reagimos. Eu prefiro trabalhar e mostrar resultado. O tempo é o melhor juiz. Tenho a consciência tranquila de que estamos fazendo o certo, e que o maringaense vai perceber isso cada vez mais. É triste ver o movimento de manipulação da desinformação ou desconhecimento das pessoas induzindo-as a se voltarem contra a gestão. Mas ainda temos tempo de mostrar a verdade e o compromisso de fazer a melhor gestão que Maringá já teve. Esse foi o primeiro ano, de muitos desafios, que serão superados com muito trabalho e dedicação para Maringá continuar sendo a melhor cidade para se viver, e agora com inovação e boas ideias, pensando no futuro, e é isso que eu estou buscando e vou fazer.
O senhor citou a reorganização da Prefeitura. O que o cidadão pode esperar daqui pra frente?
Pode esperar uma gestão mais eficiente e obras entregues com alto padrão de qualidade. Estamos reformando escolas porque não dá pra deixar crianças estudando com o telhado escorado e água pingando na sala de aula, nem consultório médico chovendo dentro. Nosso padrão é outro. Não estamos aqui para justificar o que não foi feito, estamos aqui pra fazer melhor, aquilo que Maringá merece. O maringaense pode esperar projetos transformadores, como fizemos nas outras gestões.
Prefeito, em quais áreas o senhor verifica que já conseguiu avanços concretos nesses primeiros meses de mandato?
Uma área fundamental é a saúde. Recentemente contratamos 40 novos médicos para reforçar o atendimento de urgência e emergência nas unidades de Maringá e fizemos a recomposição das 99 equipes da saúde da familia. Isso representa, para mim, uma resposta direta à população que vinha sofrendo com filas longas ou falta de médicos. A saúde sempre será um desafio, mas estamos trabalhando incansavelmente para melhorias em todas as unidades de saúde.
Também estamos avançando muito em infraestrutura. Um exemplo visível é o trecho da Avenida São Paulo: fechamos o buraco no canteiro central, iniciamos o recapeamento completo, em cerca de 10 dias, tudo com servidores da casa. Além disso, trabalhamos muito para resolver problemas como mato alto, recape de ruas secundárias, com a missão de dar à cidade o nível que ela merece, não aceitaremos continuar com algo abaixo do padrão da população maringaense.
Falando em infraestrutura de mobilidade, o senhor pode detalhar como o enfrentamento do “buraco da Avenida São Paulo” reflete a nova gestão?
Sim. Esse buraco gerou transtornos para motoristas, pedestres e para o comércio local. Não era só fechar um vão. Envolvia também recuperação da rede de galerias no canteiro, reconstrução de meio-fio, compactação, fresagem e recapeamento. O que fizemos foi demonstrar que estamos prontos para agir rápido, sem deixar o problema se agravar. Os recapes também estão saindo pela cidade toda. E isso é símbolo do comportamento que queremos para toda a administração: olhar os detalhes, unir servidores em torno de uma causa, priorizar a ação e garantir que Maringá recupere o padrão que sempre teve. Mas teve outras conquistas importantes como a duplicação do Contorno Sul cujo projeto foi feito em tempo record com intensa participação da nossa equipe interna e a parceria com a ACIM.
E quanto à segurança e habitação, quais as prioridades e conquistas iniciais?
Em segurança, nosso foco é garantir que a população sinta – de fato – que está mais segura. Estamos articulando com as forças estaduais e municipais, investindo em tecnologia, dialogando com a comunidade para que o cidadão não apenas veja “ações” mas sinta “sensação de segurança”. A grande conquista foi a instalação dos módulos avançados da guarda municipal em Iguatemi, Floriano e mais dois em Maringá, na zona sul e zona norte.
Na habitação, queremos projetos inovadores que permitam à pessoa de baixa renda acessar uma moradia digna em construções sustentáveis. Embora alguns resultados ainda estejam em implantação, posso afirmar que cada secretaria está trabalhando com os recursos que foram deixados, mesmo com limitações, para entregar melhorias reais. A ideia é que Maringá recupere não só as vias principais ou os prédios públicos, mas o cotidiano do cidadão comum.
Recentemente a Prefeitura aprovou mudanças no IPTU para 2026 e também encaminhou proposta de readequação da Previdência, decisões que geraram críticas e questionamentos nas redes sociais. Como o senhor avalia essas reações e por que considerou essas medidas necessárias?
Eu entendo perfeitamente a reação da população, mas quero deixar claro que nem a atualização do IPTU nem a proposta de reestruturação da Previdência foram pensadas de forma irresponsável. No caso do IPTU, o que fizemos foi reduzir o desconto, que antes era de 40% sobre uma base de cálculo que não era atualizada há mais de 20 anos, para 25%. Isso corrige uma distorção histórica e garante justiça tributária. Essa medida era necessária para recompor a arrecadação e a capacidade de investimento que a cidade perdeu ao longo dos ultimos anos. Sem ela, seria impossível manter a qualidade dos serviços que a população precisa, saúde, educação, infraestrutura, nem garantir os avanços na infraestrutura que Maringá tanto precisa. Eu sabia que seria criticado, mas não fui eleito para cuidar da minha reputação e sim para atender a população e sei que depois as pessoas vão perceber que o sacrifício valeu a pena.
Sobre a Previdência, propusemos ajustes nas regras do regime municipal, em conformidade com a legislação federal, para assegurar a sustentabilidade do sistema e antecipando uma Reforma Previdenciária aqui no município. A reforma virá por lei federal de qualquer jeito e Maringá é a única grande cidade do estado que ainda não fez. Nosso sistema previdenciário é saudável e podemos oferecer benefícios aos nossos aposentados e pensionistas que não estarão contemplados numa reforma nacional, por isso resolvemos nos antecipar. Nosso objetivo é garantir que os benefícios futuros sejam pagos com segurança, respeitando direitos adquiridos e preservando o equilíbrio atuarial. Eu entendo a insatisfação e asseguro que a gestão está aberta ao diálogo. Mas peço à população que avalie com justiça, às vezes o que parece ser um ajuste duro hoje é a diferença entre manter serviços públicos funcionando bem.
O Natal deste ano também gerou críticas, especialmente pela demora na abertura oficial. Quais foram os principais desafios e como o senhor enxerga o Natal de Maringá neste novo momento da cidade?
O Natal de Maringá sempre foi um evento muito bonito, que inclusive começou na minha gestão, mas este ano nós enfrentamos desafios que não eram simples de resolver. Estamos trabalhando com um orçamento que não é nosso, houve atrasos em licitações e uma série de problemas burocráticos e estamos mudando o conceito para fortalecer a parceria com o setor privado . O Natal envolve responsabilidade com o dinheiro público e também com o comércio. Meu objetivo é fomentar a economia e o turismo da nossa cidade. Esse ano temos atrações diferenciadas de grande impacto, viabilizadas pelos parceiros privados.
A população percebeu que, mesmo com os desafios, trouxemos o Natal de volta paro centro da cidade, com um ambiente mais bem cuidado, ruas recapeadas, espaços seguros mas não esquecemos dos bairros com atrações descentralizadas e a caravana que vai levar a alegria natalina para os bairros mais afastados. E vamos melhorar muito para o próximo ano. Com planejamento iniciado pela nossa equipe ja no começo de 2026, Maringá vai continuar tendo orgulho das festividades do final do ano. O importante é o espírito do Natal não é correr para inaugurar decoração, é cuidar das pessoas, e isso a gente fez com responsabilidade.
O que o maringaense pode esperar agora, olhando para 2026?
Pode esperar duas coisas: resultado e orgulho. Resultado porque vamos entregar obras, serviços e transformação visível; orgulho porque queremos que cada maringaense sinta prazer em viver aqui, em dizer “esta é a minha cidade”. Maringá já é uma das melhores cidades do Brasil para se viver, nosso dever é subir ainda mais esta régua.
Qual a mensagem final que o senhor deixaria ao maringaense que acompanha Silvio Barros através das suas redes?
Que continue acompanhando, cobrando e sugerindo ou fazendo críticas construtivas. Quando desejarem que eu fale de algum assunto, mande lá nas redes, e terei prazer em esclarecer. As redes sociais são um espaço de diálogo, e eu quero que as pessoas usem esse canal pra construir, não para destruir. Vamos fazer juntos uma cidade cada vez melhor. O maringaense tem motivos de sobra pra se orgulhar de viver aqui e nós vamos trabalhar para que esse orgulho só aumente. Aproveito para desejar um Feliz Natal e que 2026 seja de saúde, paz e realizações.