Morte do ex-prefeito José Cláudio Pereira Neto completa 20 anos
“A vida é muito mais frágil do que se imagina”. Foi o que disse o prefeito José Cláudio Pereira Neto em entrevista à CBN Maringá quando tratava um câncer no intestino, doença que o levou à morte em 16 de setembro de 2003.
Anos antes, nas eleições de 2000, quando José Cláudio venceu o segundo turno para a Prefeitura de Maringá com 70% dos votos, a vida transbordava entusiasmo e força. Foi o ano em que Maringá descobriu o maior escândalo de corrupção da sua história, na administração Jairo Gianoto.
A população queria mudança e a eleição de José Cláudio foi acompanhada de uma intensa comoção afetiva. Uma comoção que se repetiu durante o tratamento contra o câncer e no momento da morte, relembra o historiador Reginaldo Dias, que foi chefe de Gabinete de José Cláudio.
“Eu diria que houve três momentos de forte comoção afetiva em um curto espaço de tempo. O primeiro foi da eleição porque foi até certo ponto surpreendente para a população, ele não era visto como favorito no início, mas a medida que a campanha cresceu ele foi ganhando apoios, começou a ser visto como o líder que iria retirar Maringá do abismo e no segundo turno ele fez 70% dos votos que foi a maior votação de segundo turno proporcional no Brasil, significa fizer que praticamente ele ganhou votos de todos os indecisos. Já a segunda comoção na cidade foi quando o ex-prefeito entrou em coma, e ninguém sabia se ele sobreviveria e ele conseguiu vencer e governar mais um ano. O terceiro momento infelizmente foi o luto, a morte dele comoveu a cidade”, explica.
Para o professor Reginaldo Dias, o maior legado de José Cláudio foi lançar as bases da reconstrução de Maringá. “O prefeito José Cláudio foi eleito numa grave crise política porque a cidade se viu imersa em um grande escândalo de corrupção que havia na prefeitura que tinha consequências danosas para a administração pública. Naquele contexto José Cláudio foi visto pela população como líder que deveria tirar a cidade daquele abismo e começar um período de reconstrução. Apesar das dificuldades em três anos de mandado ele lançou as bases da reconstrução da cidade”, diz.
O ex-prefeito João Ivo Caleffi, que foi eleito vice de José Cláudio e assumiu a prefeitura após a morte dele, lembra da campanha. O início da parceria e amizade entre os dois, que se refletiu na administração da cidade.
“O Zé Cláudio me procurou na diretoria do colégio Maluff em 1996 e foi ali que eu o conheci. Nos tornamos amigos e depois quando precisou montar a chapa para as eleições de Maringá ano de 2000 ele me procurou e me convidou para se candidatar com ele e ser o více-prefeito. Na época, eu estava muito bem como diretor do colégio, realizando um projeto muito bacana não queria aceitar, mas ele sempre insistia e aí acabei aceitando, pois ele confiava muito em mim e começamos pelas escolas que naquele tempo podia fazer campanha nas escolas”, afirma.
A irmã de José Cláudio, Terezinha Pereira, secretária de Políticas Públicas para Mulheres de Maringá, diz que a família viveu um drama, mas se sentiu muito acolhida pela cidade. “Eu nunca tinha visto algo assim na minha vida, eu tenho um amor por esta cidade, uma gratidão por tudo que fizera pelo meu irmão, pelos clamores em praça pública, pelas igrejas, orações em volta do hospital Santa Rita, por tudo que a cidade fez e da forma que ele foi amado, respeitado”, diz.
O Partido dos Trabalhadores organiza um ato em memória de José Cláudio na semana que vem.