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09 de janeiro de 2025

‘Policiamento em Maringá deve ser setorizado’, diz secretário Luiz Alves


Por Letícia Tristão/CBN Maringá Publicado 09/01/2025 às 17h45
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Na Série de Entrevistas com os secretários da gestão muncipal de Maringá, o secretário de Segurança e Mobilidade Urbana, Luiz Alves, afirmou que há a intenção de instalar bases de policiamento em pontos específicos da cidade para que haja policiamento e monitoramento mais efetivo.

Foto: Marquinhos Oliveira

Patrulhas próprias para diferentes áreas também devem ser criadas. Ainda segundo o secretário, o uso de inteligência artificial deve aumentar com a Muralha Digital para fiscalização integrada da cidade.

Em relação à mobilidade urbana, o Luiz Alves disse que a burocracia entre as secretarias deve ser menor e os locais onde há radares podem mudar.

LEIA MAIS na Série de Entrevistas:

Confira a entrevista concedida à CBN Maringá:

O senhor estava comentando com a gente sobre um ônibus que vai tratar da segurança. O que seria?

— Sim, havia um ônibus que a gente pegou, ele estava parado na sede da Guarda, não estava sendo utilizado. É um equipamento que é dotado com uma super câmera, o seu interior tem ar-condicionado, tem cadeiras, tem televisões, para que esse monitoramento possa ser verificado pelos agentes e ele pode servir facilmente como uma base, tanto itinerante como ficar fixo em algum ponto da cidade, onde nós entendermos que é mais interessante. Ele estava enguiçado, não estava funcionando muito bem, tivemos que fazer alguns ajustes, mas hoje já começamos a operar esse ônibus. Ele está posicionado especificamente na Vila Olímpica de Maringá, que é um ponto conhecido e notório com relação à prática de tráfico de drogas e uso moderado dessas substâncias ilícitas, além de certas situações envolvendo desordens públicas, reclamações de pessoas pulando na piscina para fazer balbúrdias, para fazer coisas erradas. Já para causar esse impacto e fornecer uma sensação de segurança quase que imediata, á posicionamos ele ali e vamos ver o que o prefeito sinaliza.

— Com relação à segurança pública ali no eixo monumental. Sabemos que ali faz parte do eixo, o eixo enfrenta problemas em diversos aspectos. Na Vila Olímpica, por exemplo, ao lado do terminal, naquele obelisco, inclusive a Guarda prendeu semana passada uma pessoa com grande quantidade de drogas ali. E a famigerada Praça Raposo Tavares por conta de todo o abandono daquela praça, na verdade. Ela precisa necessariamente ser revitalizada, isso vai acontecer, mas enquanto isso o território precisa ser ocupado. O Estado, no caso o município, precisa ocupar o seu território e colocar ordem naquele local, que é um ponto de tráfego, de travessia, de pedestre, muito intenso ali. Na verdade a região é o ponto central, se a gente for pensar, da cidade de Maringá, onde tem muitos comércios e ali há uma reclamação tanto de pessoas que moram naquele entorno sobre esses casos que envolvem desordens, assim como dos comerciantes, que às vezes vão abrir suas lojas e tem fezes em frente de suas lojas, urina, pessoas que ficam invadindo durante o dia lojas ali para poder perturbar e causar o caos, a desordem. Então a palavra que eu posso usar é que a gente vai retomar a ordem na cidade, é isso aí. A Guarda Municipal vai servir, como deveria ser, como uma força policial auxiliar à Polícia Civil, à Polícia Militar, que são forças estaduais, na manutenção da ordem pública.

E como isso vai ser feito? O senhor pretende aplicar mudanças na gestão?

— A gente tem um problema maior no centro, então o centro é por isso que focamos lá. O policiamento em Maringá vai ser setorizado, vai ser adotado de uma maneira totalmente mais eficiente. Mas enfim, no centro vocês vão ver uma diferença brusca, que é a presença da Guarda Municipal como uma efetiva força policial do município de Maringá para dar mais segurança a toda a população. Todos aqueles que precisam transitar, ir trabalhar, vir do trabalho, sair para fazer suas compras. E a gente não pode esquecer que Maringá também tem um potencial turístico. Então os turistas também precisam ter segurança para que possam trazer recursos para a nossa cidade. Então vamos focar prioritariamente na colocação de ordem na cidade de Maringá.

Como vai funcionar o policiamento setorizado?

— A gente tem a ideia, o prefeito também corrobora essa ideia, na verdade ele nos orientou a fazer isso, que é criar a questão dos módulos, bases fixas em alguns pontos da cidade. Então a ideia, por exemplo, é que a zona sul tenha um destacamento lá, a zona norte, Iguatemi, Floriano e o próprio centro da cidade. E com base nisso nós conseguimos criar regiões, áreas, circunscrições, setores, onde o efetivo da guarda, o efetivo policial que for destacado para atuar naquele ponto, vai ter uma área restrita de atuação, o que faz com que aquela área onde nós vamos empenhar o pessoal, e obviamente isso vai mexer com a distribuição do pessoal, mas vai fazer com que os bairros, com as regiões da cidade tenham um constante policiamento presente. Porque ele vai ter ali um efetivo específico, de acordo com o espaço, com o tamanho da localidade, etc, mas que vai ter constantemente a rotina de rondas sendo feitas e patrulhamento sendo feito por equipes que vão pertencer àquele setor, àquele local específico. 

— E paralelamente a isso, vamos criar alguns grupos de natureza especial, como a gente tem certa expertise com relação ao trabalho policial, e passamos algumas sugestões, e o prefeito entendeu que isso é viável, porque torna o serviço mais eficiente, então vamos criar, por exemplo, uma patrulha ambiental. Hoje a Guarda não tem. Então essa patrulha ambiental vai auxiliar nas causas que envolvem jogar lixo em fundo de vale, crime ambiental, poluição, maus-tratos aos animais, para prestar apoio justamente à equipe do bem-estar animal, porque isso é uma demanda muito grande, porque é crime. Então a gente tem peculiaridades nessa patrulha. Por exemplo, pichação é um tipo de crime ambiental. Então a gente vai ter uma equipe, lógico, que a gente vai começar com um efetivo e vai ter que ir ajustando isso de acordo com a demanda, claro. Temos a ideia de criar um grupo especial de atuação para trabalhos um pouco mais operacionais, que é uma equipe composta por policiais com treinamento, guardas municipais com treinamento diferenciado, que aí eles vão ter uma atribuição de circular por toda a cidade, mas com foco nos pontos quentes, que é aqueles locais onde a mancha criminal aponta a maior incidência criminal. E aí é um grupo diferenciado para proceder à abordagem e tal. Então isso tudo está, dentre outras diversas situações que serão reformuladas, está no nosso radar de atuação.

— Além de uma situação muito interessante, que o prefeito também já nos orientou a buscar o mais rápido possível tudo que estiver de conhecimento a respeito, que é a questão da muralha digital. Ele quer implementar esse conceito aqui de monitoramento da cidade. Na verdade é um conceito que envolve, basicamente, em resumo, o uso do aparato tecnológico com câmeras aliado à facilidade proporcionada pela inteligência artificial. Então você melhora a eficiência na busca, no monitoramento, com o uso de menos pessoal. O grande problema na administração pública sempre vai ser pessoal. Você não pode sair contratando quantas pessoas você quiser, você tem um limite para isso, etc. E o ser humano também tem os seus limites naturais, de cansaço, etc. Já o computador, a inteligência artificial, ela pode trabalhar ali operando conforme ela for programada e subsidiando o pessoal que estiver destacado por isso, o recurso humano, da melhor forma possível com a informação mais precisa. Então a gente vai implementar esse conceito porque é o que ele falou também na campanha. A ideia é blindar Maringá contra o crime. A instalação de câmeras nas entradas da cidade. Já existe isso, a gente precisa ampliar isso. Só que atrelado a isso, utilizar a inteligência artificial. Fazer com que a inteligência trabalhe a nosso favor. E aí com isso, monitorando, identificando veículos que podem ser produtos de crime, pessoas que podem ser procuradas pela justiça. Ou seja, não vai ser interessante o marginal vir fazer nada em Maringá. Não vai ser interessante praticar crime em Maringá. Porque a probabilidade da pessoa vir para Maringá tentar praticar crime, ser identificada e presa, vai ser altíssima. Então se isso aqui servir como orientação para o marginal para alguma coisa, é melhor desistir de praticar crime em Maringá. Enquanto não foram pegos ou reconhecidos. Porque marginal não vai ter facilidade no que concerne a prática de ilícitos em Maringá.

Qual é o principal ponto crítico da segurança em Maringá?

— Eu entendo que é o uso moderado de drogas que leva a essa situação de tráfico de drogas. A gente tem que entender o seguinte, muitos falam que tem que combater o tráfico de drogas. Isso é feito pela Polícia Militar, pela Polícia Civil. Todo dia tem gente sendo presa por tráfico de drogas. A própria Guarda Municipal é presa, todo dia é presa. Só que quem fomenta o tráfico de drogas é quem usa. O traficante não vende droga para quem não usa. Ele vende droga ou vai vender para quem usa, ou vai revender para outra pessoa que usa. Então você tem uma lei, é oferta e procura. Então a gente tem que fechar a torneira do tráfico? Tem. Mas tem que fazer com que pessoas não demandem isso. Então é um problema complexo que tem levado a essa situação de insegurança. E é o próprio ambiente que faz isso. A gente foca no seguinte, a pessoa em situação de rua, ok, tem muita. Aumentou, inclusive. Tem dados que dizem isso? Tem. O que leva a pessoa para esse ambiente ou não, etc? Por que ela está ali, é viciada em droga? Às vezes a pessoa é viciada em droga lícita, por exemplo, álcool. Mas que leva a pessoa a toda aquela condição. A preocupação de lidar com esse tipo de situação que é social não é da segurança. Isso é uma preocupação que tem que ser tratada, lidada pela Assistência Social, e vício em droga é doença. Então a saúde tem que agir. O grande problema é que isso não tratado se torna um problema de segurança. Por quê? Aí a pessoa se marginaliza. 

— E esse crack é uma substância extremamente nociva que faz a pessoa perder a própria dignidade. E ela vai querer usar o crack e não tem dinheiro. O que ela vai fazer? Vai arrombar o seu comércio para subtrair alguma coisa na boca de fumo e trocar. E fica gerando prejuízo. Então você veja que quase tudo está interligado com o tráfico e uso moderado de drogas. Quase todos os crimes. A gente tem que tratar, combater firmemente o tráfico de droga? Tem. Só que se a gente não acabar com os usuários de droga também, não adianta. O uso, se você analisar firmemente, o vício em droga é praticamente uma doença contagiosa. Digamos assim, hoje você tem um ali. Amanhã tem dois. Não tratou, tem quatro. Não tratou, tem oito. Não tratou, tem dezesseis. Isso é exponencial. Por isso que se formam cracolândias.

Ouça a reportagem completa na CBN Maringá.

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